Maria do Carmo Mendes de Oliveira, 49, é hoje responsável pela escola de costura da cidade, mas viveu a época em que a Usina Santa Luiza era a única opção de trabalho e renda em Motuca. Ela é uma das muitas mulheres que foram absorvidas pelo mercado têxtil por conta das muitas oportunidades surgidas na cidade nos últimos anos. "Eu tenho dois irmãos que trabalharam na Usina, um continuou em outra unidade, o outro não. Você via na cara das pessoas o olhar de tristeza. Muitos acharam que Motuca se tornaria uma cidade fantasma, sem emprego", avalia.
"Mas demos início às aulas de confecção, e logo as primeiras fábricas começaram a surgir, atraídas pelo baixo piso salarial e pelo volume de mão de obra qualificada que tínhamos aqui", conta.
Além das quatro confecções instaladas na cidade, Motuca deve ter uma nova fábrica de lingerie ainda neste ano — 23 mulheres já estão prontas para começar a trabalhar no local — e uma empresa de fabricação de calções, com 16 funcionários, estuda a ampliação com mais uma célula. "A empresa é de Matão e está em Motuca há um ano, mas já estuda aumentar sua produção na cidade. Quer colocar uma célula a mais e ampliar o quadro de funcionários em pouco tempo. Hoje, são 14 mulheres e dois homens", afirma a encarregada Edvânia Ramiro da Silva.
Com a renda de R$ 560, piso salarial de uma costureira da cidade, Maria agora mantém a casa e sustenta os dois filhos. "Muitas mulheres que eram da usina ou tinham maridos que trabalhavam lá, hoje sustentam a casa com esse salário. Esses R$ 560 dão para pagar impostos, fazer a despesa do mês e ainda pagar os estudos do filho", garante.
Primeiro emprego
Marcia Martins Pedro, 34, também é costureira e mantém a casa com o que ganha na fábrica. "Desde o fechamento da usina, meu marido, que trabalhava como mecânico, não conseguiu mais emprego. Enquanto nos virávamos com o dinheiro do acordo, eu fui fazer o curso de costura, e hoje sustento a casa com o que ganho aqui", conta a trabalhadora. "Acredito que hoje Motuca tem o inverso do que tinha antigamente, mais emprego para mulheres do que para homens", observa.
Hoje costureira, Vanete Muniz, 35, trabalhava na usina junto com o marido e lembra do desespero que se abateu sobre os moradores da cidade quando viram sua única opção de trabalho ser fechada. Ela conta que muitas casas foram vendidas e muitas pessoas foram embora da cidade para evitar o ‘pior’. Na visão dela, o período mais difícil já passou e agora a cidade vem caminhando em sua recuperação econômica por meio das fábricas de tecido. "Meu marido foi transferido para uma usina na cidade vizinha, eu não. Então comecei a trabalhar aqui. Aos poucos, aquela sensação de desespero foi passando e a cidade começou a seguir em frente."
Outra trabalhadora que teve de aprender uma nova função foi Lucilene Lima da Silva, 38. Ela complementa a renda de casa, mantida pelo marido no trabalho de transbordo da cana durante a safra. "Eu trabalhei na usina por muito tempo, mas, após o fechamento, tive de aprender outra profissão. Hoje trabalho costurando e me viro para manter a casa e a família junto com meu marido."
Fonte:|http://www.araraquara.com/regiao/geral/2011/07/10/na-industria-text...
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