Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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François-Henri Pinault, acredita que a palavra luxo é usada em excesso. “Você é sempre mais luxuoso que alguém e você é sempre menos luxuoso que ou

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Por ALEXANDRA WOLFE

François-Henri Pinault, presidente do conselho e diretor-presidente do grupo francês de artigos de luxo Kering, avaliado em US$ 21 bilhões, acredita que a palavra luxo é usada em excesso. “Você é sempre mais luxuoso que alguém e você é sempre menos luxuoso que outra pessoa”, diz Pinault, cuja empresa é dona de 22 grifes e marcas esportivas, incluindo Gucci, Saint Laurent, Balenciaga e Puma.

Seja qual for o nome que receba, o mercado global de artigos de alto padrão desacelerou recentemente. Mesmo assim, a Kering está crescendo. No ano passado, a receita foi de US$ 10,7 bilhões, 4,9% superior à de 2013. Uma das metas da empresa, diz ele, é tratar os diretores criativos e diretores-presidentes de cada marca como sócios empreendedores.

Pinault, de 53 anos, esteve recentemente em Nova York por alguns dias para receber o Prêmio Internacional da Liga Antidifamação, uma ONG judaica que luta contra o antissemitismo e todas as formas de intolerância. Sentado na sala de conferências do escritório da Kering na cidade, ele descreveu como reinventou a empresa criada por seu pai em 1963 como uma companhia de materiais de construção.

Nascido em Rennes, na França, Pinault sempre foi interessado pelo trabalho de seu pai. Depois de se formar pela faculdade de administração HEC Paris e fazer o serviço militar francês, ele entrou para a empresa da família em 1987. Ele se tornou presidente do conselho e diretor-presidente da Kering em 2005.

Na gestão de seu pai, a empresa era um conglomerado com diferentes tipos de negócios que iam desde materiais de construção até o varejo, todos concentrados na Europa. Com o mundo dos negócios se expandindo globalmente, Pinault decidiu se especializar no mercado internacional de moda de luxo, esporte e estilo de vida. Em 2008, 55% da receita da Kering veio da França; no ano passado, esse número foi inferior a 5%.

Ele também mudou o nome da empresa de PPR para Kering. Baseado na palavra “Ker”, que significa “lar” na Bretanha, o novo nome intencionalmente soa como “caring” em inglês, que, em português, significa cuidar, querer bem, para suavizar a imagem da empresa.

Pinault disse que a empresa também fez um esforço para contratar mais mulheres. Em 2014, 60% dos funcionários do grupo eram mulheres, assim como 80% de sua clientela.

Uma perda importante foi a saída recente da diretora criativa Frida Giannini no ano passado. (A Kering contratou o relativamente desconhecido Alessandro Michele para substituí-la.) Ela faz parte de um pequeno grupo de famosos designers do mundo da moda que pediram demissão nos últimos anos, como Alexander Wang, da Balenciaga, e Raf Simons, da Christian Dior, da LVMH, o que tem levantado um questionamento sobre uma possível exaustão criativa na indústria.

É um trabalho difícil, diz Pinault, mas ele não acredita que isso seja um novo desenvolvimento em curso. “A indústria é dura”, diz. “O ritmo é o que é.” Para tentar deixar o trabalho do diretor criativo mais fácil, ele tenta que cada um forme uma dupla com um diretor-presidente para lidar com o lado empresarial. “O risco é que a pessoa criativa não é um gestor”, diz.

Ele acha que o que tem mudado o grande mundo da moda é o comércio eletrônico. Mesmo assim, Pinault diz que é difícil para uma marca de alto luxo ser traduzida para uma audiência massiva on-line. “Se o que você faz on-line é visto como sendo não tão luxuoso como aquilo que você faz off-line, você tem um problema”, diz ele. A maior parte de suas empresas usa a internet para promover o reconhecimento da marca em vez de atrair novos clientes.

As marcas da Kering continuam usando a velha estratégia das celebridades. Pinault diz que os patrocínios de maior sucesso são baseados em uma conexão autêntica com a marca. Por exemplo, a cantora Rihanna, que usava tênis Puma na adolescência, agora criou alguns calçados para a marca.

Pinault se tornou mais familiarizado com o mundo das celebridades através de sua esposa, a atriz Salma Hayek, com quem ele tem uma filha de oito anos. (Ele também tem um filho com a modelo Linda Evangelista e dois filhos adolescentes com sua primeira mulher.) Ele viaja com frequência, mas gosta de passar o maior tempo possível com sua família em casa, em Paris e Londres. “Tentar manter uma forte vida familiar é muito importante para mim”, diz ele, “e eu devo dizer que minha mulher é mágica nesse sentido.”

Ultimamente, ele vem tentando descobrir como explicar os recentes ataques terroristas em Paris para seus filhos. Ele estava em uma reunião perto do Teatro Bataclan horas antes do massacre que aconteceu ali, em 13 de novembro. “É importante por um lado que eles estejam cientes”, diz ele, mas não quer que eles fiquem com medo.

Além de ter reforçado a segurança nas lojas e nos desfiles de moda, Pinault planeja manter sua empresa funcionando normalmente depois dos ataques em Paris. “A moda que fazemos é parte do nosso estilo de vida”, diz ele. “Nós deveríamos ser ainda mais criativos, ainda mais consistentes, fazer uma declaração de que continuaremos. Esse é nosso meio de vida, e ninguém vai nos forçar a viver diferentemente às custas da nossa liberdade e nossos valores”, diz ele. “O luxo é uma celebração da vida […] e temos que ser um exemplo disso.”

Fonte: The Wall Street Journal

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   Para tentar deixar o trabalho do diretor criativo mais fácil, ele tenta que cada um forme uma dupla com um diretor-presidente para lidar com o lado empresarial. “O risco é que a pessoa criativa não é um gestor”

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