A segunda edição do Business of Fashion Sustainability Index revela que os esforços para transformar a indústria da moda e colocá-la em sintonia com os objetivos de conter as mudanças climáticas e estabelecer práticas de negócios responsáveis até 2030 – um marco crítico para as metas globais de sustentabilidade – não ganharam impulso.
O índice, realizado pela empresa de mídia e análise Business of Fashion (BoF), se aprofundou no desempenho das 30 maiores empresas de capital aberto do setor de moda por receita em três segmentos de mercado: luxo, roupas esportivas e high street. Mais de 200 pontos de dados foram usados para avaliar cada empresa em seis categorias de impacto: transparência, emissões, água e produtos químicos, resíduos, materiais e direitos dos trabalhadores.
Com apenas oito anos para atingir as metas, os resultados estão aquém do esperado: o desempenho em quase todas as categorias de impacto piorou, enquanto o progresso que vinha sendo feito pelo grupo original de 15 empresas avaliadas no ano passado foi eclipsado pela falta de ação das que entraram este ano. Como resultado, o desempenho geral em todas as categorias, exceto emissões, piorou no índice de 2022 em comparação com o de 2021.
O DESEMPENHO GERAL EM TODAS AS CATEGORIAS, EXCETO EMISSÕES, PIOROU NO ÍNDICE DE 2022 EM COMPARAÇÃO COM O DE 2021.
“Para qualquer executivo sênior do setor de moda, isso deveria estar em primeiro lugar. O índice foi desenvolvido para orientar os executivos sobre a urgência de se adotar uma jornada rumo à sustentabilidade”, afirma Imran Amed, fundador e CEO da BoF, “Mas o tempo está se esgotando. Ainda temos que ver o tipo de impulso que precisamos para que o setor reduza seu impacto até 2030. Quem não agir perderá credibilidade com funcionários, investidores e clientes.”
Segundo o índice, nenhuma empresa obteve mais de 49 pontos de um total de100. A Puma ocupa o primeiro lugar, seguida por Kering e Levi Strauss. Os cinco desempenhos mais fracos – URBN, Skechers, Fila Holdings, Anta e HLA Group – marcaram menos de 10 pontos.
O índice fez algumas descobertas importantes sobre como o setor está se comportando nas seis categorias de impacto. São insights que podem ajudar nos próximos anos até 2030:
PRIORIDADES PARA UM MERCADO MAIS SUSTENTÁVEL
O índice também listou cinco prioridades para que se alcance algum tipo de progresso em 2023:
1. Regulamentação necessária: esforços para melhorar a forma como a moda opera ainda se baseiam em padrões e estruturas voluntárias. A ação do governo é necessária para levar a indústria além do estabelecimento de metas. Políticas claras e aplicáveis podem impulsionar mudanças reais, incentivando a ação e gerando responsabilidade. As empresas devem começar a se preparar agora, à medida que os formuladores de políticas intensificam a supervisão do setor.
2. Além do greenwashing: o sistema de padrões autorregulados e certificações nos quais as marcas confiam para respaldar declarações de sustentabilidade está enfrentando críticas por falta de ambição, responsabilidade e transparência. É preciso evitar uma crise de credibilidade e resolver as deficiências conforme reguladores e consumidores se tornam mais críticos.
3. Práticas responsáveis de negócios: com a pandemia, muitos pedidos foram cancelados, causando sérios problemas para as cadeias produtivas e chamando a atenção para a relação de poder desigual entre empresas e fornecedores. Dois anos depois, as marcas ainda priorizam produção de baixo custo e alta velocidade acima do bem-estar dos trabalhadores. Para abordar o impacto social da moda, as empresas devem começar examinando suas próprias práticas em relação aos parceiros.
4. Rastreabilidade: a baixa visibilidade da cadeia de suprimentos atrapalha os esforços da moda para operar com mais responsabilidade, aumentando o potencial de abusos trabalhistas e complicando as tentativas de se medir o progresso em práticas sustentáveis. Tecnologias como plataformas baseadas em blockchain podem ajudar, mas precisam ser sustentadas por dados robustos coletados em toda a cadeia de suprimentos.
5. Investimento e transparência: reduzir o impacto da indústria da moda exigirá centenas de bilhões de dólares de investimento em áreas como transformação da cadeia de suprimentos e energia renovável. Há pouca indicação de que as marcas estejam preparadas para fazer os investimentos necessários. É preciso mais transparência em relação aos planos de gastos e estratégias de investimento para ampliar os experimentos e projetos-piloto em andamento.
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