Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

A Cedro Têxtil voltou ao azul depois de três anos seguidos de prejuízos e agora quer se capitalizar. Nos planos da empresa, está uma operação de venda de parte de suas ações. 

Mais antiga indústria do setor têxtil no país em atividade ininterrupta desde sua fundação, em 1872, a Cedro registrou em 2017 faturamento de R$ R$ 738,7 milhões, com um crescimento de 24% em relação a 2016. 

O lucro líquido foi de R$ 51,2 milhões, depois de prejuízos de R$ 89,4 milhões em 2016 e de R$ 97,5 milhões em 2015. A empresa, de Minas Gerais, começou a sentir os efeitos da crise que travou a economia brasileira já em 2014, quando fechou no vermelho em R$ 10,3 milhões. 

"Em 2015, houve mês que a demanda chegou a cair 50%", lembrou Marco Antônio Branquinho, presidente da companhia, em entrevista ao Valor no edifício sede da Cedro, em Belo Horizonte. Naquele ano, houve um momento em que a companhia utilizou apenas 50% de sua capacidade produtiva. 

O remédio foi inevitável: redução no número de turnos, redução de 15% da capacidade produtiva, enxugamento na estrutura da diretoria e gerência e um corte radical no número total de empregados. Entre 2015 e 2016, 25% dos funcionários foram para a rua. 

Uma aposta que parece ter dado certo para a sobreviver à crise foi a de ter concentrado sua produção em tecidos de maior valor agregado, em tecidos premium, conforme diz Branquinho. A empresa vende tecido para confecções que abastecem grifes como Hering, Malwee e Colci. Isso teve um impacto positivo nas margens da empresa e continua se provando uma vantagem agora que a demanda se recupera. 

Além da reversão do prejuízo e do aumento do faturamento - num patamar muito superior do que a média do mercado -, a empresa atualmente opera na plenitude de sua capacidade produtiva nas fábricas das cidades mineiras de Sete Lagoas, Caetanópolis e Pirapora. Ao todo, são 3.500 funcionários. 

"Hoje meu problema é que não tenho mais capacidade produtiva. Nossa expectativa de crescimento está agora limitada pela capacidade [que é menor do que a demanda requer]", diz Branquinho. O executivo tem agora como meta equacionar a estrutura financeira da Cedro e obter recursos para viabilizar um novo ciclo de investimentos.

"Nosso maior desafio é a estrutura de capital que ainda é muito pesada", disse ele. A empresa tem uma dívida líquida de R$ 220 milhões e Ebtida (lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização) de R$ 66,5 milhões - uma relação de 3,2 vezes quando o desejável seria não mais do que duas vezes, diz ele. 

O quadro poderia ser pior. Em fins de 2014, a empresa renegociou e alongou sua dívida com os principais credores: Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Banco do Brasil, Caixa Econômica e Banco do Nordeste.

O caminho é uma capitalização, seja por meio de uma fusão ou por meio da venda de parte do capital, o que parece ser o caminho mais viável.

O executivo diz que não está definido qual percentual seria vendido, mas acrescenta que os acionistas não fazem planos de sair do negócio.

A Cedro é controlada por familiares dos fundadores, os irmãos Mascarenhas, que estão entre os responsáveis pelos primeiros passos da industrialização no país. 

O bloco familiar - formado por 230 pessoas - detém 64% do capital votante da empresa. Outros 18% estão nas mãos do grupo Coteminas, do empresário Josué Gomes da Silva, e o restante pulverizado por acionistas menores. A Cedro é a S.A. brasileira há mais tempo com ações listadas em bolsa, desde 1883. Seus grandes concorrentes são grupos nacionais como Santista, Vicunha e Canatiba.

"Em algum momento vai ter que acontecer um movimento estratégico no setor", avalia Branquinho. Com números melhores obtidos em 2017, a Cedro, diz ele, tem condições melhores para negociar com futuros parceiros. 

O presidente, o primeiro não-membro da família a ocupar esse cargo, diz não ver nenhum "player estrangeiro" hoje como potencial parceiro para uma operação de fusão ou aquisição de parte da Cedro. A empresa mineira contratou a consultoria do escritório Araújo Fontes, de Belo Horizonte, para ajudá-la a por em prática seus planos. 

"Nosso desejo é conseguirmos essa capitalização neste ano", diz Marco Antônio Branquinho. "Desde a fundação da empresa, houve um movimento de capitalização na década de 1990 e agora poderia ser maior para viabilizar investimentos e fazer que mais crescimento de margem se materialize", diz ele. 

A Cedro tem duas linhas de produtos. Denim para peças jeans e brim, ambos para a indústria da moda, que representam 70% do negócio da empresa. E tecidos para uniformes profissionais representam os 30% restantes.

Como todo o setor têxtil, a Cedro viu seu mercado completamente alterado não só pela recessão. O marco foi o fim de 2004, quando deixou de vigorar um tratado internacional pelo qual os países impunham cotas de comércio de têxteis e vestuário.

De 2001 a 2015, cita o executivo da Cedro, as importações de vestuário aumentaram de US$ 100 milhões para US$ 2,7 bilhões. Isso afetou não só as confecções nacionais que fornecem para as marcas locais, como também a indústria têxtil. De acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), no ano passado, as importações de vestuário somaram 904,9 milhões de peças, com aumento de 59,5% sobre o total importado em 2016. Em valor, as importações avançaram 23,3%, para US$ 1,53 bilhão. 

http://www.sintex.org.br/noticia/2018/04/02/no-azul-cedro-textil-bu...

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Respostas a este tópico

  De 2001 a 2015, cita o executivo da Cedro, as importações de vestuário aumentaram de US$ 100 milhões para US$ 2,7 bilhões.

É ROMILDO, É ISSO MESMO AS IMPORTAÇÕES ESTÃO ASSASSINANDO NOSSAS EMPRESAS E EMPREGOS, UMA BOA NOTICIA É ESTA RECUPERAÇÃO EM PARTE DA CEDRO, PORÉM NOTEM QUE NESTE SEGMENTO (ÍNDIGO) É UM DOS POUCOS QUE CONSEGUEM TER POUCOS CONCORRENTE DE FORA DO PAÍS, O MESMO NÃO ACONTECE E NÃO ACONTECEU PARA OUTROS SEGMENTOS TÊXTEIS.

 

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