Oskar Metsavaht já foi ortopedista aplicado, daqueles que dão plantão no Miguel Couto, movimentadíssimo hospital carioca, que apesar das mazelas do sistema público ainda é a melhor opção para você ser atendido no Rio se sofrer um acidente de trânsito. Surfista esnowboarder apaixonado, usou os conhecimentos de anatomia aprendidos na faculdade de medicina para criar uma jaqueta que protegesse do frio sem limitar movimentos.
Fez sucesso entre os amigos, tomou gosto pela coisa, e em 1989 abriu a primeira loja da Osklen em Búzios, certo de que sua praia era a moda esportiva e que seu destino era ser... designer de roupas. Em 1991 inaugurou a primeira loja em Ipanema e ampliou o foco, tornando-se ao longo daquela década uma espécie de embaixador do lifestyle carioca, que ele eternizou em bordões que estampavam camisetas como Cool and Brazilian ou United Kingdom of Ipanema. Construiu um pequeno império e foi dos primeiros estilistas brasileiros a abrirem lojas fora do País, de Saint-Tropez a Nova York.
Começou a desfilar, tomou gosto pela moda mais conceitual e diz que foi virando aos poucos um estilista, mais preocupado com o estilo das peças que apenas com a funcionalidade do design, como nos primeiros tempos daOsklen.
A consciência ambiental típica de quem é ligado ao mar e às montanhas fez com que adotasse em sua grife práticas ecologicamente inovadoras como os acessórios desenvolvidos a partir de couros alternativos como o de salmão ou pirarucu. Virou um dos baluartes da moda verde no País e é também embaixador da Unesco e cônsul honorário da Estônia.
Sim, o gaúcho Oskar Metsavaht é tudo isso. E quer mais. Há cerca de dois anos vemexercendo cada vez com mais afinco seu lado artista, primeiro na fotografia, depois em videoinstalações, recentemente na pintura.
A Osklen continua sendo seu day job, e ele participa ativamente da criação de cada coleção (num interessante processo de simbiose com Juliana Suassuna, seu braço direito há mais de dez anos). Mas, para qualquer um que o conhece, é óbvio que a arte é o que fala mais alto hoje,ao menos afetivamente. Prova disso é que ficou no Rio até a véspera da apresentação daOsklen em Nova York,no mês passado, porque um de seus mais importantes projetos artísticos até hoje, a instalação Interfaces – que une fotografia, vídeo e pintura, fruto da temporada que passou com a tribo Ashaninka no Acre e que também inspirou a última coleção da Osklen – seria exibida durante aArtRio.
Filho de um médico e de uma professora de história da arte, Oskar nasceu e cresceu em Caxias do Sul (RS), até se mudar para o Rio de Janeiro na época em que fez residência no Miguel Couto, na virada dos anos 70 para os 80. Passou oito anos acumulando a medicina com a Osklen, por isso não vê nenhum problema agora em transitar entre moda e arte.“Instalei um ateliê no escritório da Osklen no Rio Comprido e, entre uma reunião e outra, me refugio lá para pintar. É como uma meditação”, define.
Essa versatilidade, ou interfaces, como ele prefere chamar, vem dando certo. Numa temporada em que poucos estilistas receberam elogios de Suzy Menkes, crítica de moda mais respeitada da atualidade, o gaúcho ganhou uma resenha positiva do início ao fim.“Sua habilidade em interpretar a natureza e harmonizá-la com a moda é tão rara que o próprio Metsavaht deve ser visto como espécie rara. Só espero que não em extinção”, disse Suzy. A gente assina embaixo.
http://vogue.globo.com/moda/moda-news/noticia/2015/11/mutante-fashi...
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