Você nunca ouviu falar em normcore? É um termo que designa uma nova tendência na moda: a contramão da própria moda, o jeito de ser básico do básico, do básico. Sai de área a ostentação e a entra a maneira despretensiosa e naturalmente elegante de se trajar. É a moda dos que se vestem de jeito sem pretensão para não chamar a atenção (com base em um estilo que nasceu em São Francisco, nos EUA).
O bauruense Adolfo Scarpa, consultor de moda e estilista graduado pela Anhembi-Morumbi e estudante da História da Moda e Arte pelo Studio Berçot, na França, é quem explica bem qual é a nova tendência: “O estilo remete aos anos 90 onde o despojado é a palavra de ordem”.
Reflexo
Scarpa, que já trabalhou em grandes empresas na área como as de Alexandre Herchcovitch e na Chanel em Paris, define bem o momento em que as pessoas estão procurando por esse lado mais despojado: “Primeiro a moda está sendo, nas últimas estações, cada vez mais democrática, abrangendo estilos e dando vez a todas as tribos”.
Com o tempo cada vez mais escasso e a vida corrida, “as pessoas têm procurado por praticidade e conforto e isso se reflete nas passarelas. Tecidos práticos, como jeans, têm sido a aposta de várias grifes e tem funcionado”.
Sustentabilidade
A moda mais uma vez reflete o momento que vivemos, onde pessoas principalmente que vivem em grandes centros precisam de algo realmente funcional. Para valer.
“Algo que sirva para a mulher de manhã no trabalho, tanto quanto à noite e em um jantar. Tempo tem sido algo precioso e se puder ganhar tempo com uma produção simples e funcional, melhor.. , não é?” sentencia ele.
Ele cita também outro viés que interfere no momento: “Outra causa é essa onda de sustentabilidade e menos consumismo que vem acometendo mais pessoas e não escapam nem os fashionistas”.
Renovação
Ao avaliar o momento da moda brasileira e, que, claro, se reflete no estilo da bauruense, o profissional Adolfo Scarpa lembra que a moda “na última década evoluiu muito e houve uma explosão de novos profissionais no mercado, permitindo uma renovada e a mistura de várias culturas e pontos de vista”.
“Agora principalmente, há uma fusão de todas as tribos, cada tribo com seu estilo, mas tudo muito acessível a todos, desde a mulher mais refinada quanto aos alternativos, por exemplo, movimento Hipster, que vem dominando a cena. Quer ser cool?... corra já mesmo para um brechó!”
Produza-se, mas não pareça produzida
Se esta também é a chamada “moda da inclusão”, veja o que diz a empresária, jornalista e concorrida consultora de moda Gloria Kalil.
“Meus tios e a grande maioria das minhas tias são normcore, assim como o porteiro do meu prédio, o técnico de televisão, os motoristas de táxi... O normcore pôs todo mundo na moda!”. Esta também não pode ser uma banalização? A pessoa gasta com roupa para parecer que não está produzida? Fica horas na frente do espelho para parecer que pegou a primeira peça que viu? Não se corre esse risco?
“Não” é a resposta incisiva de Adolfo Scarpa. “Normcore é o resultado da vida que temos hoje, é ser diferente em meio a pessoas que se ‘montam’ e vivem pra revistas de moda e editoriais. Assim como nos anos 90, após período de excessos e consumismo exagerado, vem uma tendência leve, que foi visto nos desfiles dessa última temporada”, diz.
‘Must do verão’
Outra contribuição para essa tendência foram as celebridades como Gisele Bündchen – sempre fotografada de jeans, regata e chinelo, mostrando que, sim, você pode ser fashion estando confortável. “Normcore ou não, todos nos preocupamos com a aparência e se isso for aliado ao conforto, acho super válido investir”, sentencia o consultor. Com um certo ar de rebeldia, a tônica da estação traz o bagunçado e o “tô nem aí!” como o “must have do verão”.
Então é isso: produza-se para não parecer produzida. Mas há os que são assim naturalmente e os que são contra essa tendência – leia a seguir.
‘Apologia do estilo’ é feita com alegria
Uma das maiores autoridades em estilo do país, Gloria Kalil faz em seu blog “Alô, Chics!” a maior defesa do estilo. “Alô, Chics! Tem coisa melhor do que a moda ter inventado que vestir roupa de gente normal é uma das modernas formas de estar na moda? “Vamos convir que a maioria das pessoas é normcore ou, pelo menos, tem seu dia de normcore”, publica ela. Para acrescentar: “Qual foi o fashionista que nunca saiu de casa de jeans e camisa – ou camiseta? Ou de legging e camisetão? Ou de roupa de ginástica? Ou botou qualquer coisa toda preta para ir ao cinema?”
Em outras palavras, isso é ser – por assim dizer – chique nos dias de hoje.
Onde e como surgiu
O termo normcore é uma junção das palavras “normal” e “hardcore”. A expressão surgiu nas ruas de São Francisco, EUA, e é usada para identificar uma forma casual de se vestir, sem se preocupar com tendências e marcas – uma maneira autêntica de viver. A onda “normal” é reação ao consumismo desenfreado do mercado de moda. Aqui no Brasil, em outras palavras, chamaria a pessoa que se veste assim de “largada”. Já o hipster vem de uma palavra inglesa usada para descrever um grupo de pessoas com estilo próprio e que habitualmente inventa moda, determinando novas tendências alternativas.
FONTE: http://www.jcnet.com.br/Geral/2014/12/normcore-moda-do-menos-e-mais...
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