Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Mutante fashion: criador de um império de lifestyle, Oskar Metsavaht se reinventa mais uma vez

Daniela Falcão mostra o que pensa este homem que já foi médico, virou designer, estilista, ambientalista, cônsul e embaixador.

Oskar Metsavaht posa na sede da Osklen, em Rio Comprido, no Rio de Janeiro (Foto: Fernando Young)

Oskar Metsavaht já foi ortopedista aplicado, daqueles que dão plantão no Miguel Couto, movimentadíssimo hospital carioca, que apesar das mazelas do sistema público ainda é a melhor opção para você ser atendido no Rio se sofrer um acidente de trânsito. Surfista esnowboarder apaixonado, usou os conhecimentos de anatomia aprendidos na faculdade de medicina para criar uma jaqueta que protegesse do frio sem limitar movimentos.

Fez sucesso entre os amigos, tomou gosto pela coisa, e em 1989 abriu a primeira loja da Osklen em Búzios, certo de que sua praia era a moda esportiva e que seu destino era ser... designer de roupas. Em 1991 inaugurou a primeira loja em Ipanema e ampliou o foco, tornando-se ao longo daquela década uma espécie de embaixador do lifestyle carioca, que ele eternizou em bordões que estampavam camisetas como Cool and Brazilian ou United Kingdom of Ipanema. Construiu um pequeno império e foi dos primeiros estilistas brasileiros a abrirem lojas fora do País, de Saint-Tropez a Nova York.

Sustentabilidade: A parceria com o curtume Nova Kaeru, especializado em couros exóticos, permitiu que a Osklen desenvolvesse uma sofisticada linha de acessórios ecologicamente corretos, cuja estrela é o pirarucu. Todas as iniciativas da grife nessa seara são supervisionadas pelo Instituto-E, fundado em 2002 para promover o desenvolvimento sustentável na moda (Foto: Lynda Churilla e Divulgação)

Começou a desfilar, tomou gosto pela moda mais conceitual e diz que foi virando aos poucos um estilista, mais preocupado com o estilo das peças que apenas com a funcionalidade do design, como nos primeiros tempos daOsklen.

A consciência ambiental típica de quem é ligado ao mar e às montanhas fez com que adotasse em sua grife práticas ecologicamente inovadoras como os acessórios desenvolvidos a partir de couros alternativos como o de salmão ou pirarucu. Virou um dos baluartes da moda verde no País e é também embaixador da Unesco e cônsul honorário da Estônia.

Moda esporte: A Osklen nasceu em Búzios em 1989 e, ao longo da década de 90, era associada à praia e aos esportes. Com o début no SPFW, em 2003, foi aos poucos se tornando mais conceitual (Foto: Lynda Churilla e Divulgação)

Sim, o gaúcho Oskar Metsavaht é tudo isso. E quer mais. Há cerca de dois anos vemexercendo cada vez com mais afinco seu lado artista, primeiro na fotografia, depois em videoinstalações, recentemente na pintura.

A Osklen continua sendo seu day job, e ele participa ativamente da criação de cada coleção (num interessante processo de simbiose com Juliana Suassuna, seu braço direito há mais de dez anos). Mas, para qualquer um que o conhece, é óbvio que a arte é o que fala mais alto hoje,ao menos afetivamente. Prova disso é que ficou no Rio até a véspera da apresentação daOsklen em Nova York,no mês passado, porque um de seus mais importantes projetos artísticos até hoje, a instalação Interfaces – que une fotografia, vídeo e pintura, fruto da temporada que passou com a tribo Ashaninka no Acre e que também inspirou a última coleção da Osklen – seria exibida durante aArtRio.

NYFashion Com sete lojas no exterior, a Osklen debutou na New York Fashion Week em 2011. A coleção apresentada no mês passado era um desdobramento da desfilada no SPFW em abril, inspirada na tribo Ashaninka. Para o inverno 2016, o tema da coleção será os Jogos Olímpicos. (Foto: Lynda Churilla e Divulgação)


Filho de um médico e de uma professora de história da arte, Oskar nasceu e cresceu em Caxias do Sul (RS), até se mudar para o Rio de Janeiro na época em que fez residência no Miguel Couto, na virada dos anos 70 para os 80. Passou oito anos acumulando a medicina com a Osklen, por isso não vê nenhum problema agora em transitar entre moda e arte.“Instalei um ateliê no escritório da Osklen no Rio Comprido e, entre uma reunião e outra, me refugio lá para pintar. É como uma meditação”, define.

Veia artística Após debutar na Miami Art Basel, em 2011, com uma série de fotografias de Ipanema, Oskar levou à ArtRio, em setembro, uma instalação que unia projeções, fotos e sua primeira pintura (acima), inspirada na tribo Ashaninka, do Acre (Foto: Lynda Churilla e Divulgação)


Essa versatilidade, ou interfaces, como ele prefere chamar, vem dando certo. Numa temporada em que poucos estilistas receberam elogios de Suzy Menkes, crítica de moda mais respeitada da atualidade, o gaúcho ganhou uma resenha positiva do início ao fim.“Sua habilidade em interpretar a natureza e harmonizá-la com a moda é tão rara que o próprio Metsavaht deve ser visto como espécie rara. Só espero que não em extinção”, disse Suzy. A gente assina embaixo.

http://vogue.globo.com/moda/moda-news/noticia/2015/11/mutante-fashi...

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“Sua habilidade em interpretar a natureza e harmonizá-la com a moda é tão rara que o próprio Metsavaht deve ser visto como espécie rara. Só espero que não em extinção”, disse Suzy. A gente assina embaixo.

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