Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Polo Industrial Têxtil se Instala em Murici e traz Oportunidades

Galpões inaugurados e entregues em março deste ano no polo multifabril de Murici

O início das atividades do Centro da Moda Industrial José Carlos Lyra de Andrade, em Murici, distante 51 quilômetros da capital, está mudando a vida de moradores da cidade. Com o funcionamento das primeiras empresas, a produção começa a seduzir clientes e gerar empregos na região.

A primeira etapa do polo têxtil foi entregue em março deste ano. Em uma área de oito mil metros quadrados, foram construídos seis galpões e atualmente três deles já estão com as empresas têxteis em funcionamento. O espaço conta com as fábricas Padrão Uniformes, Menta Limão, Albatroz Estamparia, Manda Moda Feminina, LAE Moda Feminina e Intimus Lingerie.

O investimento inicial foi de R$ 1 milhão. A previsão é que, quando totalmente concluído, o polo conte com mais 10 fábricas e possa gerar cerca de 250 empregos diretos e outros 700 indiretos, com uma receita mensal de R$ 394 mil e um valor anual de R$ 4,7 milhões.

Empresários veem expansão comercial

Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Vestuário do Estado de Alagoas (Sindivest), Francisco Acioli, a proposta do polo de Murici surgiu em 1994 para ser uma referência na indústria têxtil em Alagoas. Ele conta que foram muitos anos para que o projeto saísse do papel.

Acioli possui um dos galpões do polo de moda e inaugurou sua empresa no dia 4 de abril. Com menos de dois meses de funcionamento, sua fábrica Padrão Uniformes já recebe diversos pedidos e conta com cerca de 10 funcionários. “Já era proprietário de uma fábrica de biquínis em Maceió e percebi no polo a oportunidade de ampliar meus negócios”, afirma.

A fábrica de uniformes está atendendo apenas sob encomenda, mas a proposta é que em breve produza para atacado que será comercializado no galpão. “Estamos com pedidos de uniformes de escola, ganhamos uma concorrência do SESI para camisas de jogos de futebol e ainda uma da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito para duas mil e quinhentas fardas”, comemora o empresário.

Fábricas de esperança e novas perspectivas

A inauguração do polo foi considerada o primeiro passo para a recuperação econômica do município, que foi um dos mais atingidos pela enchente de junho do ano passado. A principal exigência feita aos empresários foi que 80% da mão de obra seja da região. “Hoje, todos os funcionários das fábricas são do município. Graças as capacitações que estão sendo promovidas algumas pessoas que não sabiam costurar estão tendo a oportunidade de aprender um ofício”, informou Acioli.

Para o jornalista e empresário Bernardino Souto Maior, que possui um dos galpões do polo têxtil, muitas mudanças positivas vão acontecer por causa das empresas. Ele acredita que, além de mudar a realidade vivida pela população, o espaço vai atrair consumidores de outras cidade alagoanas e até de outros Estados. “As cidades que se tornaram um polo de moda tiveram uma grande transformação. Podemos citar o caso de Santa Cruz do Capibaribe, Toritama e Caruaru. Alagoas terá uma nova diversificação para o comércio”, ressaltou.

Parcerias contribuem para o sucesso

A implantação do polo é resultado de um esforço do Sindicato da Indústria e Vestuário de Alagoas com o apoio do governo do Estado, da Prefeitura de Murici, da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas, do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e do Serviço de Apoio às Pequenas e Médias Empresas de Alagoas (Sebrae).

A prefeitura municipal cedeu os galpões para as fábricas e o governo do Estado com uma parte dos recursos.

A atuação do SENAI tem como pilar principal a formação de mão de obra diferenciada para atender um aumento na demanda e resolver o gargalo da escassez de costureiras no município. A formação durou quatro meses e muitas das mulheres que participaram já começaram a trabalhar. “A falta de mão de obra qualificada para o serviço era uma preocupação nossa, mas com o curso do SENAI muitas mulheres aprenderam a lidar com a máquina costura”, disse Bernardino.

Já a parceria com o Sebrae é para a capacitação de gestores com consultoria de chão de fábrica, gerencial e tecnológica. O objetivo é aumentar a competitividade através de treinamentos e consultorias nas áreas de produção, finanças, controle de estoque e design estratégico.

Trocando o giz pela tesoura

Há cinco anos, a empresária Márcia Souto Maior decidiu se dedicar ao ramo da moda. Ela conta que estava aposentada da carreira de professora e viu na costura uma oportunidade para continuar trabalhando e ter uma nova atividade. “Aprendi a costurar muito nova com a minha mãe e nunca pensei em trabalhar com isso. Quando me aposentei, comecei a ajudar um instituto que tinha um projeto para a confecção de enxoval de bebês e a gostar da costura profissional”, relata.

Foi neste período que Márcia montou a loja Menta Limão e investiu na produção e venda de roupas femininas. O começo foi difícil. A empresária conta que decidiu montar uma marca própria, o que inicialmente não atraiu tantos clientes. “O trabalho com a alta costura é um conquista em cada peça que fazemos. As pessoas estavam acostumadas com determinadas marcas, mas aos poucos foram conhecendo nossas peças e se tornaram clientes”, destaca.

Hoje, a empresária possui uma loja no bairro da Pajuçara, onde também funciona sua oficina de roupas. Ela também se prepara para começar as atividades da fábrica em Murici e acredita que isso será um recomeço para ela e seu marido. “A fábrica já é uma idéia antiga que estávamos buscando colocar em prática. Quando os galpões foram doados começamos as obras e a previsão é que no próximo mês já estejamos transferido a parte de costura para lá”, afirma.

Ampliando os investimentos

Assim como Márcia Souto Maior, a empresária Cirlei Vital já possuía uma marca de roupas femininas e decidiu investir no Centro de Moda em Murici. Ela inaugurou, junto com seu marido Carlos Vital, a fábrica de roupas no mês passado. “Já começamos a receber pedidos e fazer entregas. Acredito que com a abertura das outras três lojas previstas para este mês os negócios vão melhorar ainda mais”, expôs.

O único problema para a empresária e seu marido é a carência de casas para alugar no município. Com a enchente que foi registrada em junho do ano passado, muitos imóveis foram destruídos ou condenados pela Defesa Civil. Isso fez com que a procura por casas de aluguel aumentasse. Quando Cirlei e seu marido decidiram se instalar na cidade, não encontraram nenhuma casa para alugar.

Sem conseguir um imóvel, o casal organizou um espaço no galpão para morar no local. “Fizemos um quarto e uma cozinha improvisada para ficarmos morando lá. Antes íamos e voltávamos para Maceió todo dia, mas percebemos que isso não estava dando certo.

Trabalho gerando sonhos e uma vida melhor

A ex-dona de casa Roseane Maria da Silva, de 30 anos, casada, mãe de dois filhos, é exemplo das mudanças que vêm ocorrendo no mercado de trabalho em Murici. “Tenho mais é que agradecer a oportunidade com a qual sonhava há muito tempo. Eu não tinha nenhuma perspectiva de uma vida melhor. Agora, só temos que nos esforçar para que a empresa tenha sucesso e assegure oportunidades de trabalho a muitas pessoas”, comemora.

Roseane disse que trabalhava com a venda de roupas de porta em porta e que soube do curso oferecido pelo SENAI e decidiu participar. Depois de formada, Roseane logo foi chamada para trabalhar na fábrica de uniforme. Em três meses de trabalho com carteira assinada, ela diz que ajuda o marido com as despesas de casa e que já conseguiu comprar uma máquina de lavar com o dinheiro do salário.

Também funcionária da loja de uniformes, a costureira Vera Lúcia da Silva, 49 anos, vê no novo trabalho a chance de futuro melhor. Até ser contratada, no início de abril, ela não tinha sequer carteira de trabalho. Esta é a primeira oportunidade de trabalho formal que teve, em toda a sua vida.

Fonte:|http://www.ojornalweb.com/2011/07/03/polo-industrial-se-instala-em-...

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