O Futuro da Indústria Têxtil e Confecção e o Darwinismo Econômico Global

[Romildo de Paula Leite]

1.      INTRODUÇÃO:

No Brasil, a partir da década de 90, com a evolução de um mundo e mercados globalizados, mas em condições econômicas desiguais, houve o encolhimento do número de Empresas têxteis e de confecção nacionais, numa maior concentração de produção por unidade instalada e redução das margens de rentabilidade destas empresas. E agora, em que vivemos cenários pandêmicos e revoluções tecnológicas, como se preparar para o futuro e a competição neste novo ambiente e quais fatores serão fulcrais para definição de estratégia de desenvolvimento do Setor?

Como superar o darwinismo da economia global? É o que tentaremos abordar deste breve artigo.

2.      MODELOS DE NEGÓCIOS:

A evolução das formas de relacionamento com os mercados: fornecedor, concorrente, clientes e parceiros passam por uma transformação motivada pela tecnologia e pela necessidade de fortalecimento das cadeias produtivas e dos novos meios relacionamento, como podemos observar isso pelo grande aumento de reuniões e atividades online no presente, como exemplo. Os modelos de negócio devem ser repensados de forma a se ajustar aos novos tempos em que a tecnologia e a transformação digital estão em uma constante desafiadora mudança em formação de canais com seus critérios de valores e acessos.

Nunca foi tão importante entender as novas personas que interagem com a sua Empresa e como deve ser o posicionamento estratégico do Modelo de Negócio para a sobrevivência e crescimento da Empresa neste novo cenário. A revisão e atualização do Modelo de Negócio da Empresa é fator preponderante nestes tempos.

3.      MEGATENDÊNCIAS:

A partir deste raciocínio partimos para elencar os conceitos que são megatendências que poderão exercer um papel fundamental para o planejamento desta revisão dos conceitos empresariais.

3.1.  O Papel da Moda e dos Nichos:

Nunca foi tão importante a determinação de uma estratégia de definição de produtos particularizado a atender os “novos” nichos específicos do mercado para o desenvolvimento de produtos, aliado a pesquisas de comportamentos e valores do público que se destina atingir. Este papel que a moda representa está muito mais acima dos canais de marketing, mas passa agora também por tecnologias e metodologias como: AI / BI (Artificial Inteligence / Business Inteligence) e Big Data baseados em hábitos do Consumidor e análise dos seus sistemas de consumo.

A adequação da estrutura de desenvolvimento particularizado aos nichos, aliados as novas metodologias tecnológicas, com certeza será a chave para garantia de receitas de uma empresa que deseja se manter forte no mercado.

3.2. Inovação e Capital Intelectual:

A inovação é muito mais do que bolar novos processos e produtos. A inovação é mola que faz a empresa dar saltos de diferenciação em relação aos seus concorrentes.

É capaz de formar uma identidade e uma forma de fazer com que a Empresa esteja sempre no mais avançado estado da arte para o mercado. Tornando-se fonte de benchmark e referência. E logicamente podendo aumentar suas margens e ticket médio. Entretanto, isso só pode ser alcançado com um sistema eficiente de Gestão da Inovação, e o mais importante: CAPITAL INTELECTUAL.

Sem inovação, uma empresa não tem futuro!

3.3. Tecnologia:

A nova tecnologia 5G aliada às tecnologias habilitadoras da Indústria 4.0 (IoT, Big data, Robótica, Simulação, Cyber Security, AI, Cloud, etc.). Já estão revolucionando o mundo dos negócios. E qual o planejamento da sua Empresa para o alinhamento e a coordenação dos investimentos neste novo mundo?

Pensar o negócio de forma integrada às novas tecnologias e alinhá-las de modo a se tirar o maior dos seus proveitos em termos de produtividade, relacionamento com o mercado e principalmente pensando na modernização do negócio é a melhor forma de garantir a competitividade e sobrevivência de uma Empresa. A questão é: precisa-se pensar de forma diferente e agir de forma eficiente.

3.4. Sustentabilidade:

Há muito se fala hoje em sustentabilidade no Setor Têxtil e de Confecção e agora, mais recentemente, nas ODS(s) – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

Conceitos como: crédito de carbono, zero consumo de água, “upcycling”, economia circular, reciclagem, “zero waste” mais que simples utopias, são fundamentais para uma Empresa como condição básica de imagem e práticas vistas como fundamentais pelo mercado.

A filosofia do tripé da sustentabilidade orientado para a gestão industrial e do negócio tornou-se obrigatória para uma Empresa. Mas até que ponto isto está planejado dentro do negócio de uma Empresa. Neste ponto, como uma Empresa deve se colocar num mundo onde as boas práticas ambientais e de responsabilidade social devem se alinhar a sua rentabilidade? A esta pergunta, todas as Empresas que sobreviverão, devem respondê-la de forma capaz e contundente o mais breve possível.

3.5. Liderança Motivadora e a Cultura Lean

Liderança é o fator mais importante nesta conjunção de fatores. Com uma visão a longo prazo, a missão e valores da Empresa deve ser a mais alinhada a adoção de uma cultura lean, agregando valor ao Cliente em cada um deles e que reduza os 08 desperdícios em seus processos internos e externos.

Em uma Empresa, a liderança em bases éticas, educadora e motivadora é o motor que dita a velocidade e a eficácia das mudanças, assim como promove um ambiente propício às transformações positivas de uma organização. A liderança exerce um papel mágico, transcendente e quase existencial para que uma Empresa possa ser mais do que um simples aglomerado de pessoas, mas formar um time vencedor em qualquer circunstância.

3.6. Recursos Humanos:

Estabilidade e evolução devem ser conceitos integrados quando se trata de recursos humanos. Propósito e ambiente devem estar harmônicos e sintonizados com os objetivos de uma organização de sucesso. Flexibilidade e comprometimento deve ser o objetivo a ser alcançado na Gestão de Recursos Humanos de uma Empresa.

Necessidades de treinamento das hard e soft skills devem ser antecipados dentro da visão dos conceitos acima, de modo que as ações da Empresa possa ser o resultado de um trabalho em equipe eficaz e focado nos resultados. Uma Empresa forte é a soma das forças de cada um dos seus integrantes, do Varredor ao seu Presidente.

3.7. Assessoramento e Visão Externa:

Poder ver de fora se vê de forma diferente, a experiência de consultores ou assessoramento de profissionais que possam aportar visões externas e diferentes as do status quo podem servir de fonte de inspiração e novas fontes de informação para questionamento e revisão das estratégias empresariais. Sendo muito importante para trazer os novos conceitos que foram desenvolvidos acima para dentro da Empresa, podendo ser elementos de inflexão para a sobrevivência, desenvolvimento e o futuro de uma Organização.

4.      CONCLUSÃO:

Com o título deste humilde artigo: “O Futuro da Indústria Têxtil e Confecção e o Darwinismo Econômico Global”, quisemos ressaltar os pontos principais, que em nossa opinião, são fonte de tendência para que as Empresas, sejam de qualquer segmento, possam realizar um reflexão quanto a seu futuro e sirva de elemento de discussão para que possamos fortalecer o nosso Setor Têxtil e de Confecção neste novo ambiente de incertezas.

Pois em nossa visão de futuro, que está de acordo com o pensamento do naturalista Charles Darwin, podemos afirmar que: “Não sobrevive a espécie mais forte, mas a que se adapta à mudança.”

Autor: Gilson Leite – Consultor Técnico SENAI CETIQT

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[Luis Tadeu Dix]

Parabéns, Gilson. Sobreviver será o grande desafio e você deu algumas pistas para seguirmos. A preocupação é o pequeno varejo que nem sempre tem as bases de referência para adotar e se adaptar às mudanças. 

Luis Tadeu Dix