Existe uma turma no Rio de Janeiro que se prepara para ir às compras. Não é uma galera qualquer. Eles estão organizando uma grande festa. Têm um orçamento de R$ 3 bilhões para as compras do evento. Em compensação, sua lista é complexa e extensa. São cerca de 30 milhões de produtos a adquirir. Tem de quase tudo, desde mesas e cadeiras a equipamento esportivo como bola de tênis e rede de vôlei, passando por cronômetros e painéis sofisticados. E, é claro, bandeiras de 70 países e medalhas de ouro, prata e bronze. Esses organizadores estão preparando os Jogos Olímpicos do Rio. Dizem que as Olimpíadas são a maior operação de logística em tempos de paz. Por isso, o plano do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016 é usar esse poder de compra para garantir que os itens usados nos jogos sejam ecologicamente e socialmente corretos. E que esse esforço de compras ajude diversos fabricantes no país a atender critérios de sustentabilidade mais elevados. “Queremos ter um impacto transformador na cadeia de fornecedores do Brasil”, diz Tania Braga, gerente de sustentabilidade do comitê.
O comitê preparou um manual de compras com critérios de sustentabilidade. E vem trabalhando para desenvolver os fornecedores em algumas áreas.
Um dos desafios é na área de alimentação. Serão 14 milhões de refeições servidas nos refeitórios da Vila Olímpica e outras áreas da competição. O plano é oferecer vários menus com opção de orgânico, vegetariano, vegano, kosher e outros. “Precisamos dar conforto a quem vem de diferentes países e segue diferentes tradições ou religiões”, diz Tania. Além da diversidade, o comitê quer garantir alguns princípios. A carne de boi precisa vir de fornecedor que garanta não comprar de pecuarista em área de desmatamento ilegal. O comitê está trabalhando com as ONGs WWF e Conservação Internacional para selecionar o critérios de rastreabilidade para a carne. O peixe também deve ser certificado. O comitê fez uma parceria com o Marine Stewardship Council, organização internacional responsável pela principal certificação marinha. Além de comprar de produtores internacionais já certificados, o comitê quer incentivar pescadores do Brasil. “Queremos incentivar um sistema de certificação que nos permita servir pirarucu de pesca sistentável na Amazônia ou de uma reserva extrativista marinha no litoral do Brasil”, diz Tania. Se conseguirem isso, podem ajudar a dar valor para a produção dos pescadores da Amazônia e quebrar as barreiras que dificultam a entrada dos maravilhosos pescados da região Norte no mercado do Sudeste.
Para escolher os produtos não perecíveis, o comitê encomendou um estudo de ciclo de vida dos materiais. Ele considerou os impactos de toda a vida do produto, desde a origem até o descarte final. Com isso, o comitê montou um sistema baseado em cores. Os tipos de produto em vermelho não devem ser comprados. Para os laranjas, é bom procurar opção. Os itens em azul estão livres.
Com base nesse sistema de cores, o comitê começou a decidir os materiais para os cenários da competição. Boa parte das toneladas encomendadas para os jogos servem para o que eles chamam de “look dos jogos”. São os painéis com a logomarca das Olimpíadas e as cores que ficam no fundo das quadras e nos ambientes da competição. É o que as pessoas mais veem pela TV. Essas estruturas consomem muita lona, PVC, madeira e tecidos. A partir da análise de ciclo de vida, o comitê decidiu substituir os painéis de lona, que incluiem produtos químicos pesados na produção, por outros de tecido. O desafio atual é encontrar um substituto economicamente viável para o PVC, que também envolve química pesada e é de difícil descarte ou reciclagem.
Nem sempre essa política implica em preço mais alto. Foi o que o comitê descobriu na hora de comprar lâmpadas para a sede, localizada na Cidade Nova, perto da prefeitura do Rio. A sede do comitê é um prédio modular, armado com contêiners. Ele vai crescendo aos poucos, recebendo mais metro quadrado e mais andares na medida em que os jogos se aproximam. “Quando fomos encomendar os primeiro lote de lâmpadas pensamos em usar LED no lugar das fluorescentes tradicionais em escritórios”, diz Tania. Cada lâmpada de LED custava o triplo do preço na ocasição. “Mas fizemos a conta completa”, diz. Primeiro, um arquiteto avaliou que, para iluminar a mesma sala, bastam 4 lâmpadas LED em vez de 6 fluorescentes. Depois, consideraram que a LED dura muitos anos. “Quando os jogos acabarem, devolveremos as lâmpadas com a estrutura da empresa que constriuiu o prédio. Levando em conta tudo isso, e mais a economia na conta de energia, o preço da LED passou a valer a pena”, diz Tania.
Madeira é um assunto sério para quem organiza dos jogos. A começar pelo mobiliário. São 80 mil camas, 40 mil armários além de 485 pódios para os medalhistas. Nos esportes coletivos, como vôlei, o time todo sobe no pódio, e é necessário mais de um módulo de pódio. O comitê está trabalhando com o Forest Stewardship Council (FSC) que certifica produtos de origem florestal. “Conseguimos certificar 8 indústrias moveleiras pequenas e médias do Brasil e estamos com 13 no processo”, diz Tania.
Os atletas e profissionais hospedados na Vila Olímpica descansarão em 22 mil almofadas. “Queríamos que elas fossem feitas por artesão das favelas do Rio”, diz Tania. O comitê buscou ONGs que trabalhassem com cooperativas de artesanato nas comunidades. Fizeram uma concorrência simplificada, para as ONGs comunitárias participarem. “Funcionou. Elas têm até junho de 2016 para entregar as almofadas”, afirma Tania. A maior parte do material é entregue mais próximo da data dos Jogos, para facilitar o transporte e o armazenamento.
Os fornecedores nacionais de todos os materiais e serviços dos Jogos precisaram apresentar uma meta de oferecimento de primeiro emprego ou para contratação de moradores das favelas do Rio. “Cada empresa oferecia sua meta e nós avaliávamos junto com os outros critérios”, diz Tania. O comitê também foi verificar as condições de trabalho dos fornecedores. Inclusive fora do Brasil. Um grupo de compradores do comitê organizador passou um ano vistoriando 5 fábricas de materiais têxteis na China. “Fizemos uma lista de exigências para que eles melhorassem as condições de trabalho e fomos conferir se cumpriram”, afirma.
A ideia de mudar os critérios de compra chegou até às medalhas. O comitê desafiou a Casa da Moeda do Brasil, responsável pela fabricação dos biscoitos de ouro, prata e bronze, a usar a maior quantidade possível de metal reciclado. Serão 5400 medalhas cunhadas para os Jogos. Os três metais são encontrados em aparelhos eletrônicos descartados. Também é possível recuperar ouro de aparelhos antigos de radiografia. O Comitê Organizador e a Casa da Moeda irão anunciar o percentual de reciclagem das medalhas quando o design delas for oficialmente apresentado no segundo semestre deste ano.
FONTE: http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-planeta/noticia/2015...
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É triste em ver que a cadeia têxtil do Brasil foi esquecida, acredito que nos quesitos, social e sustentável, temos como atender até melhor que a indicada.
aI O COMITE FOI VERIFICAR SE IRÃO ATENCDER AS EXIGENCIAS, "como trabalho escravo, AI RESPODERAM "SIM" e todos acreditaram....., Foram analisar o material a ser entregue e todos certificaram de alta qualidade, ai foram ver os têxteis a serem usados e novamente "SIM" aprovados... que merda é este pais. AQUI NADA SE IMPÕE, NADA SE ESPECIFICA EM NOSSA QUALIDADE, EM NADA PODEMOS BATER O PÉ E DIZER, ISTO SERÁ PRODUZINO NO BRASIL.
Na copa do mundo 2014, um ano antes fiz provas de jalecos que foram usados pelos coordenadores/fiscais e funcionários gerais. Bem foram aprovados ,mas amostras foram levadas e produzidas na china, não é uma merda!!!!
Este comitê de que falas, é tão quanto , quanto nossos políticos, quem dá mais leva, se é que me entendes.
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