Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Biotecidos são tecnologias produzidas a partir de materiais biológicos com baixo impacto ambiental

biotecidos
Mylo é um biotecido com aparência de couro produzido a partir de fungos. Imagem: Bolt Threads/Divulgação

Biotecidos são tecnologias produzidas a partir de materiais biológicos com baixo impacto ambiental, como troncos de árvore, folhagens, papel vegetal e colônias de bactérias e fungos. A composição dos biotecidos pode variar, e inclui muitas propriedades naturais, como colágeno, queratina, fibras proteicas, vegetais e celulose, é que diz o professor de Têxtil e Moda da USP, Dr. Mauricio Campos, ao portal Notícias R7. O interessante das peças de biotecido é que nelas é possível adicionar aromas e medicamentos, fazendo com que também exerçam a função de um curativo, por exemplo.

Algumas empresas começaram a fabricar biotecidos a partir do trabalho de micri-organismos. A startup carioca Biotecam, por exemplo,desenvolveu um biotecido utilizando bactérias. Os micro-organismos, pertencentes à espécie de bactéria do gênero Acetobacter, são os mesmos encontrados no vinagre. A culturas são utilizadas pelos engenheiros da empresa para formar um filme de celulose que ganha o aspecto de couro e transforma-se em roupas e acessórios.

Nos Estados Unidos, a empresa californiana Bolt Threads lançou dois tipos diferentes de biotecidos. Um deles é a microsseda produzida por leveduras bioengenheiradas com genes de aranha, que faz com que estes seres produzam fios parecidos com teias. O biotecido foi usado pela estilista Stella McCartney, incluindo um vestido apresentado no Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova York, em 2017.

Mas os biotecidos que simulam couro são pesquisados desde 2000 pela designer de moda londrina Suzanne Lee. Ela criou jaquetas, saias, camisas e sapatos com celulose bacteriana, no projeto chamado BioCouture.

Ela defende que, no futuro, as fábricas de tecido serão células vivas, formadas por bactérias, algas, fungos e leveduras. Segunda ela, em um TED Talk de julho de 2019, a biofabricação substituirá atividades intensivas desenvolvidas pela humanidade por uma atividade biológica. “Com a biologia, sem nenhuma intervenção minha além de estabelecer as condições iniciais de crescimento, produzimos um material útil e sustentável.”

A pesquisadora Andreia Sofia de Sousa Monteiro utilizou bactérias e sílica para modificar quimicamente a superfície de tecidos de algodão, tornado-os repelente a água e a outros líquidos. Em entrevista para a Agência Fapesp, a química afirma ter trabalhado nas propriedades de autolimpeza e de facilidade de limpeza, conhecidas no meio como self-cleaning e easy cleaning, respectivamente. Essa tecnologia permite que líquidos, como o suor humano, ou outras sujidades sejam repelidos pelo tecido.

A membrana com poder autolimpante foi elaborada com um compósito de nanopartículas de sílica com dióxido de titânio. Nesse caso, a sujeira é inicialmente absorvida pelo tecido para, em seguida, ser degradada ao ser exposta a uma fonte de luz ultravioleta (UV). O biotecido desenvolvido por Andreia é revolucionário, pois tem potencial de vir a substituir peças esportivas confeccionadas a partir de tecidos de plástico, como o poliéster. Os tecidos de plástico são um problema ambiental, pois liberam microplásticos no rios e mares após lavagens na máquina de lavar roupas. Além disso, eles são difíceis de reciclar e acabam ocupando espaço em aterros sanitários, quando não são descartados incorretamente no ambiente.

Dê uma olhada em um vídeo da agência Fapesp sobre biotecidos:


Fontes e adaptação de Agência Fapesp, Notícias R7 e TED Talk

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