Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Paraty Ecofashion: um novo olhar sobre moda e design

A segunda edição do Paraty Ecofashion celebra a união do design com o artesanal

Por Raquel Medeiros

O conceito sustentável que tem abrigo no equilíbrio das dimensões ambiental, social e econômica é o mesmo que resgata o valor humano. Nele se espraia o movimento contemporâneo que aproxima artesãos e designers na revitalização do objeto artesanal. Esse elo entre passado e presente mantém intactas as referências e saberes ancestrais que forjam a identidade de um povo. É baseado nessa junção harmoniosa que o Instituto Colibri realiza entre os dias 14 e 16 de setembro a segunda edição do Paraty Ecofashion. Na cidade colonial do estado do Rio de Janeiro - considerada Patrimônio Histórico Nacional - a Estrada Real que escoou a extração de ouro e pedras preciosas abre passagem para tesouros encerrados na arte, moda e design. A preciosidade reside nas técnicas de produção justa e na proteção à memória e tradição.

Explorando o tema "Moda para um mundo com um novo olhar" o evento concentra exposições, palestras, oficinas e workshops que acontecem de forma integrada e colocam a sustentabilidade no eixo de todas as abordagens. A ideia é apurar a visão para a harmonia do Planeta e o futuro das novas gerações fortalecendo o desenvolvimento sustentável a partir da educação ambiental e da conscientização. Lições práticas e teóricas compõem a fórmula do aprendizado que incentiva pesquisas e criações. O resultado contempla a conservação do meio ambiente e o respeito à diversidade cultural do Brasil.

Nas comunidades estão as Raízes de Paraty

As comunidades de quilombolas, indígenas e caiçaras são parte da riqueza cultural da cidade histórica e estão totalmente integradas à segunda edição do Paraty Ecofashion. Os grupos nativos participam de experiências que ao longo do ano fomentam a troca de saberes com artistas plásticos, designers da área da moda e técnicos de órgãos vinculados a questões socioambientais. A parceria estreita laços e promove o acesso à informação. O conhecimento consolida trabalhos que priorizam materiais e técnicas tradicionais de baixo impacto no ambiente. A iniciativa mantém vivo o processo artesanal com uma "costura" autêntica e sustentável que valoriza a cultura local, gera renda e traz à tona o debate sobre os princípios éticos da produção contemporânea.

As sementes dessa interação dão vida à mostra Raízes de Paraty.Bordados, bonecas de pano, toalhas de fuxico, trabalhos em sisal e bichos de madeira talhados pelos índios Guarani são uma fração da exposição que abre o evento na sexta-feira (14), às 20h30, no prédio de fachada imponente que sedia a Casa Sesc. Nas palavras de Bernadete Passos, idealizadora do evento e diretora do Instituto Colibri, "a exposição apresentará os frutos das capacitações que envolveram as comunidades tradicionais de Paraty por meio de oficinas e vivências. Raízes de Paraty concretiza os objetivos de inclusão, com foco na valorização dos saberes e fazeres da cultura popular. Nesse sentido, a mostra traduz os objetivos do próprio evento, além de inaugurar a importante parceria com a Casa Sesc", celebra.

Saberes na esquina da cultura

No encontro das ruas Samuel Costa e Dona Geralda moram saberes. Impávida e alheia à passagem do tempo a Casa da Cultura de Paraty abre suas portas ao ciclo de palestras Ecomundus coordenado peloInstituto Zuzu Angel, parceiro do evento. Artistas, designers e profissionais renomados que partilham da ideia da moda e design com viés sustentável estarão presentes. Entre eles o tecelão Renato Imbroisi, a estilista Lena Santana, a designer Mana Bernardes e a socióloga Nina Braga. Um convite à troca de olhares entre universos diferentes para a criação de uma nova linguagem que vai escrever histórias carregadas de sentimentos.