Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

A actualização generalizada dos salários no sector de vestuário internacional está a originar uma transformação na realidade global do sector. No entanto, à semelhança da mecanização da indústria que esteve na génese da revolução industrial, há reacções à mudança sem ponderar os efeitos.

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Mudança na roupa – Parte 2

No século XIX, a industrialização na Inglaterra ficou marcada pelo movimento dos luditas, um grupo de trabalhadores da indústria têxtil e de vestuário (ITV) responsável por uma campanha contra a mecanização da produção. O papel que na altura era assumido pela tecnologia, está actualmente ocupado pela produtividade (ver Mudança na roupa – Parte 1) e a reacção de diversas empresas no sector de vestuário leva o CEO da Clothesource Sourcing Intelligence, Mike Flanagan, a questionar se os proprietários das empresas serão os verdadeiros luditas de hoje.

Os empresários do sector de vestuário de hoje ficam aquém da Asia Floor Wage Campaign, cujo “Tribunal do Povo” no Sri Lanka anunciou, no finalde Março, que os governos asiáticos «devem (…) trabalhar em conjunto numa abordagem regional para evitar uma corrida para o fundo [do salário] pelas indústrias mundiais à procura de custos mais baixos».

Esta «corrida para o fundo» tem sido o mote entre os sindicalistas mais obcecados durante os últimos cinco anos. Durante esse tempo, os governos, desde Guangdong à Guatemala, têm empurrado activamente os salários para cima.

Na realidade, existe uma enorme diferença entre os luditas originais e os novos luditas de hoje. Os trabalhadores luditas do século XIX, como os seus congéneres actuais, estavam preocupados com o seu próprio bem-estar e não com o bem maior da sociedade. Eles acabaram por estar certos na previsão de que a mecanização iria destruir os seus empregos nos anos seguintes. Por seu lado, os proprietários do século XXI que passaram os últimos dois anos com os seus gritos de catástrofe iminente evidenciaram estar espectacularmente errados. Assim, como esta «corrida para o fundo» não é mais do que um desporto de fantasia.

Porquê? Em última análise: a produtividade.

Os luditas do século XIX não tinham forma de saber que a mecanização acabaria por transformar a produtividade do mundo e trazer uma incrível riqueza para a maioria da população.

Mas os proprietários de fábricas modernas não têm desculpa para não se aperceberem que as melhorias de produtividade podem facilmente aniquilar os custos dos salários mais elevados – e os propagandistas sindicais que ainda produzem este mito absurdo de uma «corrida para o fundo» também não ajudam.

A empresa de consultoria em economia Dragonomics estima que a produção de vestuário por trabalhador na China tem crescido 13% ao ano desde 2005 – o que significa que, mesmo com aumentos salariais generosos, os custos laborais na China por blusa ou camisa são em geral aproximadamente os mesmos que há cinco anos.

Se as reivindicações da América Central, do regresso de encomendas, se materializarem será porque o efeito global dos tempos de entrega mais curtos, menores custos de transporte e stocks mais baixos, possíveis ao produzir perto dos clientes norte-americanos vão tornar a subcontratação na região em geral mais barata, do que a subcontratação na Ásia.

Aumentar os salários também não significa automaticamente melhor produtividade. Os aumentos salariais de 2010 na área de Deli, por exemplo, não parecem ter ajudado a melhorar a produção por trabalhador nas empresas de vestuário indianas.

Os luditas do século XIX podem ser perdoados por não anteciparem o efeito de uma melhor produtividade. O mercado, no entanto, não vai perdoar a falta de visão dos novos luditas, quer eles mostrem uma oposição instintiva a salários mais elevados ou ainda acreditem nos slogans de propaganda desactualizados. Eles vão acabar por ser julgados como pessoas incapazes de se adaptarem ao mundo moderno, enquanto os seus clientes levam os negócios para fábricas que compreendem como funciona o mundo no século XXI.

 

 

FONTE: just-style.com

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