Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Os produtores e utilizadores de não-tecidos descartáveis para a área da saúde têm um novo obstáculo para superar: a exigência por parte da legislação europeia de reciclar todos os resíduos têxteis.

[©Pixabay-Sasin Tipchai]

Os produtos em não-tecido descartáveis têm sido usados em instalações de saúde devido aos seus benefícios face aos têxteis reutilizáveis, nomeadamente o facto de serem considerados mais higiénicos e, como tal, apresentarem um menor risco para a saúde. Além disso, são mais absorventes, respiráveis, confortáveis e convenientes do que os têxteis para a área médica reutilizáveis, enumera a Textiles Intelligence, que lista ainda o seu menor peso, capacidade de aguentar altas temperaturas, maior estabilidade e maior resistência à abrasão como vantagens.

Contudo, refere a empresa de informação de mercado no estudo “Single-use medical nonwovens: the pros and cons”, a maior parte dos não-tecidos de uso médico são difíceis de reciclar no final da sua vida útil porque são feitos a partir de misturas complexas de materiais e as atuais instalações de reciclagem não conseguem lidar com este tipo de mistura. As máscaras, por exemplo, contêm diferentes componentes, incluindo clips de metal no nariz e cordões elásticos. Apenas uma pequena parte de elástico num produto não-tecido de polipropileno é suficiente para que o mesmo seja rejeitado numa unidade de reciclagem.

Os desafios da reciclagem deste tipo de artigo são ainda agravados pelo estigma que existe nas unidades de cuidados de saúde em relação a dar uma nova vida a estes produtos, tendo em conta preocupações em relação à higiene e segurança.

Há ainda dificuldades relativas à classificação errónea de resíduos em ambientes de cuidados de saúde. Por exemplo, concluiu-se que grandes volumes de resíduos têxteis médicos estão a ser descartados inadequadamente como resíduos perigosos. Uma vez que a gestão de riscos e de segurança são prioridades importantes nos ambientes de cuidados de saúde, muitas vezes há a tendência para ser demasiado cauteloso.

A Textiles Intelligence destaca que, se não forem desenvolvidas soluções para os desafios de reciclar não-tecidos descartáveis de uso médico até 2030, estes materiais podem ser responsáveis por um milhão de toneladas de resíduos plásticos em todo o mundo. Mas se estes resíduos forem reciclados e convertidos em novos produtos, podem gerar um valor superior a 600 milhões de euros.

Este tipo de artigo deverá, de resto, ser um dos focos da regulamentação europeia no âmbito da Estratégia para os Têxteis Sustentáveis e Circulares, com a legislação a dever estabelecer exigências de reciclagem para os prestadores de cuidados de saúde na Europa.

Em resposta, revela a empresa de informação de mercado, vários especialistas em resíduos têxteis estão a fazer testes na Europa com o objetivo de ultrapassar as dificuldades de reciclar não-tecidos descartáveis de uso médico.

No Reino Unido, o Thermal Compaction Group lançou uma iniciativa, em colaboração com os serviços nacionais de saúde do país, para converter este tipo de resíduo em blocos de plástico, tendo instalado unidades de reciclagem Sterimelt em vários hospitais.

As unidades são capazes de converter polipropileno em blocos de plástico que podem ser usados na produção de produtos como decks exteriores, cercas e mobiliário, dando assim uma segunda vida ao polipropileno.

Outros especialistas em gestão de resíduos têxteis estão a prosseguir com iniciativas para reintroduzir têxteis médicos reutilizáveis como alternativas viáveis aos não-tecidos descartáveis no mercado da saúde.


Revolution-ZERO [©Revolution-ZERO]

A Revolution-ZERO está a fazer uma parceria com o sistema nacional de saúde britânico para instalar lavandarias avançadas em hospitais para descontaminar têxteis médicos usados em preparação para a sua reutilização, evitando, dessa forma, a produção de não-tecidos de uso único.

A mesma empresa está a fornecer a hospitais campos e batas cirúrgicas, máscaras reutilizáveis e outros equipamentos de proteção individual produzidos localmente.

Apesar destes esforços, sublinha a Textiles Intelligence, «um regresso a grande escala à utilização de têxteis médicos reutilizáveis é pouco provável, tendo em conta os inúmeros benefícios dos não-tecidos descartáveis para os prestadores de cuidados de saúde». Contudo, acrescenta, para isso «é fundamental que sejam desenvolvidas soluções para os desafios da reciclagem de não-tecidos descartáveis de uso médico».

https://portugaltextil.com/nao-tecidos-para-a-saude-enfrentam-desaf...

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