Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Onde há fumaça há fogo. Onde há corante há prejuízo à saúde. É o que pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) estão tentando provar. Estudos, coordenados pela professora Danielle Palma de Oliveira, do Laboratório de Toxicologia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, têm chegado a resultados preocupantes sobre a ação destes componentes.

Segundo os primeiros resultados do estudo, ainda não concluído, os principais riscos verificados estão ligados a danos genéticos com a quebra das moléculas de DNA na células. O grupo estuda o uso de corantes na indústria têxtil, que entram em contato com a pele humana, na indústria de cosméticos, sobretudo tinturas para cabelos, e na indústria alimentícia.

Em princípio, esse comportamento mutagênico pode levar ao desenvolvimento do câncer, embora esta associação não tenha sido pesquisada pelo grupo.

Corantes têxteis

As pesquisas começaram observando a presença de corantes químicos ligados à indústria têxtil, em um rio próximo à região metropolitana de São Paulo. O grupo detectou que a exposição aos corantes provocava ações mutagênicas, como a quebra do DNA de células.

Os estudos agora já envolvem mais de 10 corantes da classe química AZO, e todos tiveram seus riscos à saúde comprovados: "Eles apresentaram danos ao material genético, com quebra de DNA ou de cromossomos," diz a pesquisadora que coordena o trabalho.

Segundo Danielle, tais corantes são utilizados principalmente pela indústria têxtil, para o tingimento de fibras. O risco para a saúde está no contato do corante com o suor, que pode fazer com que ele seja transferido para a pele. Visando comprovar estes efeitos, o grupo está desenvolvendo culturas de células de pele humana para realização de testes.

Tinturas para cabelos

Com os avanços na questão dos corantes têxteis, Danielle iniciou o estudo de corantes ligados a outras indústrias, como os utilizados para mudança de coloração dos cabelos.

A pesquisa ainda está em fase inicial, mas já revelou alguns efeitos da utilização do produto:
"Já foi identificado que esses corantes são tóxicos, mas ainda não conseguimos verificar se eles também causam lesões ao DNA", declara.

Segundo Danielle, pesquisas sobre a ação destes componentes crescem principalmente nos Estados Unidos e na Comunidade Europeia, que não têm legislações específicas sobre as questões da utilização de corantes.

Em alimentos

Um dos motivos do alerta se deu por conta de resultados em pesquisas europeias relacionadas às ações de corantes em alimentos infantis.

"Foi demonstrado que algumas papinhas podem levar as crianças a sofrerem alteração de comportamento e alergias, mas em pouco tempo [as substâncias prejudiciais] já estarão fora de circulação", explica a professora.

Legislação


A questão do risco dos corantes nunca foi estudada do modo devido por conta da suposição de que estes eram componentes inofensivos. Porém, em virtude das descobertas recentes, a situação pode ser mais complexa. "Os corantes são substâncias perigosas e merecem mais atenção", declara Danielle.

No Brasil, a legislação acerca do uso de corantes para a indústria têxtil também é inexistente, havendo regulação somente para o setor alimentício.

A professora, a partir dos resultados de suas pesquisas, propõe uma mudança na questão. "Nós procuramos utilizar os resultados de nossas pesquisas para embasar uma proposta de mudança na legislação", conta.

Porém, com os estudos em fase inicial, ela admite que esta mudança pode ser lenta. "Seria necessária uma reunião técnica com os legisladores para mostrar nossos resultados, mas isso ainda vai demorar um pouco", conclui.

TDH

Em 2008, a Agência de Alimentos do Reino Unido (FSA) proibiu o uso de 6 corantes artificiais em alimentos, por pesquisas que demonstraram a associação deles com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). No entanto, nada foi comprovado. É preciso maior investimento em pesquisa. Ainda há muito pouco estudo nesse campo.

Os 6 aditivos químicos banidos na Europa eram encontrados em alimentos destinados à crianças: a tartazina (E102), amarelo quinolina (E104), amarelo pôr-do-sol (E110), carmoisina (E122), Ponceau 4R (E124) e vermelho allura AC (E129). Outro aditivo que também foi associado a malefícios como a hiperatividade foi o benzoato de sódio (E211), um conservante que ainda não sofreu restrições de uso.

Dica: fique atento às indicações que constam nos rótulos dos produtos para evitar ao máximo o excesso do consumo de alimentos industrializados repletos de aditivos químicos. Sempre confira os ingredientes dos produtos alimentícios.

Fonte: USP e O Globo

Fonte:|http://www.vermelho.org.br/rr/noticia.php?id_secao=10&id_notici...

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