Representantes do mercado e dos clubes citam esta justificativa. Modelos populares podem ser a saída.
Uniforme do Palmeiras para 2024 é o mais caro do Brasil, custando R$ 369,90 no lançamento — Foto: Divulgação
Em casa ou no estádio, a vida de torcedor no futebol brasileiro segue um padrão: vestir sempre que possível o uniforme do seu time. Nas arquibancadas dos estádios do país e da América do Sul, prevalecem as cores e os bordados das equipes, um hábito mais forte do que nas grandes ligas europeias, por exemplo. Mas essa cultura vem se tornando mais cara ano a ano, com os preços das camisas chegando à faixa dos R$ 350 no lançamento.
Esse é o valor das recém-lançadas camisas de Flamengo (primeiro uniforme), Vasco (segundo) e Fluminense (terceiro), sucessos de público. Mas não se limita a elas. A dura realidade é a de um modelo que envolve custos de produção, nuances dos negócios do esporte e outros aspectos comerciais, que, somados, pesam no bolso do torcedor.
— O futebol se tornou realmente um esporte caro para quem faz. As margens das fornecedoras estão cada vez mais apertadas em função da dificuldade de combater a pirataria, e os clubes acabam ficando, de certa forma, reféns — explica Raphael Campos, vice-presidente de planejamento estratégico do Sport, que atua junto com a Umbro e em marca própria em busca de linhas mais populares. — Entendemos o momento do mercado, mas também não podemos perder receita e, de certa forma (precisamos), popularizar também. Porque é um esporte muito popular, embora caro.
As camisas oficiais de clubes têm uma particularidade. As marcas normalmente comercializam dois modelos: uma versão de torcedor (com o escudo bordado e menos aplicação de tecnologia) e outra de jogador (mais cara, igual ao modelo que os atletas usam em campo). A primeira, citada no início desta matéria e no levantamento ao lado, é a mais comum e menos custosa. Mas seu preço também é alto. No caso da Puma, há uma versão mais barata — “estádio” — da camisa do Palmeiras.
Mas muitos desses projetos se perderam durante a pandemia de Covid-19. Em 2019, o Fortaleza chegou a oferecer desconto de R$ 10 na compra de um modelo original para quem apresentasse uma camisa falsa.
— Futebol é uma atividade de paixões e milhões. Aqui não há juízo de valor. São fatos. A venda de produtos oficiais entra como uma receita bem importante. Claro que há exagero em alguns valores, mas é preciso entender que não se está vendendo apenas a camisa. O clube busca, juntamente com outras fontes de receita, financiar uma atividade cada vez mais cara, de folhas exorbitantes — explica Marcel Pinheiro, diretor de comunicação e marketing do Fortaleza, que garante que o clube segue apostando em linhas populares como iniciativa complementar.
O Internacional é outro que tenta baratear o produto e planeja uma versão mais acessível ainda para este ano, “muito semelhante ao uniforme de jogo”.
— O modelo torcedor adulto deverá custar R$ 179,99, quase 50% do valor da camisa de jogo — projeta Nelson Pires, vice-presidente de marketing do Internacional.
O GLOBO conversou com profissionais envolvidos no setor de comércio esportivo, que acrescentaram os altos impostos e a dispendiosa cadeia de distribuição e transporte como amplificadores de preços. São poucas as marcas que mantêm fábricas no Brasil. Também há o desejo dessas empresas de valorizar seus produtos, torná-los “grifes”. Segundo dados da Associação Comercial de São Paulo, os impostos que incidem nas camisas de time até chegarem às lojas estão em 34,67%.
Os contratos entre os clubes e as fornecedoras também têm sido amarrados em termos que deixam o mercado mais centralizado, podendo elevar o custo final. Palmeiras e São Paulo, por exemplo, têm acordos de exclusividade com Puma e New Balance no Brasil.
— Em média, os clubes ficam com algo em torno de 10% a 15% do preço de venda ao público. Esse valor pode ser influenciado por vários fatores, como a força da marca do clube, o poder de negociação com o fornecedor e as condições específicas do vínculo entre as partes — diz Caio Fink, especialista em contratos do escritório Machado Advogados.
Os custos altos não são exclusividade do mercado brasileiro. A camisa do Manchester City, atual campeão inglês, vale 75 libras (cerca de R$ 470), num país que tem a hora de trabalho mínima a 10,42 libras. Por aqui, a solução dos consumidores, além do mercado popular, é buscar promoções, especialmente em períodos de troca de linhas de uniformes.
Fornecedora do Corinthians, a Nike cita, em nota, tecnologia, tributação e logística. E explica que seus produtos podem ser encontrados a preços mais baixos em ações promocionais. A Puma alega “práticas de mercado justas para todos” e reforça a existência de três modelos de camisa.
https://oglobo.globo.com/esportes/futebol/noticia/2024/02/04/o-que-...
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