Pódio Natural destaca talentos fora do eixo sudestino na Casa de Criadores com criações autorais e uso criativo da fibra natural brasileira.
Iniciativa dedicada a fomentar novos nomes da moda brasileira, o Desafio Sou de Algodão montou espetáculo da sua terceira edição na última Casa de Criadores, em dezembro de 2024. A passarela abraçou os dez finalistas, dois de cada região do País, pintados entre os 1.130 inscritos, em parceria com instituições de ensino. Na pauta, a grande exigência era o uso da fibra natural, abrindo espaço para a liberdade de criação. Entre os três primeiros nomes escolhidos pelo júri, uma boa surpresa: todos vieram de fora do eixo sudeste, provando mais uma vez que é possível produzir moda sem largar suas culturas locais.
Grande vencedor da edição, Lucas nem pestaneja ao declarar que é um acumulador nato. “Gosto de guardar coisas em que vejo potencial para criar. Os meus amigos juntam para mim quando veem algo interessante, tenho uma coleção de tampinhas que pode virar uma coleção um dia”, diz o criador goiano. Esse mood é inegável nos seis looks que lhe renderam o prêmio, carregados de texturas e superfícies têxteis construídas à base de reaproveitamento de etalhos. Já inserido no mercado (foi professor, passou por confecções e hoje trabalha em ateliê de noivas), Lucas é nome confirmado na próxima edição da Casa de Criadores, em julho deste ano, apresentando coleção que expande esse viés experimental. “O upcycling foi algo que surgiu. Não é uma questão somente ambiental ou política, mas especialmente estética. Gosto de trabalhar com restos de material pelo belo”, reflete. @LUCAS.CASLU
De Macapá, mas com formação de moda feita em Belém do Pará, Fernanda tem vivência mais do que íntima com a hidrografia da região: é pelos rios que faz as 24 horas de barco que separam a sua casa da faculdade. Essa rotina, que define como terapêutica, também abre espaço para a convivência com os impactos da emergência climática e da exploração humana, especialmente as fortes secas que vêm alterando a paisagem – e a sua coleção. “Ela foi criada com os rios cheios, mas foi produzida no período da vazante. Então, precisava colocar isso de alguma forma nos croquis. Pois não eram só as secas normais: muitos rios diminuíram, dificultando o transporte, ou recuaram, deixando a água salgada do mar entrar e impactando cidades inteiras”, conta, antes de confessar que gosta mesmo é de fazer bolsas (tanto que já tem uma marca). Mas isso não a impediu de construir uma coleção nada seca de símbolos da sua cultura, como os barcos e redes, além do belo vestido que retrata os rios barrentos vistos de cima. @_NANDERA
Natural de Porto Alegre, Vitoria faz a linha da criadora que mergulha no assunto até o limite da apneia. Com formação dupla em Moda e Design de Comunicação Visual, viu a sua coleção nascer de materiais herdados da loja de lãs da avó. Foi o gatilho para criar peças carregadas nas feituras manuais, especialmente bordados e tapeçarias feitas na talagarça. Em paralelo à estética, a gaúcha quis discutir assuntos sérios: “Passei o verão em um vilarejo catarinense, onde vi uma natureza exuberante convivendo com a falta de saneamento. Isso me fez refletir sobre o impacto humano nos biomas”. Calcados em mapas e dados de estudo do Governo Federal, cada look representa uma região do Brasil e tem, em cada detalhe, mil significados a esmiuçar: do macacão do cerrado, feito em moulage, ao top sobre a caatinga nordestina, com sementes de árvores endêmicas da região. @ANTUNESVIT
Fotos: GUSTAVO ARRAIS
Edição de Moda: WILL PISSINI
Beleza: ANDRÉ MATOS
Textos: EDUARDO VIVEIROS
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