Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (11) pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), estatal vinculada ao MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), responsável por executar a política agrícola e de abastecimento de alimentos do país.
O evento feito em Brasília teve a presença do vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), os ministros Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) e o presidente da Conab, Edegar Preto.
“Os três últimos anos foram recordes no Plano Safra 2023,2024 e 2025, além de recordes de exportação. O Brasil saiu do mapa da fome, e hoje temos deflação de alimentos” disse Carlos Fávaro.
Os dados do 12o Levantamento da Safra 2024/2025 apontam que a soja teve produção recorde, estimada em 171,5 milhões de toneladas, alta de 20,2 milhões de toneladas sobre a safra passada. A maior produtividade ficou com Goiás, com 4.183 kg/ha, e a menor no Rio Grande do Sul, com 2.342 kg/ha, onde as regiões produtoras passaram por altas temperaturas e chuvas irregulares.
A safra sempre envolve dois anos porque o plantio acontece em um ano e a colheita, no seguinte. A soja, por exemplo, que foi plantada no segundo semestre de 2024 (setembro a novembro), só foi colhida no primeiro semestre de 2025 (janeiro a abril).
Houve produtividade recorde na média nacional nas lavouras de milho, considerando as três safras do grão, estimada em 6.391 quilos por hectare no atual ciclo. Com isso, espera-se produção total de 139,7 milhões de toneladas na safra 2024/25, alta de 20,9% em relação a 2023/24 e a maior do produto registrada pela estatal.
Na primeira safra, a produção foi estimada em 24,9 milhões de toneladas, alta de 8,6% sobre a anterior. Na segunda, com 97% da área colhida e 3% em maturação, estima-se alta de 24,4% na produção, prevista em 112 milhões de toneladas. Para a terceira safra, com as lavouras em desenvolvimento, espera-se uma produção de 2,7 milhões de toneladas.
É esperado, ainda, um recorde para o algodão, com a produção da pluma estimada em 4,1 milhões de toneladas. O resultado traz alta de 9,7% sobre a safra anterior e é sustentado pelo aumento de 7,3% na área semeada e pelo clima favorável.
Para o arroz, que já tem colheita encerrada, a produção alcançou 12,8 milhões de toneladas, alta de 20,6% sobre 2023/24 e a 4a maior já registrada. O aumento reflete a expansão de 9,8% na área semeada e as condições climáticas favoráveis, especialmente no Rio Grande do Sul, principal estado produtor. No caso do feijão, a estimativa traz uma produção próxima a 3,1 milhões de toneladas, o que garante o abastecimento interno do país.
Das culturas de inverno, o trigo teve redução de 19,9% na área destinada ao grão ante a safra passada, totalizando 2,4 milhões de hectares. Já a produtividade deve ter recuperação, saindo de 2.579 quilos por hectare em 2024 para 3.077 kg/ha neste ano. A produção está estimada em 7,5 milhões de toneladas nesta safra, 4,5% menos que a safra passada.
O ministro Teixeira afirmou que, a despeito do tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, as vendas aos americanos seguem fortes.
“O impressionante é que eu tenho ouvido dos produtores brasileiros que os americanos não estão abrindo mão dos produtos brasileiros, apesar do tarifário. Eles continuam comprando carne, comprando frutas, comprando os nossos produtos que são fundamentais para a economia americana. E eu espero que, a partir dessa semana, eles comecem a abaixar o tarifácio porque estão prejudicando muito o consumidor americano”, disse.
Fávaro criticou a gestão de Jair Bolsonaro, lembrando que se chegou a cogitar fechar a Conab.
Alckmin citou o papel da estatal na regulação de preços, evitando efeitos de sazonalidade que impactam o bolso dos consumidores. “Tem momentos que a safra é recorde e o preço cai. É a hora de comprar e a hora de fazer estoque. Lá na frente, isso é cíclico. A safra desaba e o preço dispara. É a hora de colocar produto para ter uma regularidade de preços e evitar que o povo, que o consumidor fique sempre perdendo.”
Preto afirmou que a Conab voltou a fazer estoques de alimentos, ajudando a controlar a inflação. “Voltamos a fazer estoques públicos depois de 11 anos que não tínhamos estoque de arroz. Fazia 14 anos que não havia estoque de trigo. Agora temos estoque de trigo. Temos estoque de milho. Estamos comprando mais milho para reformular os nossos estoques, estamos fazendo subvenção para o feijão”, declarou.
O governo vai liberar R$ 12 bilhões para renegociar dívidas de produtores perderam safra por adversidades climáticas.
Barcaças carregadas com soja cruzam o rio Tapajós, em Itaituba (PA)
Soja cai em 2024, mas ainda gera um terço do valor
O valor da produção de soja no Brasil foi de R$ 260,2 bilhões em 2024, queda de 25,4% ante 2023 (R$348,7 bilhões), segundo 0 IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O órgão associou a redução a impactos de problemas climáticos e baixa nos preços da commodity.
Mas o grão ainda respondeu por 33,2% do valor total da produção agrícola do país no ano passado.
https://abrapa.com.br/2025/09/12/pais-tem-safra-recorde-com-350-2-m...