Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Por Marcelo V. Prado

 

Os desafios do Omni-Channel fazem marcas recuarem

Em colunas anteriores, fizemos menção ao avanço das estratégias de venda de artigos de moda pelo sistema multicanal, o que é hoje uma realidade nas grandes empresas de moda do mundo e também do Brasil. Quem atua nesse setor tem tido a oportunidade de acompanhar a movimentação de algumas de nossas principais empresas, fabricantes e redes de varejo na implantação de diferentes plataformas de comercialização, com o objetivo de oferecer maior facilidade para a aquisição de seus produtos pelos consumidores-alvo. O modelo multicanal se traduz pela operação de uma mesma marca em canais de venda variados, como lojas próprias, franquias, e-commerce, catálogos, lojas multimarcas, entre outros.

As tecnologias atualmente existentes para a gestão das empresas de moda, como, por exemplo, os sistemas de ERP, a automação de depósitos, da expedição e do desenvolvimento de produtos, entre outros, têm oferecido os meios necessários às grandes empresas para atuar, com certo grau de eficiência, em diferentes canais de venda, sem que isso cause um caos na organização da produção, nas entregas, nas contas a receber etc.

Passados quase dez anos do início desse processo, o acesso a essas novas tecnologias, cada vez mais onipresentes no mercado, está motivando algumas das principais marcas de moda americanas e europeias a se aventurarem no “Omni-Channel”, sempre com a intenção de avançar na oferta de conveniênciase serviços a seus clientes.

E aqui vale uma explicação para quem ainda não se acostumou com a expressão “Omni-Channel”, que nada mais é que um sistema de venda que combina diferentes canais de comercialização, com o intuito de melhor atender às exigências dosconsumidores. Por exemplo, um fenômeno hoje recorrente, principalmente entre os mais jovens, éa preferênciapela conveniência da compra pela internet, em contraponto ao tempo despendido na busca peloproduto em uma loja física,mas sema disposição de esperar pelos prazos regulares de entrega. Hoje, o consumidor quer comprar pela internet num dia e usar o produto no dia seguinte, o que sugere às marcasdesafios logísticos impossíveis de serem atendidos emgrande parte dos casos.

Para quemjá atua no sistema multicanal e contacom sistemas integrados de gestão dos estoques, porém, é possível oferecer a um cliente da loja virtual a opção de retirar o produto no mesmo dia da compra em uma loja (por exemplo) da rede franqueada próxima à casa dele.

Certamente, esse é um serviço e tanto, plenamente alinhado com o ritmo de vida acelerado dos dias atuais e que aproxima a conveniência da internet com a satisfação da compra em uma loja física, onde é possível usufruir imediatamente do produto recém-adquirido, como é o caso dos artigos de moda.

Apesar da atratividade do modelo “Omni-Channel” e da disponibilidade dos recursos tecnológicos necessários à sua operação, as marcas mais adiantadas nesse formato (que ainda não são muitas no mundo da moda) reclamam que a conta não está fechando. Ou seja, esse lado do negócio tem enfrentado tantas dificuldades operacionais, logísticas, tributárias etc. que o lucro não tem vindo,fazendo com que alguns recuemdesse tipo de estratégia.Semdúvida, o modelo é complexo e o preço a pagar pelo pioneirismo é sempre maior, o que por si sójá serve de alerta às empresas que intencionam se aventurar nesse modelo de venda.

Por ora, acredito que a prioridade deva estar um passo atrás, ou seja, na busca da eficiência na comercialização multicanal, pois esse já é um caminho sem volta para as grandes marcas de moda. Para elas, o momento de agregar canais de venda complementares (e não concorrentes), que facilitem o acesso dos consumidores-alvo a seus produtos,é agora.Quanto ao “Omni-Channel”, porém, a impressão que trago dos seminários dos quais tive a oportunidade de participarlá fora é de que ainda demanda muito aprendizado por parte das empresas antes de oferecer a rentabilidade mínima necessária. Sucesso!

 

Indicadores

 

– A produção de vestuário teve queda de 31,2% em dezembro, comparado ao mês anterior. Se comparado ao ano de 2013, houve queda no volume físico produzido de 3,2%, segundo dados preliminares da pesquisa industrial mensal do IBGE, ainda a serem validados pela pesquisa anual do IEMI, em andamento. O pessoal ocupado no setor teve queda de 2,4% no mês, acumulando queda de 3,1% no índice anual.

– As vendas no varejo de vestuário obtiveram alta de 73,6% em volumes e 75,4% em valores no mesmo período (dados preliminares). No ano de 2014, acumularam um resultado negativo de 1,1% nos volumes vendidos, porém positivo em 3,4% nos valores da receita, se comprado ao ano de 2013.

– Segundo o IBGE, os preços do vestuário no varejo caíram0,69% em janeiro de 2015; em relação ao mesmo mês de janeiro de 2014,houve alta de 3,09%.

– Já as exportações brasileiras de vestuário alcançaram US$ 7,6 milhões em janeiro deste ano, com queda de 12,7% em relação a janeiro de2014, enquanto as importações chegaram a US$ 242,9milhões, quedade 9,0%.Embora a balança comercial ainda esteja deficitária, houve queda no saldo de 8,8%, resultando em US$ 235,3 milhões negativos.

 

Conjuntura do setor de vestuário no Brasil

1. Produção, emprego, preços (%)

No mês

No ano

Últimos 12 meses

. Produção física (dezembro 2014)

-31,2%

-3,2%

-3,2%

. Emprego (dezembro 2014)

-2,4%

-3,1%

-3,1%

. Vendas no varejo em volumes (dezembro 2014)

73,6%

-1,1%

-1,1%

. Vendas no varejo em valores (dezembro 2014)

75,4%

3,4%

3,4%

. Preços ao consumidor (janeiro 2015) IBGE (1)

-0,69%

-0,69%

3,09%

2. Comércio exterior (US$ 1.000)

Jan. 2014

Jan. 2015

Variação (2)

. Exportação

8.685

7.583

-12,7%

. Importação

266.833

242.925

-9,0%

. Saldo (exportação – importação)

-258.148

-235.342

-8,8%

Fontes: IBGE/Secex. Elaboração Iemi.

Notas: (1) IPCA – Índice de preços ao consumidor amplo – Brasil

(2) Variação de janeirode2015contra janeiro de2014

 

 

Marcelo V. Prado é sócio-diretor do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi) e membro do Comitê Têxtil da Fiesp.

coluna.cp@iemi.com.br

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