Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Marianna Auerbach, Antonia Bernardes e Flora Gusmão (da esq. para a dir.); abaixo, bolsas e joias com material tecido por indígenas da Amazônia peruana

Os tecidos de uma comunidade indígena da Amazônia peruana estão virando luxo por aqui. Quem está fomentando essa parceria é a designer de interiores Flora Gusmão, que, depois de descobrir os bordados das índias shipibo, se associou à estilista Antonia Bernardes e à joalheira Marianna Auerbach para produzir objetos sofisticados com os panos que traz de lá. Antonia desenvolveu carteiras e bolsas e Mariana, uma coleção de joias.

Cada produto é único, já que não há um tecido igual ao outro. Segundo a tradição, os bordados são feitos em peças de algodão individuais, do tamanho de um pareô.

O algodão utilizado é o pima, que existe apenas no Peru e é comparável ao egípcio em termos de qualidade.

Nele, as índias desenham intrincados labirintos, com palitos embebidos em tinta feita de raízes, que reproduzem desenhos inspirados por "viagens" sob o efeito da ayahuasca.

A bebida, com efeitos alucinógenos, é uma espécie de chá produzido pelo cozimento de cipós. Difundida em toda a Amazônia, a ayahuasca se tornou conhecida no Brasil, especialmente pelo uso que faz dela a seita do Santo Daime.

Padronagem I Flora Gusmão vai expor o resultado do trabalho em maio, na Galerie Le Pré au 6, em Paris. Foi numa viagem no início de 2012, quando estava em Lima e pesquisava tecidos para decoração, que Flora se deparou com a arte dos shipibo. Depois, empreendeu uma visita às povoações que margeiam o rio Ucayali, perto da cidade de Pucalpa, em busca de um contato direto com as comunidades. Ali entrou em contato com a Cooperativa Maroti-Shobo, com 24 mulheres que se dedicam aos bordados. "Eu estava com a sensação de estar indo para o fim do mundo, mas, quando cheguei lá, fiquei impressionada. Por ser uma região madeireira, há hotéis razoáveis, dinheiro e muita gente conectada à internet. Há também um turismo de baixa renda e meio hippie, de gente que vai em busca de experiências com a ayahuasca. Mas o que mais me impressionou foi ver que as índias estão deixando de lado a tradição para fazer artesanato em tecidos sintéticos e com desenhos de mandalas", conta.


Padronagem II A estilista Antonia Bernardes, que durante sete anos manteve uma loja com seu nome no Leblon e trocou a moda pela decoração, diz que ficou deslumbrada com os tecidos. "Cheguei em casa, espalhei todos pelo chão, e demorei a achar uma cor de couro que combinasse com todos eles." Depois, a parceria com um artesão de couro uruguaio que faz trabalhos para as grifes Maria Bonita e Osklen foi fundamental. "Ele entendeu que os tecidos eram o ponto alto e que tudo deveria ser bem simples para ficar sofisticado", explica. Já a joalheira Marianna Auerbach, que pela primeira vez fez joias com tecidos, revela que ficou impressionada com a combinação de cores e a elaboração. "É incrível ver como as shipibo conseguem essa repetição de padrões num trabalho feito a mão." Por enquanto, os produtos só foram comercializados em vendas fechadas, mas uma terceira coleção vem aí. As carteiras custam entre R$ 490 e R$ 590. As bolsas variam de R$ 870 a R$ 1,2 mil. E o preço das joias vai de R$ 250 a R$ 1,4 mil.
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