Nem rosa, nem azul - Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI2024-03-29T07:22:00Zhttp://textileindustry.ning.com/forum/topics/nem-rosa-nem-azul?feed=yes&xn_auth=noO LOUCO, O DIFERENTE E O MELH…tag:textileindustry.ning.com,2015-12-09:2370240:Comment:6976742015-12-09T10:01:21.072ZEliseu Moraes Magalhãeshttp://textileindustry.ning.com/profile/EliseuMoraesMagalhaes
<p><b><font face="Times New Roman" size="5">O LOUCO, O DIFERENTE E O MELHOR</font></b></p>
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<p>Caminhando com a tranqüilidade de quem é normal, por uma rua movimentada de Campinas, ia um rapaz com cabelos penteados para cima, tinto com faixas coloridas: Laranja, azul e vermelho. Mais diferente de todos seria quase impossível, mas um brinco, tipo argola de torturar escravo, na orelha e outro brinco com correntinha no nariz, não deixava dúvida: ali estava um exemplar…</p>
<p><b><font face="Times New Roman" size="5">O LOUCO, O DIFERENTE E O MELHOR</font></b></p>
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<p>Caminhando com a tranqüilidade de quem é normal, por uma rua movimentada de Campinas, ia um rapaz com cabelos penteados para cima, tinto com faixas coloridas: Laranja, azul e vermelho. Mais diferente de todos seria quase impossível, mas um brinco, tipo argola de torturar escravo, na orelha e outro brinco com correntinha no nariz, não deixava dúvida: ali estava um exemplar de ser humano diferente.</p>
<p>Num manicômio público havia um interno muito antigo. Ninguém sabia ao certo quando ele por lá apareceu. Não era violento, sorria com facilidade e até demonstrava certa coerência no que falava. Andava solto, quase não sofria tratamento ou tomava remédios. Era mais um hóspede do que um paciente. Devido a liberdade que desfrutava chegava a manter uma conversa, cheia de sentido, com alguns visitantes. Mas tinha uma mania: Assim que conseguia a confiança ou um mínimo de amizade, procurava mostrar ao interlocutor um pequeno caroço que trazia no alto da cabeça. Era algo parecido com um pequeno cisto sebáceo, duro e fixo, mas coberto por um pouco de pele. Ele dizia ser um prego, que ele mesmo pregara bem no meio da cabeça. Entre risos disfarçados e expressões de simpatia, surgia a certeza de um desperdício irreparável: Um homem sem o perfeito uso da razão.</p>
<p>O tempo foi passando, a história do louco sendo contada e um dia a morte por causa natural acabou com a existência de alguém que quase nada produzira na vida, a não ser a história absurda do prego pregado por ele mesmo na cabeça.</p>
<p>Como de praxe foi feita a necropsia no corpo do velho louco. E os médicos, incrédulos e surpresos, encontraram fincado entre os dois hemisférios cerebrais, um prego de quase 5 centímetros. Milagrosamente não afetara nenhuma ramificação nervosa vital ou de importância. O organismo se incumbiu de isolar o corpo estranho e a vida foi preservada, junto com a história inacreditável.</p>
<p>Há algo em comum entre o louco e o diferente, de cabelos coloridos e brincos extravagantes: Ambos procuraram fazer algo que ninguém, em perfeita sanidade mental, faria. E aí está o sentimento impulsionador: A vontade de se destacar. Parece que todos os outros seres humanos se tornaram tijolinhos de uma construção banal chamada, sociedade, e eles, o louco e o diferente não são quadrados como os demais.</p>
<p>Mas uma construção exige tijolos adequados, perfeitos e quadrados. Você, jovem, que está batendo de frente com o “sistema”, conhecendo um pouco da dor na sociedade que lhe espera, pode se tornar apenas o melhor. Um tijolinho de arestas bem definidas, de superfície lisa e perfeita, uma peça confiável, o melhor entre os bons e o único entre os ideais.</p>
<p>O louco é destacado pela sua loucura. O diferente é destacado pela sua ridícula forma de ser. O melhor é destacado por ser perfeito e útil. Pinte os seus cabelos, fure seu nariz, pregue um prego na cabeça ou, estude muito para ser o melhor. Em qualquer um dos casos você será um destaque. Pense nisso!</p>
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<h1><font face="Times New Roman" size="2">Eliseu M. Magalhães</font></h1>
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