Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Por que a diversidade e a inclusão são inseparáveis ​​da moda ecologicamente responsável

A busca por uma moda ecologicamente responsável não se limita ao algodão orgânico. A indústria deve levar em conta questões sociais. Aqui, explicamos porque considerar todos os corpos e identidades é uma necessidade ecológica.


Por que inclusão e diversidade são imperativos da moda sustentável Por que inclusão e diversidade são imperativos da moda sustentável — Foto: Getty Images

Inclusão e diversidade são temas quentes na moda há 10 anos, mas a discussão, especialmente na mídia e na política, ainda patina na superfície.

Em tempos de preocupação com o meio ambiente, a inclusão de pessoas de diferentes classes sociais, tanto nas propagandas quanto nas equipes das marcas, é um desafio enorme que a moda precisa superar. As duas coisas andam juntas.

Os problemas ambientais e os desafios sociais são duas faces da mesma moeda, especialmente se considerarmos que a ecologia busca proteger toda a vida, incluindo a humana. Essa conexão está presente quando pensamos em moda sustentável.

Se tomarmos como exemplo a poluição têxtil, em que roupas usadas de consumidores ocidentais são enviadas para mercados em Gana, transformando alguns locais em lixões a céu aberto de roupas, entendemos que se trata tanto de um problema ecológico, ligado à superprodução, quanto de uma dinâmica colonial dos países "do Norte" para os países "do Sul".

Para entender e resolver esses desafios complexos, as marcas precisam de diferentes conhecimentos e perspectivas dentro de suas equipes.

Para Adjoa Tudor, consultora em inclusão, uma empresa que se diz verdadeiramente ecológica precisa de diversidade: "A prioridade é ter uma equipe inclusiva. Isso permite elevar os debates e ter visões variadas, à altura desses desafios". Essa é uma constatação ainda ignorada por muitas organizações acostumadas a pensar prioritariamente em marketing e campanhas publicitárias.

A filosofia das marcas que nascem com um foco ecológico as leva a se preocupar com o bem-estar humano, como a inclusão. É o que afirma Fanny Enjolras-Galitzine, a The Greenimalist: "Moralmente, a moda sustentável busca ser mais humana e empática. Quando conversamos com os profissionais desse setor, muitos se perguntam como representar bem as pessoas que representam a marca".

Uma moda ecológica é para todos

A moda sustentável quer promover a ecologia para causar um impacto global. Mas como atingir um grande público se a maioria das pessoas não se identifica com as imagens das marcas éticas?

Uma crítica frequente a elas é a de não oferecerem "tamanhos grandes", embora 58,1% das mulheres francesas usem 42 ou mais, enquanto apenas 1,4% usem 34.

A moda sustentável pode perder esses clientes que, por falta de alternativas, podem migrar para a ultra fast-fashion. Essas marcas perceberam a oportunidade de mercado, já que a diversidade de corpos foi ignorada por muito tempo pelo resto do setor.

Como explica Âme Assitan, especialista em moda interseccional, algumas marcas ecológicas hesitam em incluir: "O mercado de luxo tende a se direcionar a um tipo de mulher com determinado físico e status social. Algumas marcas sustentáveis perpetuam esse mecanismo, pois sabem que, com essa imagem, as clientes de classe média alta vão desejar suas roupas."

As marcas comprometidas com a sustentabilidade enfrentam um dilema econômico real, já que produzir roupas duráveis tem um custo mais elevado, o que acaba encarecendo o produto para o consumidor.

Isso pode gerar um sentimento de exclusão social e financeira em uma clientela que deseja "fazer a diferença", mas não tem os recursos financeiros para consumir produtos sustentáveis.

Com o objetivo de garantir a transparência, algumas marcas implementaram a técnica do "ticket": um comprovante que detalha todos os custos, desde a produção até a venda, e demonstra a pequena margem de lucro obtida.

Assim, elas mostram que, se não podem ser 100% inclusivas socialmente, fazem o possível para encontrar um equilíbrio entre diversidade e produção ética.

Outras soluções: o vintage e a segunda mão, que se consolidaram como alternativas imprescindíveis para um grande número de pessoas.

A diversidade estimula a criatividade

Ainda que não haja um consenso sobre a moda ser arte ou indústria, o fato é que ela precisa ser tanto criativa quanto inovadora, assim como os objetivos de sustentabilidade.

Longe de ser um obstáculo, a diversidade e a inclusão são fatores que impulsionam a moda, principalmente quando isso já está presente nas equipes, como observou Adjoa Tudor: "Percebo que a inclusão interna influencia a forma de comunicar, visualizar, tudo o que se relaciona à direção artística... porque queremos representar todas as pessoas da empresa! Com essa pluralidade de visões, conseguimos fazer campanhas muito bonitas".

Essa filosofia encontra eco no design de roupas, como ilustra de forma brilhante a marca Ester Manas, cujas coleções duráveis e inclusivas – uma única peça pode vestir um corpo do XS ao XXXL – são uma verdadeira obra de arte.

Embora a indústria ainda tenha muito a melhorar nesses dois aspectos, a nova geração de designers talentosos — como Louis Rubi, Jeanne Friot, 7 MILLIARDS e Make My Lemonade — tem muito a contribuir, destaca Adjoa Tudor: “As novas gerações estão muito conscientes dessas questões e combinam essas noções em seus trabalhos. Tenho muitas esperança nos empreendedores do futuro."

https://umsoplaneta.globo.com/sociedade/consumo-consciente/noticia/...

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