Jacqueline e John Fitzgerald Kennedy deixando a Igreja após a cerimônia de seu casamento Foto: Arquivo
Ann Lowe não teve seu nome reconhecido, apesar de também ter entre seus clientes os Rockfeller e os Roosevelt.
Jacqueline Kennedy Onassis é um nome incontornável da moda. Morta em 1994, a ex-primeira dama americana continua a ser um símbolo de elegância, bom gosto e faro aguçado para a escolha de suas roupas. Que o diga a atual ocupante da Casa Branca, Melania Trump , que já apareceu algumas vezes vestida à la Jackie. Talvez só Audrey Hepburn tenha exercido o mesmo fascínio — duradouro e intenso — nos corações dos amantes da moda.
Fascínio que começou quando Jacqueline Lee Bouvier se casou com o então senador John Fitzgerald Kennedy , em setembro de 1953. Eram jovens e bonitos, enfim, uma promessa. Seu vestido de noiva já mostrava os primeiros sinais do estilo que daria a Jackie o título de "ícone da moda": já estavam lá o colar de pérolas , uma herança de família, e o decote ombro a ombro, que ela usaria tantas outras vezes. O modelo, todo confeccionado em tafetá marfim, consumiu mais de 45 metros de tecido e, apesar da saia volumosa, tinha a elegância discreta que é tão marcante em Jackie. Foi, e continua sendo, copiado por noivas mundo afora. Mas, você sabe quem desenhou o vestido de noiva de Jacqueline Kennedy?
Um Tuíte, que viralizou esta semana, trouxe a história do vestido de volta. E com ela a história de uma mulher negra que jamais recebeu crédito por sua obra: Ann Lowe .
"Ann Lowe nunca recebeu crédito pelo vestido em vida. Quando questionada sobre quem tinha feito o vestido, Jackie simplesmente respondia: 'uma costureira de cor'", diz o post, que teve dezenas de milhares de compartilhamentos desde sua publicação, em 27 de agosto.
Ann Cole Lowe nasceu em dezembro de 1898, em Clayton, no estado americano do Alabama. A bisavó foi escravizada em uma fazenda onde era abusada sexualmente pelo proprietário da terra. A avó, nascida dessa violência, e a mãe eram costureiras, e foi com elas que Lowe aprendeu seu ofício.
Quando a mãe morreu, deixou inacabados quatro vestidos de festa encomendados pela primeira-dama do Alabama. Lowe, então com 16 anos, os finalizou e nunca mais parou de trabalhar.
Lowe se casou e teve um filho e, quando o marido pediu que deixasse de costurar, ela aceitou por um tempo, mas o deixou quando foi contratada para fazer o vestido de casamento de uma cliente na Flórida.
Aos 18 anos, ela se mudou para Nova York com o filho disposta a estudar moda. Deixou a administração da escola em choque ao perceberem que tinham admitido uma mulher negra. Segregada dos colegas de classe, teve desempenho excelente e se formou antes do tempo, apesar de ser obrigada a assistir às aulas sozinha em uma sala separada. Depois da graduação, Lowe voltou para a Flórida, onde abriu o ateliê Annie Cohen e passou a costurar para a elite local.
Foram dez anos de trabalho na Flórida até que a estilista retornasse a Nova York. Na cidade, já a capital da moda americana, passou a desenhar para grandes varejistas como Henri Bendel , Neiman Marcus e Saks Fifth Avenue . Cansada de não receber crédito, abriu com o filho um ateliê e passou a criar vestidos para a alta sociedade, incluindo os Rockfeller e os Roosevelt .
Em 1942, Lowe foi contratada por Janet Auchincloss, mãe de Jacqueline, para desenhar o vestido de seu casamento com Hugh D. Auchincloss. Anos depois, em 1953, Janet indicou Lowe para desenhar o vestido de noiva de sua filha. Mas Jackie tinha voltado de Paris e queria um vestido "simples e francês", coisa que o patriarca dos Kennedy, Joseph Kennedy, não aceitou.
Ann Lowe e suas assistentes trabalharam no vestido de Jackie durante meses. Dez dias antes da cerimônia, um incêndio no ateliê destruiu dez dos 15 vestidos encomendados à estilista para a festa, incluindo o da noiva, o de sua mãe e os das madrinhas. Foram dias e noites de trabalho insano para recuperar tudo a tempo da festa. Ao final, Lowe perdeu dinheiro com a encomenda.
Quando foi pessoalmente a Newport entregar os vestidos, Ann Lowe foi guiada à entrada de serviço, mas se recusou. Ela teria dito que os vestidos entrariam com ela pela porta da frente ou voltariam a Nova York. Entraram todos pela frente.
Embora a festa de casamento de Jacqueline e John F. Kennedy tenha tido ampla cobertura da mídia, o nome de Ann Lowe só apareceu uma única vez, em uma matéria do jornal americano "Washington Post".
A historiadora da moda Margaret Powell, morta no ano passado, trabalhava em um livro sobre Lowe. Ela chegou a afirmar que a frase atribuída à Jackie — "Eu queria ter ido a Paris, mas uma pessoa de cor fez o vestido" — nunca foi dita. Fake news.
Sabe-se, no entanto, que foi apenas em 1964, quando Ann Lowe deu entrevista à revista "Ebony", que Jacqueline soube do incêndio no ateliê e de todo o esforço da estilista e de sua equipe para que o vestido ficasse pronto a tempo da cerimônia.
Ann Lowe também desenhou o vestido que a atriz Olivia de Havilland usava quando recebeu o Oscar de Melhor Atriz pelo filme "Só resta uma lágrima", em 1947. Na etiqueta constava "Sonia Rosenberg".
Ann Lowe foi a primeira mulher negra americana a ser reconhecida como designer de moda. Apesar da reputação de seu trabalho no high society americano, em meados dos anos 1960, a estilista acumulava dívidas na casa dos milhares de dólares. Os clientes pagavam valores menores a mulheres negras.
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Ann Lowe foi a primeira mulher negra americana a ser reconhecida como designer de moda. Apesar da reputação de seu trabalho no high society americano, em meados dos anos 1960, a estilista acumulava dívidas na casa dos milhares de dólares. Os clientes pagavam valores menores a mulheres negras.
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