Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

A notícia era: “Dono da Zara desbanca Bill Gates e é o mais rico do mundo.”

Em geral, a mídia resumia a notícia comparando as fortunas, os outros magnatas deixados para trás, o método utilizado pela Forbes para criação do ranking. Mas a repercussão nas redes sociais tinha um tom de questionamento e indignação, relacionando a tal maior fortuna com notícias mais antigas que revelavam um comportamento relapso e irresponsável da marca quanto às condições de trabalho de seus funcionários no Brasil.

Por exemplo, em 2011, foi flagrada uma oficina contratada pela Zara com trabalha..., e, posteriormente, a mesma marca foi autuada pelo Ministério Público do Trabalho por nã... (estas condições incluíam trabalho infantil, ampla jornada de trabalho e servidão por dívida – e, para reforçar: não foram cumpridas as medidas de melhoria). 

Ou seja, o homem mais rico do mundo no dia 8 de setembro (no dia seguinte foi novamente ultrapassado por Bill Gates), é dono de um grupo que, dentre outras empresas, gerencia a marca global de fast-fashion. A Zara é uma das maiores marcas do setor, é tida como um grande exemplo dessa moda rápida que transformou o comportamento de compra em geral, de consumo de moda e revisou o valor das peças que usamos. As consequências dessa nova maneira de “viver” a moda, a gente já sabe: diversos problemas socioambientais, gerados por um consumo insaciável. É a segunda indústria mais poluente do mundo; é comumente acusada de uso de trabalho escravo ou em condições degradantes; é responsável por uma produção absurda de lixo; por imposição de padrões estéticos inatingíveis, dentre outras coisas.

O questionamento que foi feito é válido: não podemos ignorar que o responsável por uma empresa dessa magnitude (com atitudes morais tão duvidosas) seja tão bem sucedido financeiramente, sem questionar no que se baseia esses tantos bilhões de dólares.

Por outro lado, é intrigante pensar que, no Brasil, a Zara é responsável por levar esse conceito de fast-fashion a um grupo de consumidores com melhor poder aquisitivo. Seus preços são mais altos e sua dinâmica de lojas e localização levam a crer que se trata de uma marca “superior” às outras marcas do setor; ou seja, são pessoas geralmente mais esclarecidas, que investem um valor maior, que provavelmente poderiam estar comprando em outras lojas. Aparentemente esses escândalos não abalaram a marca nem seu consumidor.

O ponto é que, neste momento, não adianta muito criar demônios e personalizar um problema que é, em suma, muito maior. O Senhor Zara pode ser rico por diversos motivos – inclusive a exploração de trabalhadores -, mas o grande problema é como nós deixamos nossa vida ser impactada por esses comportamentos de consumo destrutivos. Podemos criticar essa conduta moral da marca, mas não adianta muito se formos no sábado experimentar a nova coleção da semana e passar tudo no crédito, não é mesmo?

Então, voltando para a tecla sempre batida: compre menos, compre de forma assertiva (quando necessário, considerando sua individualidade, fugindo das “modas” passageiras, priorizando menor quantidade e qualidade mais elevada), prefira roupas de segunda mão ou feitas em produção local ou artesanal, e cuide bem das peças. Acima de tudo, acompanhe os debates, discuta, conscientize quem vive ao seu redor. Transforme você sua realidade.  

Para saber mais sobre a indústria da moda e ajudar na fiscalização, acompanhe a Fashion Revolution Brasil, o Roupa Livre e baixe o aplicativo do Moda Livre.

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http://www.insectashoes.com/blog/o-dono-da-zara-que-existe-em-cada-...

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