Existem muitas variedades de rendas, cada tipo usa uma técnica específica que define suas formas, texturas e finalidades. Vamos apresentar aqui no blogModacad alguns dos mais famosos tipos de rendas produzidos no Brasil.

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Renda Abrolhos

Essa renda é feita desfiando as pontas de um tecido, formando longas barras de franjas e os fios dessas franjas são trançados e amarrados com nós especiais, tecendo os desenhos da renda.
Aqui no Brasil, esta renda era feita pelas senhoras portuguesas, auxiliadas por suas mucamas que aprenderam a técnica e a dissemiaram para o povo.

Neste contexto, as rendas abrolhos, que em sua origem eram feitas em tecidos nobres para ornamentar os enxovais das jovens portuguesas, no Brasil, inicialmente, eram feitas em sua maioria em tecidos de sacaria alvejados ou crus, por sua disponibilidade para pessoas de todas as faixas sociais.
Telma Barcellos

Nos dias de hoje, estas rendas ainda são produzidas em tecidos de sacos, bem como em tecidos nobres e populares. São tecidas também em barras de tecidos e depois aplicadas às roupas, lençois, toalhas, redes, etc. Portanto, hoje em dia, não é sempre que são feitas diretamente nas barras dos tecidos.
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Renda de Bilros

A Renda de Bilros também é chamada de Renda da Terra e, em alguns casos, de Renda do Ceará. A tradição desse tipo de renda, que por sua técnica e história é fortemente identificada com a região nordeste do Brasil, também é uma tradição na região sul, principalmente em Florianópolis. No entanto, nos dias de hoje, a produção nacional desta renda está presente nas cinco regiões do Brasil.

A renda de bilros, como a renda de Abrolhos, é uma renda feita com a técnica de vários fios. Os fios com uma das pontas presa a uma almofada, tem preso na outra ponta o bilro, com toda a extensão do fio enrolada. O padrão do desenho da renda fica fixado na almofada e marcado por alfinetes, que orientam o percurso dos fios pelo desenho ao serem trançados. Os fios são desenrolados dos bilros ao longo da extensão do trabalho e os bilros garantem também a destreza dos movimentos ao trançar.
Telma Barcellos

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Renda Frivolitê

A Renda Frivolitê é uma renda de agulha, composta de pequenos nós, originalmente feita com navetes de madeira e linhas de algodão. Estas rendas são muito usadas na produção de adornos para bolsas, bijouterias, cintos e também para roupas.

A renda Frivolitê é feita com a técnica de um fio só. O fio vai sendo encorpado por nós e os desenhos são formados pela união dos grupos de nós. Uma flor, por exemplo, pode ser a união dos grupo de nós de cada pétala, unidos pelo grupo de nós que desenha o seu miolo.

Cada grupo é arrematado por um nó de outro tipo, que marca o início da próxima sequência de nós. Os nós precisam ser dados com o fio em torno de um volume, normalmente uma agulha de variadas expessuras ou em torno de um navete de madeira.

A técnica da renda Frivolitè possibilita o corte do fio original e sua uinão com um novo fio por meio de um nó. Por isso esta renda por ser feita com um mesmo fio de diversas cores, ou até mesmo com a mistura de vários tipos e texturas de fios em um mesmo trabalho.
Telma Barcellos

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Renda Irlandesa

A Renda Irlandesa é um tipo de renda de agulha que usa como suporte o lacê, um cordão tipo soutache, envolto em linha brilhante. A rendeira desenha o padrão da renda, com caneta marcadora, em papel vegetal e prende o lacê sobre este desenho. Depois de pronto, o desenho no papel vegetal com o lacê é preso em um papelão, ou em um outro tipo de papel resistente. Este suporte é apoiado em uma pequena almofada para ser feita a costura dos pontos de diversos tipos, unindo os tracejados do lacê. Esse trabalho é feito com linha de algodão e agulha simples.
Os pontos tem nomes inusitados como pipoca, aranha, rede, corrente, abacaxi, cocada, entre outros.
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Renda Renascença ou Renda Inglesa

A Renda Renascença, tal qual a Renda Irlandesa, também utiliza o processo do lacê preso ao suporte de papel com o desenho. Os espaços entre os lacês são preenchidos com a linha e agulha, com a diferença de que após terminado o preenchimento do desenho, o lacê é retirado junto com o suporte de papel, restando apenas a renda.
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Renda Labirinto

A renda Labirinto é um emaranhado de pontos que se faz desfiando o tecido preso em um bastidor de madeira. Após desfiar o tecido, a rendeira une os fios com nós e preenche os espaços com cerzimentos. É um tipo de renda de agulha.
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Renda Macramê

A renda macramê também é uma técnica de renda de vários fios.
As rendeiras iniciam e finalizam as tranças com nós, formando padrões que desenham as rendas.

Essas rendas podem ser feitas com desenhos geométricos ou mais orgânicos. Podem ser finalizadas com franjas e até com aplicações de materiais não texteis presos nas pontas das franjas. Podem também inserir estes materiais no meio das tramas.

As rendas podem ser feitas com fios delicados ou com fios pesados, com trançados de vários fios como os barbantes e até mesmo com cordas de sizal.

Por esta ampla gama de possibilidades, as rendas de macramê delicadas podem ser usadas para adornar roupas e acessórios, enquanto em suas muitas outras formas e materiais, produz obras de arte ou mesmo utensílios como pedentes para prateleiras, cachepots, como tela para cestos, berços, biombos e em uma infinidade de tipos de aplicações.

Telma Barcellos

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História da Renda no Brasil

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A renda por seu papel original de conferir distinção aos objetos de cultos religiosos e, com o passar do tempo, de conferir distinção social e beleza às roupas e ambientes, está presente em terras brasileiras desde o início de nossa colonização.

Por isso é muito difícil precisar as orígens da sua história no Brasil. Uma coisa é certa, aprendemos suas técnicas com nossos colonizadores. E os registros desta história são mais frequentes a partir do século XVII.

No Brasil, parece que a primeira vez que se falou na palavra renda, foi ainda no reinado de D. Sebastião em 1560.

Mas foi só no reinado de D João V, com início 130 anos depois, que a produção nacional já era uma realidade. Durante este reinado, as produtoras de rendas nacionais entram em conflito com o protocolo da corte que obrigava o uso das rendas flamengas nas roupas na colônia brasileira. Este fato é a origem da "revolta das rendeiras nortenhas", que só vai conquistar de volta a liberação do uso da renda nacional nas roupas brancas de uso das pessoas em 1751, no reinado de D José.

Telma Barcellos

As técnicas de manufatura das rendas no Brasil foram ensinadas às mulheres de geração em geração e as escravas foram aprendendo testemunhando o trabalho das rendeiras, no convívio durante o trabalho doméstico e, até mesmo, quando convocadas para ajudar suas senhoras.

Essas técnicas também eram utilizadas por freiras em conventos no nordeste e foram repassadas por elas para as mulheres da região.

blogModacad-rendasbrasileiras-Debret-senhora-de-algumas-posses-em-seu-lar Pintura de Debret retratando como era a produção da renda no Brasil inicialmente

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Não existem muitos registros e documentos que possam detalhar como a produção das rendas se disseminou pelo Brasil, porém é possível perceber que inicialmente, sua concentração ocorreu em regiões litorâneas e também no sertão nordestino.

blogModacad-rendasbrasileiras-centro-de-rendeiras Centro de Renderias da Prainha, em Aquiraz-Ceará

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A profissão 'Rendeira' se tornou parte da cultura brasileira. A produção de rendas no Brasil, ainda no período colonial, teve destaque em todo o mundo, principalmente a produção das rendas de Bilros do Ceará e da renda Irlandesa do Sergipe.

No Brasil o dia da Rendeira é comemorado no dia 04 de maio e foi criado por Ômi Rendero em 2009. Esse mês foi escolhido por ser o mês da homenagem às mães e avós, já que a produção de rendas era familiar, em sua maioria feita por mulheres, e foram elas as responsáveis por passar a técnica de geração a geração, mantendo viva a tradição.

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