Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

 

Fonte  [ www.textilia.net


O engenheiro e empresário, Alfredo Bonduki, tomará posse em janeiro de 2011 na presidência do Sinditêxtil-SP com o desafio de desenvolver um plano estratégico de médio e longo prazo para a indústria têxtil paulista. A tarefa será espinhosa já que além da desaceleração do consumo em função da redução do crédito - que até agora vinha alavancado as vendas; o setor tem sido afetado pela chamada guerra fiscal entre os estados brasileiros que oferecem benefícios que vão desde terrenos para instalação de fábricas até isenção de impostos que favorecem a importação de manufaturados. Estes incentivos são considerados “desleais” pelos industriais paulistas. Maior produtor e consumidor do país, o estado de São Paulo representa entre 30% e 32% da produção têxtil brasileira, faturou cerca de US$ 14 bilhões em 2009 e deverá gerar 30 mil empregos até o final de 2010. “Além destas questões conjunturais, ainda temos a problemática local que é o aumento de insumos vitais para a produção industrial – energia elétrica e gás natural em São Paulo que subiram muito além do Índice de Preços ao Consumidor (IPC). Só para se ter uma ideia, de acordo com estudo elaborado pelo Departamento de Economia do Sinditêxtil-SP, a inflação acumulada de julho de 1994 a outubro de 2010, medida pela FIPE USP, foi de 228,69%, enquanto que a energia elétrica registrou 486,17% e o gás natural 331,2%, ou seja, índices muito acima da inflação”, destaca Rafael Cervone Netto, atual presidente da entidade e que deixará o cargo em janeiro, depois de seis anos (dois mandatos). Ao lado de Alfredo Bonduki durante a coletiva de imprensa realizada em um hotel de São Paulo, Cervone disse que a cadeia produtiva têxtil em São Paulo conseguiu avanços importantes nos últimos anos como, por exemplo, a redução na alíquota do ICMS de 12% para 7% e os investimentos que somaram mais US$ 746 milhões. “Tivemos o mercado interno aquecido graças a expansão do crédito e o aumento do consumo das classes C e D. Todavia, de acordo com analistas econômicos, tudo indica que para 2011, as condições da economia não serão tão favoráveis, pois além da constante desvalorização do dólar, que tem prejudicado as exportações e favorecido as importações de produtos manufaturados, há sinais também de que a inflação está subindo e isso é preocupante”, alerta o dirigente.

Empregos


O novo presidente do Sinditêxtil – que terá mandato de três anos - mostrou-se preocupado com os desafios, mas demonstrou otimismo com o futuro. “Além das questões já mencionadas, eu tenho duas missões para 2011: integrar a indústria têxtil/confecção com o varejo e contribuir para mudar a visão do confeccionista para que a Moda seja cada vez mais um negócio sustentável e integrado à cadeia produtiva. Não adianta só investir na criação. É preciso estimular a produção e a mão de obra na confecção”, destaca Alfredo Bonduki. Durante a entrevista, foram apresentados vários números da indústria têxtil paulista cuja ênfase foi dada à geração de empregos. O Sindicato estima um crescimento expressivo de pessoas trabalhando com carteira assinada, em relação a 2009. No período de janeiro a outubro deste ano, a soma estava em 22.129 mil registros e deve chegar à casa dos 30 mil até dezembro. No ano passado o setor demitiu mais do que empregou e encerrou com déficit do estoque de empregos. Já no item investimentos, São Paulo bateu o recorde com valor de US$ 746 milhões (até outubro) devendo fechar o ano com US$ 1 bilhão.
Indagado sobre um possível “apagão” de mão de obra no setor, já que um dos principais problemas é a falta de costureiras e modelistas na indústria de confecção, Rafael Cernove Netto sugeriu, além da intensificação de cursos profissionalizantes em parceria com o Senai-SP, reavaliar o nome da profissão  “para que seja dado mais glamour” a exemplo das carreiras de estilistas e design de interiores, ofícios que no passado eram denominados alfaiate e decorador. “Não adianta só a valorização dos salários, é preciso elevar a autoestima profissional. Hoje, uma jovem acha mais status trabalhar como televendas do que operar uma máquina de costura”, argumenta o dirigente.

Balança deficitária

Cervone Netto também abordou a questão da balança comercial de São Paulo, que deve fechar 2010 com um déficit de aproximadamente U$ 678 milhões. A maior queda desde 2004, quando o saldo era positivo em U$ 90 milhões. A partir desta constatação, o novo presidente do Sinditêxtil antecipou que o sindicato atuará para corrigir o que considera “distorções e concorrência desleal”, como o programa Pró-Emprego, já adotado em Santa Catarina, segundo maior produtor têxtil nacional, que tem estimulado a contratação no setor de serviços em detrimento da indústria. Alfredo Bonduki também citou o financiamento de linhas estaduais, melhoria nas relações trabalhistas e na infraestrutura; criação de índices justos para as leis ambientais e parcerias com universidades do exterior para a capacitação de profissionais como metas da sua gestão.  Se o PIB do Brasil alcançar entre 3% e 4%, ele estima que a produção de têxteis em São Paulo crescerá 4% e a venda interna 5,5%. Já a importação será elevada para 22% (atingindo 249 mil toneladas) e a exportação 4,8% ( 71,7 mil toneladas).
“O faturamento poderá alcançar US$ 15 bilhões ano que vem. Apesar do forte aumento das importações e do crescimento do déficit comercial, o aquecimento interno, embora menor que em 2010 como se espera, poderá representar uma geração líquida de até 10 mil empregos no setor”, concluiu o Bonduki.

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