Do click de uma ideia ao poder do improviso. Cientistas desvendaram os segredos do cérebro e mostram como desenvolver habilidades que transformarão você numa pessoa mais criativa.
Ser criativo não é um dom. É uma habilidade humana. Todos têm. As últimas descobertas científicas provam exatamente isso. Solte a imaginação. Você pode ser mais criativo e vai descobrir como.
Para começar: o que é criatividade? As mais recentes pesquisas definem criatividade em três palavras.
A primeira delas é um 'insight'. 'Insight' é uma palavra em inglês para expressar aquele click que dá na cabeça quando temos uma ideia.
Imagine que você tem só duas horas para criar um programa de televisão. Pior: ele tem que ser engraçado. Por onde você começaria?
Esse click acontece no lado direito do cérebro. Na hora em que temos uma boa sacada, surge dessa parte do cérebro uma descarga de ondas cerebrais de alta energia, chamadas de ondas gama.
“A gente descobriu que os neurônios do lado esquerdo do cérebro são diferentes dos neurônios do lado direito. Os dendritos, a parte do neurônio que coleta informações, se organiza de forma diferente do lado direito do cérebro, possibilitando conexões diferentes que proporcionam o surgimento da ideia”, explica o pesquisador.
A segunda palavra que define criatividade: pensamento divergente.
Quantas ideias você consegue ter a partir da mesma coisa? Quantos usos diferentes você conseguiria imaginar para uma panela, além de cozinhar, é claro? E o carnavalesco Paulo Barros? O que faria?
“Eu lembro que uma vez, eu passando na rua, eu vi desembarcar de um caminhão toneladas de panelas. Em 2005, eu precisava fazer uma referência ao mundo de Oz. Vou fazer um carro alegórico que represente o homem de lata e vou usar aquelas panelas que um dia eu enxerguei no meio da rua. Criatividade exatamente vem daí. É você surpreender o outro a partir de uma forma conhecida”, lembra o carnavalesco.
Pensar diferente faz parte do processo criativo. Segundo o cientista, você não precisa ser inteligente para isso. Para provar, ele começou a fotografar cérebros.
Todo cérebro é composto de massa cinzenta e massa branca. A massa cinzenta são os neurônios. E são os choques que os neurônios dão uns nos outros que fazem a gente pensar.
A massa branca é um conjunto de células que dá apoio a essa massa cinzenta. Ela serve para proteger, dar forma, isola eletricamente.
Quanto mais massa cinzenta, maior a capacidade dos neurônios de fazer ligações rápidas e diretas. Isso é inteligência. Mas os cientistas descobriram que o cérebro criativo não segue esse padrão.
“Para a criatividade, a quantidade de massa cinzenta importa menos. O que importa é quantidade de massa branca. E quanto menos, melhor”, diz o cientista.
A massa branca organiza a massa cinzenta, e quanto menos massa branca, mais desorganizado é o cérebro. Um cérebro desorganizado te leva a viajar, fazer várias associações improváveis. E ter respostas mais criativas. Assim, você vai além do obvio.
A terceira palavra que define criatividade é improviso.
Um cientista colocou músicos de jazz em aparelhos de eletroencefalograma. Ele queria ver o que acontece no cérebro quando esses músicos improvisam. Ele descobriu que há mudanças na parte da frente do cérebro cada vez que tocam de improviso.
A parte da frente é responsável por nos manter conscientes e tomar as decisões racionais. É meio a babá do nosso cérebro. Para que o improviso aconteça, essa área precisa estar relaxada. Para deixar outras áreas do cérebro atuarem.
Você lembra da pergunta: quantos usos diferentes você consegue imaginar para uma panela? Como seria possível estimular novas ideias?
Nós pedimos a três voluntários, que participaram da nossa pesquisa na rua, para ir até outra mesa. Deixamos blocos de montar para eles. Pedimos para a primeira voluntária que olhasse para as peças durante dois minutos.
O segundo teve que separar as pecinhas por cor. A tarefa do terceiro era montar uma casa. Depois, voltamos a perguntar: quantos usos você consegue dar para essa panela?
Cientistas descobriram que a resposta para um problema não vem na hora, quando o cérebro está cansado. Mas não fazer nada, como o primeiro voluntário que ficou olhando só para as peças, não ajuda.
Uma atividade que exija demais do cérebro também não é a resposta. O melhor é se ocupar com algo que não seja muito desafiador. Como, por exemplo, separar os brinquedos por cor.
Arrumar a casa, cuidar do jardim, lavar a louça. Anotou? Lavar a louça pode te deixar mais criativo.
O carnavalesco Paulo Barros faz exercícios físicos. Mas sua maior criação aconteceu quando ele estava dirigindo.
“Eu lembro que eu estava na ponte Rio-Niterói, dirigindo, e de uma hora para outra me bateu a ideia de que eu queria fazer um carro que era composto de uma sobreposição de seres humanos”, lembra o carnavalesco.
“A gente não sabe exatamente o porquê disso ainda, mas uma resposta razoável seria a quebra de pensamento. Pensar um pouquinho sobre a atividade que está fazendo, depois voltar e pensar um pouquinho sobre o problema. O que é ótimo para a criatividade”, diz o pesquisador.
Todas as pesquisas enfatizam que se, você quer ser mais criativo, é melhor não ficar muito focado. Pelo menos não o tempo todo.
Um cientista analisou mapas cerebrais e notou que a parte da frente do cérebro funciona como algemas para nossa criatividade. Mas basta desligar esta área para a parte direita do cérebro, onde acontece o insight, funcionar melhor.
“Pessoas que têm mais insights tem uma atividade dos lóbulos frontais menor. São pessoas com um cérebro mais livre, que conseguem ter atividade em vários pontos de uma vez”, afirma o cientista.
Para liberar a criatividade, você precisa relaxar.
Empresas no mundo inteiro já usam essas pesquisas para deixar seus funcionários mais criativos. Mas você pode começar fazendo sozinho.
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