Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

O DNA de mulheres incomuns nos acessórios ímpares da Mary Design

A marca mineira inspira-se em mulheres que fazem dos acessórios um cartão de identidade

Por Raquel Medeiros

Raras, diversas, atemporais. Em síntese, incomuns. A definição dá nome à coleção de acessórios da Mary Design para o inverno 2013 e homenageia mulheres que fazem da moda uma porta de diálogo com o mundo, onde diversidade é palavra-chave. Moda em sentindo amplo. Questionadora, profusa e liberta de tendências para abrigar o estado de espírito de personagens que forjam suas identidades no modo particular de adornarem-se. Os acessórios são inerentes às suas imagens e falam, em suas formas maximizadas, do tamanho da originalidade que as torna diferentes em um mundo que todos parecem iguais.

As mulheres que inspiram a coleção Incomuns são díspares, com histórias de vida distintas atadas pela convergência do uso de acessórios sempre de modo impactante. "Se apropriam deles para mudar o modo de ver e serem vistas. Para elas, menos nunca foi mais. São superlativas! Chamam a atenção por onde passam e, muitas vezes, são tratadas como seres extraterrenos. Cheguei à conclusão que são mesmo criaturas fantásticas", declara a designer Mary Arantes envolvida pelo fascínio das personagens.

Para Mary, enquanto o universo da moda fala de maxicolares e maxiacessórios, a coleção trata de maximulheres. "Nossa coleção foi inspirada nelas, mulheres únicas e incomuns, mulheres fortes, à frente do tempo, que fazem da liberdade de ser uma bandeira. Jamais se prenderam às tendências. Cultivam a originalidade pessoal, são mutantes, transgressoras; nunca quiseram ser como as outras. A cada dia parecem abalar a ordem das aparências. São muitas numa só", conta.

O código das personagens

Os colares, brincos e anéis da coleção Incomuns refletem a história de cada uma das mulheres tomadas como fonte de inspiração. Pedrarias, strass, paetês, fios e miçangas são materiais reunidos harmoniosamente para constituir peças que assinalam a identidade artesanal da marca. Bordados e crochê também delimitam a arte do feito à mão que salta aos olhos pelas tramas, formas maximizadas e exuberância de cores nada contidas para o frio invernal. Os acessórios carregam códigos das personagens, extraídos e materializados pela sensibilidade da designer Mary Arantes.

Uma série de entrevistas subsidiou a pesquisa que deu suporte à execução do trabalho no ateliê. "Todas as entrevistas foram feitas apenas com uma pergunta: Quem é você? Foram jorros de vida! Cor, coragem, alegria, audácia, irreverência, criatividade, ousadia, determinação, força e autoestima elevada são alguns dos ingredientes da receita dessas adoráveis criaturas", descreve Mary revelando a emoção de cada palavra que abasteceu a reflexão sobre preconceitos e estereótipos da moda e beleza.

A americana Iris Apfel, ícone fashion de 91 anos que continua subvertendo conceitos de estilo, está entre as "incomuns" que corporificam a coleção. Divide espaço com influências mais próximas (territorialmente) da marca mineira, inconfundíveis no modo de fazer da moda um traço de suas personalidades. Maquiadora, gari, publicitária, produtora, professora... Mulheres de belezas inigualávéis. Dilene Marcolino, Kekei Mesquita, Cris Guerra, Carla Mendonça, Agnes Karkasvolgyi, Lena Fraga, Ângela Azevedo, Ana Amélia Borborema, Juliana Rabelo, Cida Nogueira e Margareth Maria da Silva integram o rol. À jornalista Many Catão, lendária em Minas Gerais por suas vestes orientais e bijus indiscretas, Mary presta uma homenagem especial.

Como toda coleção, a Mary Design elabora poesia com cores, texturas e formas. São palavras subentendidas que compõem um vocabulário tátil, feito para usar sobre o corpo. Únicas ou em conjunto, constituem uma declaração de atitude e identidade. No inverno que se aproxima estas palavras em forma de bijus serão lidas no grau superlativo por serem excepcionalmente vistosas e incomuns. Do porte das mulheres que lhes deram alma.