ONU: acordo sobre indústria têxtil em Bangladesh deve ser global

[Romildo de Paula Leite]

Os esforços das grandes marcas europeias para melhorar a segurança nas fábricas de produtos têxteis em Bangladesh, após a catástrofe que deixou cerca de mil mortos, devem ser feito no mundo inteiro, declarou um especialista da ONU nesta segunda-feira, em Genebra.

"Está claro que nós não devemos aplicar dois pesos e duas medidas", declarou o vice-diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho, Gilbert Houngbo, ao apresentar um relatório da OIT sobre esse país.

Em Bangladesh, "já concluímos um acordo, mas nós temos de garantir que os outros países - na região e também nas outras regiões - também tenham um", declarou à imprensa o ex-primeiro-ministro do Togo.

O setor da indústria têxtil foi obrigado a fazer reformas depois do desabamento de um complexo em abril passado, perto de Dacca, capital de Bangladesh. O acidente deixou 1.135 mortos, tornando-se uma das piores catástrofes industriais no mundo.

A tragédia levou o governo desse país e algumas das grandes marcas europeias instaladas nesse complexo têxtil a melhorar as condições de trabalho dos funcionários. As medidas preveem, sobretudo, inspeções mais frequentes de equipamentos contra incêndio e da segurança dos imóveis.

O setor emprega pelo menos quatro milhões de pessoas, mulheres em sua maioria. O salário médio é de US$ 38. Em seu relatório de 170 páginas, a OIT denuncia esses salários, os mais baixos do mundo, e pede mais reformas.

Comparativamente, a organização cita a média salarial dessa indústria em outros países, como Camboja (US$ 80), Índia (US$ 71), Paquistão (US$ 79), Sri Lanka (US$ 73) e Vietnã (US$ 78).

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