Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Inovar por inovar não chega para a indústria têxtil. Mais do que encontrar novos produtos ou serviços, o fundamental é investir para acrescentar valor e corresponder às necessidades e tendências dos consumidores, acredita a Indorama Ventures.

Uday Gill

Uday Gill, CEO do negócio de fibras da Indorama Ventures, concentrou a sua intervenção na conferência da ITMF na inovação. «A raça humana é uma das mais inovadoras do mundo», sublinhou. «A inovação é fundamental para a transformação industrial», afirmou.

Contudo, a inovação tem de estar indubitavelmente ligada ao mercado, que neste momento vive uma «economia de experiência, em que tudo está relacionado com o consumidor. Já não há nada que seja completamente B2B – é tudo B2C», garantiu Uday Gill.

A tecnologia, apontou, está a acelerar a inovação, o que, por sua vez, está a causar «enormes incertezas e imprevisibilidade». No entanto, esta aposta na inovação nem sempre é bem concebida. «Se olharmos para a indústria têxtil, a adição de valor está a descer. Isso diz-nos que a inovação está agora a acontecer ao ritmo do que o consumidor nos diz, o que significa que a indústria não está alinhada com o que o consumidor quer», de forma a antecipar as tendências, indicou.

Segundo Uday Gill, as preferências dos consumidores e o foco dos fornecedores apresentam expectativas divergentes. O consumidor quer produtos que usem poucos recursos mas que mantenham a mesma performance, que estejam disponíveis quando ele quer e que incorporem uma visão ecológica. Ao mesmo tempo, os consumidores privilegiam, cada vez mais, as experiências à posse de produtos. Já a indústria está centrada nos processos internos, numa corrida para reduzir os custos e com foco em artigos com I&D e economias de escala, mantendo, ao mesmo tempo, uma atenção reforçada na concorrência.

Uma oportunidade de negócio

Para o CEO do negócio de fibras da Indorama Ventures, estas diferenças podem ser uma oportunidade para os negócios, com a tecnologia e a inovação a poderem reduzir a distância que separa consumidores e indústria, nomeadamente com a utilização de inteligência artificial, robótica e novos materiais.

A inovação inadequada pode, todavia, provocar uma «sobrecapacidade perpétua», reconheceu Uday Gill. «Estamos a investir dinheiro para aumentar a capacidade, não para acompanhar a procura e isso causa margens mais baixas», admitiu.

O crescimento do PIB mundial, que atingiu o valor mais alto no período entre 2000 e 2007 fruto do impacto tecnológico, foi nessa altura acompanhado pelo crescimento dos fatores de produtividade – que Gill descreveu como a diferença entre o crescimento da produção e o aumento da combinação de todos os inputs de todos os fatores, que reflete a contribuição como um resultado de um uso mais eficiente de recursos ou a adoção de novas tecnologias –, mas os números mostram uma descida até 2018. «Há capital disponível suficiente mas, apesar disso, o PIB mundial está a descer. Estamos a desperdiçar mão de obra, estamos a desperdiçar capital», referiu.

Alianças para crescer

Para reverter esta situação, Uday Gill afiançou que as empresas têm de investir na inovação estratégica e, dessa forma, capitalizar as tendências disruptivas, nomeadamente as megatendências biológicas, que incluem a biologia sintética e a bioeconomia, as físicas, que se dividem em robótica avançada, customização em massa e novas matérias-primas sustentáveis, e as digitais, onde se encontram a computação universal, a digitalização em massa e a inteligência artificial avançada.

«Estas mudanças estão a criar novas oportunidades», apontou Uday Gill. «É preciso colaborar com os fornecedores e clientes. As alianças é que nos vão ajudar a crescer e a inovar mais rapidamente», acrescentou, focando que a rapidez a chegar ao mercado é o segredo do sucesso. «Quando se combina os produtos, os processos e as tecnologias e se passa pela lente da sustentabilidade, acabamos por ter uma organização inteligente, pronta para redefinir os mercados e os produtos, para inovar e para se diferenciar», revelou.

https://www.portugaltextil.com/o-futuro-e-da-inovacao-estrategica/

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