Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Após anos de crescimento intenso, os shoppings trabalham para enfrentar a recessão. Crise faz administradores negociarem aluguéis com lojistas.

Eventos como desfiles, shows e recreação infantil, além de promoções, compõem a estratégia dos shoppings para atriar o cliente e ampliar vendas em tempos de crise - Gustavo Stephan / Fotos de Gustavo Stephan

Após anos de crescimento intenso, os shoppings trabalham para enfrentar a recessão. Valem promoções, eventos e expansão das áreas de lazer. A renegociação de aluguéis também aumentou. E novos projetos são adiados, à espera de um ambiente econômico mais promissor.

A expectativa é que 15 shoppings sejam inaugurados até dezembro, ante 25 em 2014. Até julho, as vendas em shoppings subiram 3,5% – um tombo em relação aos 7% do mesmo período de 2014. A previsão original para este ano era de 8,5%, segundo dados da Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce).

– As inaugurações deste e do próximo ano foram pensadas há dois, três anos, em um momento que a economia estava melhor. Vemos poucos lançamentos em 2017, porque agora o momento da economia é pouco favorável – diz Adriana Colloca, da Abrasce.

Além disso, quando possível, a inauguração de empreendimentos está sendo adiada.

– Alguns shoppings estão postergando os projetos, para não pegar o pior momento da economia. Esperam conseguir comercializar os seus espaços em melhores condições – explica Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da consultoria em varejo GS&BW.

PROMOÇÕES E EVENTOS

Para evitar que o cenário se agrave, os administradores de shoppings investem em promoções e eventos, sem se restringir às datas fortes do varejo, como Dia das Mães e Natal.

– Isso faz com que o fluxo aumente e o consumidor pode fazer alguma compra por impulso – explicou Eduardo Prado, superintendente de Relações com Investidores da Aliansce, que administra, entre outros, o West Plaza, em São Paulo, e o Leblon, no Rio.

Em agosto, o fluxo de pessoas em centros comerciais do país caiu 3,3% ante igual mês de 2014, segundo o Ibope. As vendas têm crescido cada vez menos, conta Felipe Vasconcelos, diretor-executivo da Brookfield Gestão de Empreendimentos. A inadimplência, o prazo de vacância (período em que uma loja fica fechada) e a rotatividade estão maiores. Os mais afetados são aqueles mais novos e os voltados para a classe C, público mais afetado pela alta dos preços.

– Num período de crise, quanto maior a diversidade do mix de lojas e serviços, maior a resiliência do shopping, pois está mais atrelado ao dia a dia das pessoas – explica Eduardo Novaes, diretor superintendente de shoppings da Multiplan.

A empresária e estilista Mary Zaide aposta em qualidade de serviço e em operações enxutas para atravessar o período de retração no consumo - Gustavo Stephan

A empresária e estilista Mary Zaide aposta em qualidade de serviço e em operações enxutas para atravessar o período de retração no consumo – Gustavo Stephan

Com os lojistas vendendo menos, a Abrasce viu a inadimplência subir de 3,8% para 4,4% no primeiro semestre, em comparação ao mesmo período de 2014. Christian Vasconcellos, que dirige a área de shoppings da JHSF, que administra o Cidade Jardim, avalia que é preciso ajudar o lojista a vender mais, como ações de marketing e promoções, e a reduzir os custos do condomínio. Já os descontos são dados caso a caso.

– Este ano, não reajustamos o condomínio, economizando em custos de água, energia e mão de obra. O fundo de promoção foi reduzido de 24% para 21% do valor do aluguel. E mesmo o pagamento do aluguel é negociado em alguns casos – diz Cecília Figueiredo, superintendente dos shoppings cariocas Rio Design Barra e Leblon.

Maria Fernanda de Poli, corporativa de marketing da BRMalls, conta que é preciso se adaptar às necessidades do consumidor:

– Só liquidação não basta. A experiência mostra que se fisga o cliente pela emoção. Focamos em entretenimento para a família e buscamos trazer a pessoa para o shopping oferecendo momentos de felicidade e relaxamento. A venda é uma consequência disso.

A estratégia parece funcionar. A cabeleireira Luciene Lopes, que mora e trabalha na Zona Sul, foi pela primeira vez ao Rio Design Barra na última quinta-feira. Levou os dois cachorrinhos da família, em companhia da filha e do marido, para o desfile pet que abriu a programação da edição deste ano da Vogue Fashion’s Night Out. Depois da passarela, ela ficou para rodar pelos corredores do mall.

QUITUTES E CHAMPAGNE

Juntos, os dois Rio Design somaram R$ 1,5 milhão em vendas no dia do evento de moda do ano passado. As lojas ofereceram uma profusão de produtos inspirados na coruja-símbolo do programa da Vogue – incluindo camiseta de colorir – contrataram barmen, DJs, montaram mesas com quitutes e champagne. E havia descontos de até 50%.

A estilista e empresária Mary Zaide, à frente da grife homônima, recebia pessoalmente, ao lado das filhas Flávia e Renata, a clientela na filial do Rio Design Barra. Ela afirma que, na crise, é preciso reforçar mais o serviço:

– Hoje, as pessoas buscam bom serviço e preço justo, estão mais seletivas. É um ano para se recolher, tirar o que não está funcionando e se preparar para a retomada.

Ainda assim, há grupos firmes na expansão. A carioca Saphyr inaugura o Bossa Nova Mall, no terminal vizinho ao Aeroporto Santos Dumont, em novembro. E apostam no perfil de entretenimento do projeto, que contará com hotel, casa de show, restaurantes, vista para a Marina da Glória e a Baía de Guanabara, além de ser vizinho de museus e do Centro do Rio, como garantia de resultado.

– O Bossa Nova é uma espécie de shopping temático do Rio de Janeiro, tem um quê de atração turística, boa localização – diz Luís Henrique Stockler, da consultoria ba}Stockler.

Eliza Santos, gerente de marketing corporativo da Saphyr, destaca justamente esse perfil de entretenimento como o trunfo do Bossa Nova para conquistar mercado. Nos demais empreendimentos do grupo, os esforços estão concentrados em eventos e novidades como lojas temporárias, as pop-up stores.

Fonte: O Globo

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