Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Erradicar as mensagens que apelam ao excesso de consumo e repensar os desfiles são algumas das diretrizes do primeiro guia de comunicação para a moda sustentável das Nações Unidas.

[©Unsplash-Jakob Owens]

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Carta da Indústria da Moda para Ação Climática apresentaram, na Global Fashion Summit, o primeiro guia para a comunicação sustentável de moda, que contou com a colaboração de mais de 160 executivos da indústria assim como dos signatários da Carta da Indústria da Moda para Ação Climática.

O documento aborda vários temas, desde a abolição da promoção das compras ao papel dos desfiles de moda e dos influenciadores e meios de comunicação. São ainda apontadas como prioridades acompanhar a ciência no que diz respeito a fazer alegações de sustentabilidade, mudar comportamentos e atitudes no sentido de uma vida com menos impacto, rever valores de inclusão e promover o ativismo. Para a moda sustentável, em específico, o documento dá primazia a definições que estão «profundamente interligadas com o ambiente natural», assim como à promoção da diversidade resultante da herança cultural e tradições artesanais.

«O equilíbrio entre a ciência da sustentabilidade e a redefinição da narrativa da moda é onde os comunicadores podem ser excelentes. Há muito poder nas histórias que a moda conta. Se o sector da moda quer atingir os seus objetivos de sustentabilidade, precisamos que a sua enorme máquina de marketing redirecione os seus esforços para o consumo sustentável», afirma Daniel Cooney, diretor de comunicação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

«A indústria da moda reconhece que as mudanças que tem que implementar são sistémicas. Mudar os comportamentos dos consumidores e confrontar o papel que o marketing e o storytelling têm nisso é crucial», sublinha Ina Parvanova, diretora de comunicação e engajamento da Ação Climática das Nações Unidas.

Dos desfiles aos influenciadores

Na sua essência, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente argumenta que os comunicadores de moda podem fazer mais para inspirar a mudança social. «Isso é fundamental para a génese do guia», indicou Rachel Arthur, que lidera a área de moda sustentável no Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, ao WWD. «A forma como apresentamos [e comercializamos] a moda tem de estar em cima da mesa e ser parte da conversa para avançarmos na sustentabilidade», acrescentou.

A questão dos desfiles de moda é um bom exemplo, referiu Rachel Arthur. «Sabemos que os desfiles de moda são uma forma de marketing. São pensados para inspirar a criatividade e a compra e ser um ponto de partida para o negócio. Não quer dizer que qualquer um desses elementos tenha de acabar. Temos de pensar sobre a pegada carbónica dos próprios desfiles, mas isso não é suficiente», considera.

Usando uma viagem recente de influenciadoras como um caso de estudo real, Bettina Heller, responsável do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente sediada em Paris, deixa em aberto se viagens, compras e conteúdos patrocinados são formas éticas de prosseguir no futuro.

«Não estamos numa posição de avaliar se é ou não ético», destaca. «Cada a cada comunicador individual. Não estamos, de forma alguma, a dizer que a comunicação deve parar. Na verdade, queremos que o guia se aplique a qualquer pessoa, seja um player da fast fashion ou influenciador», acrescenta.

Há, contudo, indicações claras do que fazer ou não em alguns tópicos, nomeadamente em cenários como mostrar heranças culturais ou artesanais, mas «não se apropriar do trabalho e culturas dos outros sem os créditos devidos». Outro exemplo pede aos influenciadores para mostrarem mais o facor positivo da moda sustentável face ao consumo irrefletido.

«A principal intenção é que sirva de guia e enquadramento. É o compromisso de comunicação que já se alinha com a Carta da Indústria da Moda para Ação Climática. Para os signatários, dá uma configuração. Para o resto da indústria, não estamos a pedir novos signatários. Reconhecemos que toda a gente está em fases diferentes. Se quiserem ser super transparentes, que é uma das recomendações, é preciso tempo para testar o que funciona», realça Rachel Arthur.

Atualmente 100 empresas e organizações assinaram a Carta da Indústria da Moda para Ação Climática, incluindo a Adidas, LVMH, H&M e Primark, assim como fornecedores como o Crystal Group e o TAL Apparel. De Portugal, de acordo com a informação disponibilizada no website da iniciativa, há apenas um subscritor deste compromisso, a especialista em químicos Aquitex.

https://portugaltextil.com/onu-quer-mudar-a-comunicacao-de-moda/

Para participar de nossa Rede Têxtil e do Vestuário - CLIQUE AQUI

Exibições: 33

Responder esta

© 2024   Criado por Textile Industry.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço