Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Semana de moda adotorá esquema 'see now, buy now' a partir de 2017

Paulo Borges, organizador da SPFW: mudanças no calendário de 2017 - Agência O Globo

RIO - Uma revolução acontece no mundo da moda: após marcas internacionais de peso como Burberry, Tom Ford e Tommy ..., a tendência desembarca em solo brasileiro. Organizador da São Paulo Fashion Week, Paulo Borges revelou nesta semana que o evento também adotará o esquema, chamado pela indústria de "see now, buy now", a partir de 2017.

Na próxima edição da semana de moda paulistana, que será realizada entre 25 e 29 de abril, tudo acontece como antes. Por isso, a Animale, que costumava abrir o evento, resolveu pular a..., no qual a marca comemorará seus 25 anos.

Por trás das mudanças na SPFW, explica Borges, estão as redes sociais, que passaram a pautar o consumidor de moda. "Trata-se de um redirecionamento da bússola. E a bússola aqui é a grande massa de consumidores plugada e interativa", destaca o produtor, que começou a carreira nos anos 1980, quando a moda brasileira ainda engatinhava.

ELA: Como veio a decisão de reformular o calendário da SPFW? A adesão de marcas como Burberry ao novo modelo pesou?

BORGES: A SPFW sempre se abriu a inovações: fomos a primeira semana de moda a transmitir, desde 2001, os desfiles ao vivo pela internet. Nos últimos anos vimos e experimentamos como a comunicação em rede, especialmente com a explosão da interatividade nas redes sociais, que multiplicou o poder e o desejo dos desfiles e lançamentos nas temporadas, consolidando a plataforma como ferramenta ainda mais poderosa na ativação do desejo do consumidor.

Decidimos ser a primeira semana de moda a dar um passo concreto na adequação do calendário para favorecer as marcas e parceiros, voltando todos os esforços do lançamento para o consumidor, que de fato já tem acompanhado esse movimento e esperado pelos lançamentos. Acreditamos que isso fortalece todo o ciclo da cadeira da moda, da indústria, passando pela produção até os players do varejo. 

ELA: Quanto tempo de discussão foi necessário até se anunciar a mudança? Dentro deste novo modelo, quais são os maiores desafios para os estilistas?

Estamos o tempo todo em conversas com o mercado. Grifes, estilistas, associações como Abest (Associação Brasileira de Estilistas) e todos os seus associados, compradores, veículos. Sempre ouvimos de maneira geral e constante o mercado para realizar qualquer movimento no calendário: nossa missão é ser uma plataforma, um ponto de conexão, para o setor. As conversas se intensificaram nos últimos meses até entendermos o momento de anunciar esta decisão.

Em relação aos desafios para as marcas e estilistas, cada um terá o seu planejamento e suas adequações particulares a seu tamanho e formato de negócio. Novas portas se abrem ao mercado que possibilitam a adoção de modelos híbridos onde cada marca vai tomar a decisão do que será melhor para sua realidade. Trata-se de um redirecionamento da bússola. E a bússola aqui é a grande massa de consumidores plugada e interativa.



ELA: Assim como toda a economia, a moda brasileira tem enfrentado percalços com a crise. O novo calendário ajuda a movimentar o mercado?

Sem dúvida. Esta terceira década da SPFW chega com uma série de aprendizados. Como já havíamos dito anos atrás, a SPFW seria mais focada no negócio, e de fato é o que está ocorrendo. O desfile hoje se apresenta como uma poderosa ferramenta de comunicação interativa e de construção de marca, oferecendo diretamente ao consumidor aquilo que foi despertado como novo desejo.

ELA: Marcas como a Animale já anunciaram que vão pular a próxima edição da SPFW justamente para se adaptar mais rapidamente ao "see now, buy now". Por que sair da semana de moda se vocês também estão mudando o formato?

Trata-se de uma decisão particular [da Animale], alinhada com estratégias de negócios da marca. Ao longo de 20 anos, em 41 edições, já tivemos alguns episódios em que uma marca ou outra deixa de apresentar uma nova coleção em determinada estação e volta na próxima. São diferentes razões para cada decisãoReforço aqui o que venho dizendo durante todos esses anos: este é um mercado em construção, um processo vivo e dinâmico.

ELA: Mais do que o nome, o que muda com o fim das denominações outono/inverno e primavera/verão? Como o surgimento de semanas sem estação devem influenciar os estilistas?

Há muito eu repito em diversas entrevistas que a dinâmica da moda há tempos não está baseada nas estações.

Ninguém mais decide consumir porque é verão ou inverno, o desejo é pautado pela novidade. As estações são apenas uma marcação de calendário, uma nomenclatura em torno da qual, nos últimos 40 anos, a indústria vem se organizando, mas o consumo não se estimula por essa lógica, o lançamento é o estímulo.

ELA: Esse fim das estações também ajuda a moda brasileira a se conectar com o "timing" do resto do mundo? Com uma queda da confiança do mundo no Brasil, ainda dá para sonhar em exportar nossos estilistas?

A questão das estações não é protagonista no processo de produção e, principalmente, na decisão de compra do consumidor. No mundo globalizado, com certeza, não ter travas em relação a estações do ano é melhor para todos os negócios, não só para o Brasil. Já é quase habitual presenciarmos coleções diferentes convivendo simultaneamente no ponto de venda. O Brasil é um país jovem, nossa industria é jovem e estamos num processo de construção.Temos muito a conquistar ainda. O que vem travando o desenvolvimento maior da moda brasileira e dos nossos estilistas no mercado global não está diretamente ligado a este atual momento de queda na confiança com o Brasil, mas, sim, nos mesmos problemas estruturantes que se discutem nos últimos 30 anos.

 http://oglobo.globo.com/ela/moda/paulo-borges-comenta-mudancas-no-c... 

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    No mundo globalizado, com certeza, não ter travas em relação a estações do ano é melhor para todos os negócios, não só para o Brasil.

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