Pandemia custou milhões ao retalho em 2022

[Romildo de Paula Leite]

As interrupções na cadeia de aprovisionamento em consequência da pandemia de covid-19 ainda afetaram a indústria de retalho de vestuário e calçado dos EUA no ano passado, provocando perdas entre 9 e 17 mil milhões de dólares.

[©Pixabay-Alexandra_Koch]

O mais recente relatório anual publicado pela International Trade Commission sobre as tendências nos serviços dos EUA explora o impacto da pandemia de covid-19 nas cadeias de aprovisionamento e revela que, só em 2020, as distorções relacionadas com o aprovisionamento geraram perdas consideráveis para os retalhistas, estimadas em 580 mil milhões de dólares, devido a distorções no inventário.

Os custos para os operadores e produtores das cadeias mundiais de aprovisionamento do retalho deverão ter atingido 1,2 biliões de dólares em 2020, segundo o Just Style, que cita a International Trade Commission.

O relatório destaca que as mudanças na procura, as restrições da oferta e as dificuldades nos transportes fizeram com que o período da pandemia fosse «o mais dramático teste de stress dos últimos 75 anos» para as cadeias de aprovisionamento mundiais, mostrando a fragilidade e limites do sistema mundial de sourcing. O volume de negócios de 94% das empresas americanas de retalho terá sido afetado negativamente pela pandemia, de acordo com um inquérito realizado aos executivos do sector.

As empresas americanas que dependiam de fornecedores de todo o mundo para matérias-primas e produtos acabados foram as mais atingidas, uma vez que os retalhistas de vestuário dos EUA compram cerca de 90% dos seus artigos em mercados externos.

Busca pela diversificação

«A análise das cadeias de aprovisionamento desde a pandemia de covid-19 sugere que a diversificação do aprovisionamento é crítica para os retalhistas», aponta o relatório. «Os analistas de retalho estão a salientar os benefícios do multisourcing e a identificar alternativas para alargar as bases de aprovisionamento, transportes e fornecedores de serviços logísticos para aumentar a resiliência. As vantagens de equilibrar regionalmente a produção com o consumo incluem cadeias de aprovisionamento e transportes mais curtos, custos de envio mais baixos e ambientes políticos mais previsíveis. Um estudo de 2021 a profissionais da cadeia de aprovisionamento indicou que 88% dos pequenos e médios retalhistas americanos estão a mudar ou planeiam mudar pelo menos uma parte do seu sourcing para os EUA», acrescenta.

[©Unsplash-Tim Mossholder]

O relatório sublinha que em alguns sectores, como o têxtil, o sourcing é «relativamente fácil de transferir», com «inúmeras» alternativas à China, incluindo outros mercados asiáticos, como a Índia e o Paquistão, e países da América Latina, como o México.

As interrupções na cadeia de aprovisionamento provocadas pela pandemia também mostraram a falta de transparência que existe entre retalhistas e fornecedores, salienta o documento.

«A análise feita desde o início da pandemia sugere que ter relações mais próximas e diretas com os fornecedores permite aos retalhistas compreender e planear melhor para constrangimentos e potenciais vulnerabilidades do sourcing. A tecnologia é uma ferramenta crucial para aumentar a comunicação ao longo da cadeia de aprovisionamento e aumentar a resiliência da oferta. Mais especificamente, o aumento da utilização de ferramentas digitais de gestão da cadeia de aprovisionamento – incluindo blockchain, 5G e inteligência artificial – está a ajudar os retalhistas com fluxos de informação completos e a aumentar a colaboração e a partilha de informação na cadeia de aprovisionamento. De acordo com um estudo de 2020, 50% das empresas de retalho acrescentaram novos dados da cadeia de aprovisionamento nesse ano em resposta às disrupções. No mesmo estudo, 86% das empresas de retalho planeavam investir em tecnologia digital para a cadeia de sourcing em 2021 e nos anos seguintes», conclui o relatório.

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