O charme do 'made in Italy' para europeus, brasileiros e chineses

[Romildo de Paula Leite]

Ercole Botto Poala, CEO da Reda: "Nossos tecidos agregam valor a qualquer marca que queira se destacar"

Mesmo que seja ainda conservador na forma de se vestir, o homem brasileiro está em busca de um próprio estilo. Essa é a opinião do executivo Ercole Botto Poala, presidente-executivo da Reda, tecelagem italiana com quase 150 anos de história, que faturou € 70 milhões no ano passado. "O foco do homem brasileiro está na elegância e isso já é um ótimo começo", afirma Poala, que esteve no Brasil para tentar estreitar os laços entre a indústria de moda masculina dos dois países. O executivo falou com exclusividade ao Valor.

A especialidade da Reda são os tecidos de lã para alfaiataria. Original da província de Biella (Piemonte), o lanifício vem investindo em mercados em ascensão, como China, Índia e América do Sul. O apelo, como não poderia deixar de ser, é a tradição inigualável da alfaiataria italiana - que mesmo diante da concorrência da indústria asiática não perde o "élan". "Temos uma longa história, mas sempre estivemos na vanguarda das tendências do design", diz o executivo.

Valor: Qual a sua impressão sobre a moda masculina brasileira?

Ercole Botto Poala: Ela é conservadora, mas é também elegante. E o nosso esforço é no sentido de trabalhar próximos aos nossos clientes, criando tecidos em conjunto. Os designers das marcas de moda trabalham junto com os nossos, trocando ideias. Assim, chega-se a um tecido que atende perfeitamente a aquele determinado mercado, em termos de qualidade e estilo. Afinal, elegância é fundamental para todo homem.

Valor: Mas é possível mudar o estilo do homem brasileiro, deixando-o mais parecido com o francês ou o italiano?

Poala: Não acho que seja uma questão de mudar ou não, mas de definir um estilo próprio do homem brasileiro. A Itália está na vanguarda da moda, então é natural que o visual dos italianos seja mais "experimental". O foco da moda brasileira está na elegância e isso já é um ótimo começo. Além disso, podemos ver que os homens mais jovens estão começando a experimentar mais, mesclando os tradicionais tons de cinzas e azuis com outras cores, mesmo que apenas nas listras ou em outros detalhes do tecido.

Valor: Os tecidos da Reda continuam a ser feitos na Itália?

Poala: Os tecidos da Reda são 100% 'made in Italy'. A fábrica foi fundada em 1865, na cidade de Biella, e permanece no mesmo local até hoje. Queremos perpetuar, para as próximas gerações, essa habilidade dos artesãos de fazer um tecido com a melhor qualidade possível. Nossa matéria-prima vem de fazendas na Austrália e Nova Zelândia. Ela é então enviada para Biella, onde Reda controla toda a cadeia de produção até o produto final.

Valor: Mas como competir com os produtos feitos na China?

Poala: Isso é possível. A prova é que temos várias marcas de moda na China como clientes. Elas usam os nossos tecidos para atender a uma clientela madura e com discernimento, que exige um produto com a mais alta sofisticação. Nossos tecidos agregam valor a qualquer marca chinesa que queira se destacar. Nossos tecidos são garantia de qualidade, o que se torna cada vez mais importante no crescente mercado de moda chinês. E não são apenas os números que se expandem, mas também o bom gosto do consumidor chinês.

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Por Vanessa Barone | Para o Valor, de São Paulo

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[Romildo de Paula Leite]

  O foco da moda brasileira está na elegância e isso já é um ótimo começo.