* Por Daniela Lago Burity
Um dos maiores desafios que as empresas enfrentam atualmente é o conflito entre a sua identidade e a segmentação de mercado. Muitas vezes elas tentam servir tantos segmentos de mercados diferentes e necessidades distintas que terminam com produtos desconectados e estratégias mal alinhadas, gerando confusão para os clientes quanto a sua real essência. Embora essas empresas possam estar operando de maneira satisfatória em muitos parâmetros, essa falta de foco cria dificuldades para vencer no longo prazo.
Segundo uma pesquisa realizada pela Harvard Business Review foi comprovado que as empresas com uma forte identidade tem maior chance de obter sucesso empresarial, ela impulsiona a sua organização para melhor executar e desenvolver tarefas, e fornece a estrutura para o seu melhor funcionamento.
Sendo assim, manter bem definido o DNA da sua empresa é fundamental para o seu desenvolvimento, oferecendo produtos únicos e com identidade própria, conhecendo a fundo o seu nicho de mercado e o seu público-alvo, e estruturando de maneira segura os caminhos que deverá seguir para deixar seu cliente sempre encantado.
Investir no novo faz parte da rotina dessas empresas, sempre abertas e atentas as novas idéias, construindo pontes seguras para alcançar oportunidades e formando uma estrutura de valores agregados, repensando relacionamentos saudáveis e estimulando e desenvolvendo novas parcerias que funcionem como impulsionador de força, procurando sair sempre da sua zona de conforto.
Superdry, uma marca com DNA japonês + americano, nascida na Inglaterra.
Quem visita as lojas da marca Superdry, não tem a menor idéia que ela nasceu aqui mesmo na Inglaterra, vendendo camisetas em Cheltenham em 1985 e teve a sua primeira loja inaugurada em 2004, no Covent Garden em Londres.
Com uma mistura perfeita entre inspiração hip-japonesa e o vintage americano, a marca abrange uma variedade de produtos, desde peças de vestuários, maquiagens à acessórios.
A fórmula parece ter dado certo, pois já tem fãs como Jude Law, Kate Moss e David Beckham.
Um estilo urbano com uma vibe retrô-contemporânea única.
A empresa cresce a olhos vistos. Além de lojas espalhadas por toda Inglaterra e Irlanda, e de concessões na loja de departamento House of Fraser. A Superdry parece ter também um imenso potencial internacional, e já possui lojas ao redor do mundo: Austrália, Dubai, Bélgica, França, Alemanha, Estados Unidos, entre outros.
Seus “pseudo-japoneses” logos estão estampados em quase tudo da marca, assim como, a bandeira japonesa e o seu ideograma e tudo que possa representar a Terra do Sol Nascente.
A grande idéia ocorreu depois de uma viagem ao Japão de um dos fundadores da companhia, James Holder. Segundo Holder, ele amou a moda das ruas de Tóquio, suas cores vibrantes e suas estampas gráficas. E ali, teve a certeza da direção que queria para a sua empresa, adicionando o lado “relax/cool” americano, também muito presente na identidade da marca.
Para ele, o sucesso comercial da Superdry estão em um DNA forte e um público-alvo bem definido e fiel.
H&M & parcerias: quando o luxo encontra o fast fashion
No mês de maio desse ano foi anunciada a próxima colaboração da varejista H&M com a grife Kenzo, marca conduzida pela dupla de criadores Carol Lim e Humberto Leon.
A coleção chegou às flagships stores no hemisfério norte no dia 3 de novembro, causando um enorme burburinho no mercado da high street e quase um crash no site da fast sueca.
Em Londres, filas de consumidores acamparam em frente a flagship store, situada na Oxford Street e esperaram bastante ansiosos pela abertura da loja.
O varejo desde há algum tempo, tem utilizado desse ingrediente premium na formação de parcerias de sucesso, marcando um novo paradigma que funde marcas de alta costura com marcas têxteis de grande consumo, permitindo a milhões de pessoas adquirir peças de luxo a um preço mais acessível. Veja o histórico das colaborações da H&M, ao longo dos anos na timeline abaixo:
- 2004: Karl Lagerfeld
- 2005: Stella McCartney, Elio Fiorucci, Solange Azagury-Partridge
- 2006: Viktor & Rolf
- 2007: Roberto Cavalli
- 2008: Rei Kawakubo and Comme des Garçons
- 2009: Matthew Williamson, Jimmy Choo, Sonia Rykiel
- 2010: Sonia Rykiel, Lanvin
- 2011: Versace
- 2012: Versace, Marni, Maison Martin Margiela
- 2013: Isabel Marant
- 2014: Alexander Wang
- 2015: Balmain
No mundo dos fashionistas, o buzz causado pela divulgação das primeiras imagens da mais recente colaboração não se fez esperar. Desde de artigos publicados na edição online Vogue inglesa, passando pela Vogue USA, e em inúmeras publicações como também, formadores de opinião, representando apenas uma gota no oceano web de notícias sobre o assunto. É bem certo que as cores vibrantes, os padrões-tigre e a ousadia da maison parisiense não agradam à todos, mas geraram uma enorme expectativa em relação ao seu lançamento, como aliás, foram todas as colaborações anuais que a fast gigante sueca anunciou, o que parece óbvio, é que a democratização da moda realmente veio para ficar.
Zara e Topshop: otimização das coleções de moda.
E o varejo do hemisfério norte mostra-se cada vez mais competente em relação à essa questão, utilizando cada vez melhor tempo e recursos, aproveitando-os no potencial máximo para gerar coleções de sucesso. Como exemplo a espanhola fast fashion Zara e a inglesa Topshop que colocam peças novas em suas lojas toda semana.
Atualmente, quase todas as gigantes varejistas, lançam várias mini-coleções constantemente e extremamente bem coordenadas durante toda a estação.
Com uma construção muito mais otimizada, as famílias dessas mini-coleções, também estão bem menores, e comunicando-se entre si, tornando o processo criativo extremamente dinâmico e eficiente, e o consumidor satisfeito com as novidades sempre frescas oferecidas pelo mercado.
Definir um propósito claro e focar no que realmente agrega tem sido um antigo desafio para a maioria das organizações, mas vale cada esforço para a construção da sua identidade própria, pois prova não só ser apenas uma estratégia vencedora para resultados promissores, mas também um motivador incrível para os funcionários, que executarão o seu melhor, possuindo a convicção de suas contribuições para o sucesso da empresa.
“Não podemos prever o futuro, mas podemos criá-lo.” Peter Drucker
* Daniela Lago Burity é Retail Specialist & Fashion Forecaster do TrendZ Bureau de Londres
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