Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Desde o ano passado, o Brasil soletra a palavra crise a cada discurso associado a economia e perspectivas de crescimento. A moda, como todo e qualquer segmento econômico, sofre as consequências da recessão. Mas é preciso atentar-se ao som ecoado pela crise no que diz respeito ao novo consumo e ruptura, velhos conhecidos do mundo fashion.


O país viveu um êxtase econômico provocado tanto pela falácia política como também por feitos consideráveis, nunca vistos. No entanto, bolhas especulativas e teóricas não sustentam a economia e uma crise, em geral, costuma realçar falhas em processos, necessidade de reestruturação e principalmente, adaptação aos novos modelos de consumo.
 
Os números negativos sobre o setor de moda não são prioridade deste artigo, pois estão em toda parte. Basta um 'google' e não faltarão dados milimétricos em percentuais, reais, dólares e euros, sobre toda a cadeia de produção que envolve o setor no Brasil. Caso a busca seja por outro segmento econômico, os números serão diferentes mas um fator é o igual; momentos de crise não são exclusividade de setores específicos e com uma crise generalizada, engana-se quem prefere apoiar-se no vitimismo para garantir sobrevivência. 
 
CRISE NA MODA, OU MODA EM CRISE?
 
A moda por definição, vive em crise. O processo de recriar-se constantemente passa pela ruptura de abandonar aquilo que já não diz mais sobre um tempo ou indivíduo, chegando ao novo ou re-criado. Podemos então dizer que a moda está sempre em crise e para driblar a econômica no caso, que se instala na moda, é preciso entender, antes de mais nada, quais foram as portas que se abriram para que ela entrasse.
 
O varejo, grande celeiro do Fast Fashion, que transformou roupa em commodity, foi o primeiro a sentir a retração, pois o consumidor, antes preocupado em apenas adquirir novas peças, agora precisa pensar, bem mais devagar, onde gastará seu dinheiro. Soma-se a isso a onda de slow fashion, que prega um consumo consciente não só priorizando qualidade e quantidade das roupas e menor impacto ambiental na produção, como também, levanta a bandeira contra o trabalho escravo e condições desumanas impostas por grandes marcas.
 
Tem-se então, um consumidor mais moderado, antenado às questões que envolvem a produção, com menos dinheiro no bolso e mais oferta de compra, já que todas as marcas precisam, necessariamente, vender. "O consumidor não quer saber se a crise chegou para você também, dono de marca de moda, ele está repensando como utilizar melhor o dinheiro que sobra no mês e não quer arriscar fazer maus negócios", diz Carla Lemos, do blog Modices, que publicou uma reflexão sobre o consumo que vale a pena ser lida.
 
No que diz respeito ao atacado nacional, as confecções sentem por tabela esta retração. Quando o consumidor do varejo racionaliza a compra, a confecção atacadista diminui a produção, já que o lojista vende menos. A alta do dólar encarece a importação dos tecidos e produtos que vem de fora, as contas aumentam e os cortes na equipe são inevitáveis. Este é um cenário tão comum quanto realista atualmente. Mas, seria o único? 
 
ALTERNATIVAS POSSÍVEIS 
 
A falta de autenticidade nas coleções, o desinteresse na qualificação do atendimento e preparo de pessoal podem ser algumas das portas por onde a crise entra. Mas todo e qualquer fracasso será creditado somente a crise, afinal, ela está aí, todos podem ver.
 
Não significa que todas as dificuldades vivenciadas pelas empresas de moda durante esse período ruim tenham essas portas de entrada, mas há muita informação destacando somente a crise no contexto. É interessante aproveitar o momento para por 'ordem na casa', e nessa hora, cortes ou reduções podem originar formatos de negócios mais assertivos. 
 
A Riachuelo, surpreendeu o mercado com uma queda menor do que o esperado no último quarto trimestre e segundo Flávio Rocha, presidente da empresa, isso só foi possível por conta de uma estratégia mais conservadora de aberturas e gastos mais inteligentes, como readequação do número de vendedores nas lojas. “Existe uma crise, mas haviam problemas internos e tratamos de resolvê-los”, diz Rocha, via O Negócio do varejo.
 
Em meio a uma discussão mundial, A SPFW oficializou que em 2017 seu calendário de Moda estará alinhado ao varejo, o que significa que seus desfiles acontecerão em fevereiro e julho/agosto, ajustados às datas de lançamentos das coleções nas lojas para o consumidor. A gigante Burberry anunciou no mês passado que as roupas do seus desfiles estarão nas lojas da marca logo após a apresentação. Graças ao imediatismo e transformações que a Internet e as mídias sociais provocaram globalmente, é inegável a necessidade de adaptar-se à essa nova realidade. Quanto antes as marcas se preparem, menores serão os prejuízos.
 
O Ziroblog, especializado exclusivamente em moda no atacado, publicou um post sobre mais de 15 lojas inauguradas ou repaginadas no Bom Retiro durante o período da crise. A famosa frase: 'enquanto uns choram outros vendem lenços' torna-se realidade já que num período complicado há quem priorize a diferenciação, buscando caminhos para inovar sem perder o otimismo.
 
Diante disso, fica claro o efeito negativo da crise, mas também não se pode esquecer do fator oportunidade que ela traz. Algumas resoluções de maior amplitude não estão sob controle da maioria dos indivíduos, mas cabe a cada um fazer a diferença no seu perímetro. A julgar pela extensão que toma à crise política no Brasil não se pode esperar sentado enquanto ela se resolve. Então, mãos à obra! 

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há pelo menos tres anos, eu estou sempre dizendo que o mercado brasileiro de moda nao ia ficar pedra sobre pedra e o motivo nao é crise, é a inercia do setor, incompetente desunido que fica puxando saco de governo para obter beneficio proprio e nao pro setor como um todo, como ja podemos ver por exemplo o dono da vicunha dizendo que a crise ja passou, isto é uma irresponsabilidade, porque qualquer pessoa que trabalha no setor, acredito que até o menino do cafezinho sabe que a coisa ta feia demais, então se a crise passou deve ter sido la na vicunha e passou como? é ou não de se fazer esta pergunta?, porem como eu disse acima, minha previsão esta se concretizando, mas afinal quem sou eu? como muitos ai ja disseram que voce pensa que é? bem eu sei que nao sou absolutamente nada, porem o professor Mario Queiroz disse ano passado disse o que ninguem ousou dizer: o setor textil brasileiro está caduco, segue o link:

http://textileindustry.ning.com/forum/topics/com-queda-no-setor-est...

Criatividade como meta

O estilista carioca Mario Queiroz, doutor em comunicação e semiótica pela  Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), acredita que a crise econômica que atinge o mundo é transformadora.

"Se as coisas estivessem correndo bem, manteríamos tudo como antes. Vejo a crise com bons olhos porque é a hora de as pessoas sacudirem. Ou você apresenta opções para o cliente ou  vai perdê-lo".

Ele aponta que o mercado têxtil brasileiro é muito pouco ousado e, por isso, caducou. "O setor reclama muito, mas não vai buscar novas soluções. Estamos lidando com tanta morte anunciada no noticiário. Isso faz com que as pessoas retenham a compra. Elas não vão comprar qualquer coisa".

Sábias palavras, porque tem um bando de analfabetos incompetentes que acham que é somente reduir a carga tributaria e os encargos sociais que eles vao ter condiçoes de competir com a china, eu digo pode reduzir a zero, aliás depois da divida do diretor da FIESP, ja deu pra ver que quem paga imposto é micro, pequeno, os grandes pelo jeito nao mesmo, mas mesmo assim nao conseguem competir, porque nao se investiu em tecnologia, a industria textil é um mamute, sem tecnologia, sem mao de obra e sem inovação é uma guerra onde temos um 38 e os chineses uma metralhadora ak47, entao nao temos nenhuma chance, a nao ser investir em tecnologia e inovação, claro que precisamos tirar os estilistas da midia que nao tem talento e dar oportunidade aos que tem, o que nao acontece hoje, nossas semanas de moda sao verdadeiras piadas, pagou vai pra passarela, tinha um na ultima edição que o marketing dele era: minha coleçao cabe numa mala e ai o jornalista, formador de opiniao, comprador vai lá e se ente afrontado, ver calça de pijama e tenis fosforescente na passarela é demais, outro exemplo vergonhoso, foram os uniformes das olimpiadas, novamente com o dedo podre do senhor paulo borges que em um evento onde poderiamos ter feito um concurso e mostrar, promover um novo talento, nao, ele faz lá o arrumadinho e eis a vergonha, o que apareceu, minha modelista faz melhor e ai la se vao as oportunidades, se nao reestruturar as semanas de moda, isto ai vai de ladeira abaixo e nós vamos continuar esquecidos, sem nenhuma representatividade no mundo da moda, falo do mundo real, nao é do mundo paulo borges, este ja está destruido, dterioriado, acabado.

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