Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

A Comissão Económica para a Europa e a Comissão Económica para a América Latina e as Caraíbas das Nações Unidas publicaram novas propostas para reduzir os impactos das exportações de vestuário, afirmando que a Europa está a ficar para trás.

[©Pixabay-Marie]

Segundo o documento, o Velho Continente está atrasado na triagem e reciclagem de têxteis, devido às fibras sintéticas de baixo custo e à liberalização do comércio, que permite a aquisição de demasiado vestuário usado de baixa qualidade produzido em países com salários baixos.

Na Europa, refere, apenas 15% a 20% dos têxteis descartados são recolhidos, geralmente através de contentores, coleta porta a porta e doações. Cerca de metade dos têxteis recolhidos são reciclados para serem usados ​​em, por exemplo, isolamento, enchimentos e toalhetes húmidos industriais de uso único. Apenas 1% é reciclado em produtos de maior valor, como vestuário novo, enquanto o restante é exportado para países em desenvolvimento.

Dos 55% de vestuário recolhido que é reutilizável, apenas 5% têm valor nos mercados de segunda-mão na UE, enquanto 50% têm valor nos mercados de exportação, detalha o documento.

Como tal, a União Europeia triplicou as suas exportações de vestuário usado nas últimas duas décadas, de 550.000 para 1,7 milhões de toneladas. A Europa, incluindo o Reino Unido, representa agora mais de um terço das exportações globais de roupa usada e essa quota pode continuar a crescer, já que as taxas de recolha devem aumentar.

Segundo a Comissão Económica para a Europa das Nações Unidas (UNECE), abordagem de economia circular liderada pelo design para o vestuário ainda está na sua infância. O Plano de Ação para a Economia Circular da UE (CEAP) foi adotado em 2020, a Estratégia Europeia para os Têxteis Sustentáveis ​​e Circulares foi adotada em 2022 e o Regulamento de Ecodesign para Produtos Sustentáveis ​​da UE foi gizado em 2023. Contudo, estas políticas ainda precisam de dar frutos na forma de soluções a larga escala para o problema dos resíduos têxteis.

«O mercado mundial de vestuário usado está em constante crescimento e, com ele, os seus impactos negativos. A indústria têxtil tem uma responsabilidade fundamental de adotar práticas mais sustentáveis, os exportadores e importadores têm de adotar decisões políticas relevantes para promover a rastreabilidade, a circularidade e a sustentabilidade. As recomendações e padrões de políticas da UN/CEFACT apoiarão essa transição. E, claro, todos temos um papel a desempenhar, como consumidores, para fazer escolhas sustentáveis», sublinha Tatiana Molcean, secretária-executiva da UNECE.

O grave problema do Chile

De acordo com dados da ONU Comtrade, em 2021 a União Europeia (30%), a China (16%) e os EUA (15%) foram os principais exportadores de vestuário usado, enquanto a Ásia (28%, predominantemente o Paquistão), a África (19%, especialmente o Gana e o Quénia) e a América Latina (16%, com destaque para o Chile e a Guatemala) foram os principais importadores.

Isso foi facilitado pelo advento de fibras sintéticas de baixo custo e pela liberalização do comércio, que permitiu o sourcing em países com mão de obra barata. Grande parte da roupa é feita com misturas de fibras difíceis de separar, tornando raras as oportunidades de reutilização económica e reciclagem, particularmente em países desenvolvidos.

«Quando é que normalizamos o deitar a roupa fora?», questiona Lily Cole, ativista climática e consultora da UNECE. «À medida que o mundo, principalmente o “Norte Global”, produz e consome moda a um ritmo implacável, vários países, principalmente no “Sul Global”, tornaram-se cemitérios para o vestuário não amado do mundo», aponta.

A maioria dos países da América Latina (incluindo Argentina, Brasil, Colômbia, México e Peru) introduziu proibições de importação de vestuário para proteger as respetivas indústrias têxteis e de vestuário e evitar as ameaças representadas pelo despejo de roupa.

Em contrapartida, o Chile não cobra tarifas e não aplica restrições de quantidade nas importações, exigindo apenas que as remessas sejam higienizadas (por fumigação). Tornou-se, por isso, um dos 10 maiores importadores do mundo e o primeiro da América Latina, tendo recebido 126.000 toneladas de têxteis em 2021. 40% entraram no país pelo porto de Iquique, no Norte, onde são selecionados manualmente, principalmente por mulheres, e separados em primeira, segunda e terceira qualidade.

75% de todo o vestuário usado importado foi considerado não reutilizável, 30.000 toneladas das quais cobrem hoje 30 hectares do deserto do Atacama, gerando poluição e criando riscos para a saúde das comunidades locais. O documento sublinha que, ao mesmo tempo, o comércio de roupa em segunda-mão também fornece emprego e rendimento formal e informal para as populações nacionais e migrantes em lojas e mercados ao ar livre em todo o país, o que deve ser tido em consideração ao redefinir políticas públicas.

«Para abordar as questões ambientais e sociais do comércio de têxteis usados, a UE e o Chile devem trabalhar juntos na criação de estruturas regulatórias robustas. Uma parceria entre a União Europeia e o Chile poderia ser pioneira em abordagens inovadoras para regular e reduzir o impacto do comércio de têxteis em segunda-mão, inclusive estabelecendo padrões globais para o comércio de têxteis usados, com foco na sustentabilidade e na responsabilidade social», acredita José Manuel Salazar-Xirinachs, secretário-executivo da Comissão Económica para a América Latina e as Caraíbas das Nações Unidas (UNECLAC).

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