Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Divulgação / DivulgaçãoInterior da nova loja da Riachuelo, aberta na rua Oscar Freire, coração do comércio chique de São Paulo

Mudaram as estações, mas nada mudou. O artigo que fez sucesso na última temporada de moda, pasmem, continua "causando". E ele não é uma bolsa, um vestido ou um sapato. Ele se chama preço baixo. Isso mesmo. É ele que vem enlouquecendo consumidores, provocando burburinhos em grandes magazines e transformando lançamentos de coleções em acontecimento social. Foi assim, por exemplo, na abertura da nova Riachuelo, erguida no coração do comércio chique de São Paulo (a rua Oscar Freire), na semana que passou. Apoiada pela apresentação da coleção "Fashion Five", em parceria com personalidades do mundo fashion, a Riachuelo mostrou que o tal "fast fashion" não tem nada de "fast" - pelo menos em termos de duração. Esse fenômeno veio para ficar e ganha mais adeptos a cada ano.

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No primeiro dia de funcionamento da Riachuelo, as roupas, assinadas por gente como a modelo Fernanda Motta, a cantora Claudia Leite e o estilista Dudu Bertholini, iam sumindo das araras enquanto garçons passavam servindo espumante aos consumidores. A música estava alta e o clima era de festa. Vendedores tentavam, em vão, repor a mercadoria das prateleiras e se desdobravam para tirar as dúvidas de clientes ainda perdidos pelos andares da loja. A fila no caixa reunia quase duas dezenas de pessoas que, curiosamente, não pareciam impacientes ou desanimadas.

A razão para esse conformismo é uma só: ainda são relativamente raras as vezes em que a moda - com conceito, qualidade e frescor - vai onde o povo está. Mesmo democratizada pelo prêt-à-porter, desde meados do século passado, ela ainda chega primeiro às elites. A começar pelo formato em que é apresentada: em passarelas de eventos fechados para imprensa e convidados. As grifes que ditam as tendências, normalmente oriundas do segmento de luxo, são acessíveis a um grupo pequeno de consumidores. Portanto, quando um grande magazine - como H&M, no exterior, Riachuelo e C&A, por aqui - consegue reunir boas criações de moda e vende-las a por um valor razoável, não há limites para o sucesso.

DivulgaçãoO evento de inauguração apresentou a coleção “Fashion Five” (foto acima, à esquerda), em parceria com personalidades ligadas ao mundo da moda, como a modelo Fernanda Motta, a cantora Claudia Leite e o estilista Dudu Bertholini

E isso pôde ser, mais uma vez, comprovado pelos corredores lotados da nova Riachuelo. Da mesma forma que esse mesmo sucesso coroou os lançamentos das últimas coleções especiais da C&A, feitas em parcerias com os estilistas Roberto Cavalli, Adriana Barra e a marca anglo-brasileira Issa. Em todos esses casos, o clima era de liquidação nas Casas Bahia, com direito a cotovelada e pisão no pé na disputa por um vestido.

Mas esse cenário não seria possível se não fosse o preço - novamente ele. Porque fazer moda para vendê-la por valores astronômicos, muitas empresas fazem. O que vem mobilizando o mercado e conquistando clientes é o advento das coleções assinadas e acessíveis. Vale lembrar que desde que marcas gigantes como a Zara e a H&M resolveram entrar na disputa pelos consumidores "fashionistas", o preço deixou de ser mero detalhe. Agora ele é um atributo pelo qual o consumidor está disposto a brigar - principalmente as mulheres, a quem se dirigem nove entre dez coleções especiais. Os homens permanecem um público pouco explorado, talvez por conta de seus anseios mais contidos por artigos de moda. Mas pela velocidade com que as mulheres se acostumaram a pagar barato por artigos de moda, é de se supor que logo os homens vão estar nos grandes magazines disputando um blazer no tapa.

http://www.valor.com.br/cultura/3359804/os-precos-baixos-continuam-...

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