O estilista Reinaldo Lourenço faz roupa para mulher adulta, seguro de seu estilo
A passarela é em São Paulo, mas poderia ser em Nova York. A roupa é feita por estilistas brasileiros, mas também poderiam passar por criações de belgas, japoneses ou franceses. Fugir do estereótipo "bananeira, flor e pássaros" e mostrar-se mais globalizada parece ser o objetivo da moda apresentada no São Paulo Fashion Week, que termina amanhã na Bienal, em São Paulo. As coleções mais interessantes investiram em boas matérias-primas e em cores frias, com cara de inverno, sem cair na tentação de confundir roupa de verão com figurino de eterno balneário. Foi o caso, principalmente, de Huis Clos, Cori, Reinaldo Lourenço, Gloria Coelho, Osklen e Animale.
A grife Cori mostrou linhas retas e trabalho de estamparia, sempre geométrico
Cetim, couro, tule, linho, lã fria e náilon foram alguns dos materiais mais usados pelos estilistas. Em termos de forma e comprimentos, o verão 2012 não será de extremos: não há peças muito curtas ou longas demais, apesar de um certo ar de anos 70 e algumas barrigas de fora em algumas coleções. Também não há nada muito justo - felizmente. A tendência que predominou nos desfiles é a que prega roupas mais folgadas.
As formas geométricas estão bem representadas principalmente na coleção da Huis Clos, rica em franjas e em recortes que refazem as linhas de um losango. Essa figura, aliás, aparece dando forma a blusas, vestidos e a partes de cima de macacões. Graças às cores neutras (com exceção do rosa-chiclete que pipocou em poucas peças) e à ausência de estampas, a roupa se sobressai pela construção impecável.
A seleção rigorosa de tecidos, quase todos importados, não impediu que a coleção tivesse também materiais menos nobres, como o náilon. "É possível usar um tecido comum numa construção sofisticada", explicou Sara Kawasaki, estilista da marca Huis Clos.
Outro que subverteu a lógica da típica "modinha de verão" foi Reinaldo Lourenço, com suas belíssimas peças de couro, material pouco explorado em coleções para o nosso verão tropical. Ele não apenas usou o material aplicado ao tule, como também apresentou jaquetas e coletes de couro - inclusive na cor preta. A ideia ajuda, de certa forma, a democratizar a moda da estação. Afinal, nem toda mulher quer passar o verão usando sarongue. Ainda mais quando se trabalha em ambientes majoritariamente masculinos e com ar refrigerado potente.
Tanto Reinaldo quanto Sara, da Huis Clos, fazem roupa para uma mulher adulta, segura de seu estilo e que sabe o valor de uma roupa que dura mais do que uma estação. Os estilos dos dois, embora diferentes, podem vestir mulheres de qualquer metrópole do mundo.
A Cori também jogou no time da elegância acima de tudo. A começar pela inspiração escolhida: o tênis, um esporte elitista por natureza. Na coleção, predominam as linhas retas, a começar pela saia pregueada, típica do esporte. Há trabalho de estamparia, sempre geométrico. Há cores vibrantes, mas em combinações contrastantes com o branco, por exemplo. Na linguagem da moda, o contraste de cores dá sempre uma ideia de rigidez e autoridade. A grife foi uma das poucas que apresentaram propostas para o dia a dia, inclusive para o trabalho, com terninhos de paletó de abotoamento duplo e blazers mais longos, para usar com saias ou vestidos.
Como vem acontecendo com frequência, a Osklen passou longe do estilo "praiano" convencional, numa coleção onde predominaram os tons claros e as peças amplas. A limpeza visual que costuma marcar as coleções da grife, surgiu novamente. Essa simplicidade, no entanto, é só aparente: a grife costuma investir em materiais diferentes e o resultado são peças que chegam caras às lojas.
Fonte:|valoronline.com.br|
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