Em uma cultura que sexualiza os corpos femininos, a moda não fica de fora. Afinal, estamos falando de uma indústria que reflete o zeitgeist nas passarelas mais vigiadas do mundo, como em Paris e Milão. Na última temporada de moda, falamos sobre a magreza extrema que subiu nos catwalks mais importantes do momento e, com o retorno da estética dos anos 1990/2000, que cultua corpos magros, volta a questão: por que os peitos grandes ficam de fora das coleções dos estilistas mais renomados do mercado?
“Mais curvas dão mais trabalho”, diz a modelo francesa Clémentine Desseaux ao Huffington Post. Ela, que é fundadora da plataforma que apoia a positividade do corpo, autoaceitação e empoderamento "The Womxn Project" critica a ideia de "tamanho padrão" na moda.
“É um dos grandes motivos pelos quais a maioria dos estilistas projeta apenas para tamanhos pequenos. O tamanho da amostra é 34. É muito mais fácil [para eles]”, conta.
Bebe Rexha veste Moschino no Grammy em fevereiro de 2023. À esquerda, croqui da marca. À direita, cantora usa o modelo desenhado pela etiqueta para o evento — Foto: Reprodução Instagram.
Acima, podemos ver o croqui com o desenho do vestido criado pela Moschino para Bebe Rexha usar no Grammy 2023, totalmente diferente do corpo da cantora. Por que não retratar o corpo com curvas nem no papel?
A atriz da série Euphoria Sydney Sweeney, de 25 anos, falou em entrevista ao The Sun como sentiu-se julgada ao longo da carreira e na vida pessoal por conta do tamanho dos seios. “Desenvolvi peitos antes das outras garotas e me sentia excluída por isso”, disse.
Sydney Sweeney no Festival Internacional de Cinema de Berlim. Fevereiro de 2023 — Foto: Reprodução Instagram
Não é à toa que it girls do momento sejam mulheres magras e cada vez com menos curvas, o que vai na contramão do discurso de aceitação dos últimos anos. Inclusive, a polêmica por conta do uso do remédio para diabetes para emagrecimento rápido, Ozempic, está em pauta desde que Kim Kardashian surgiu com quase 10 quilos a menos para o Met Gala 2022 -- em menos de um mês.
"Todas as noites eu sentava na banheira e chorava, rezava para que meus seios parassem de crescer. [Meu pai] disse que eu tinha um corpo que poucas garotas têm e o fato é que eu era uma garota maravilhosa e precisava entender meu valor", disse Kim Kardashian à Elle, em 2015.
Além da empresária, Kendall Jenner, Hailey Bieber, Dua Lipa e Zendaya são algumas das referências de estilo e corpo para milhões de meninas e mulheres que as seguem nas redes sociais.
Nossa colunista, modelo e autora Michelli Provensi, comenta sobre a exigência por magreza no cenário atual da moda: "Conversei com minha amiga ex-modelo e, hoje, dona de agência que coloca modelos em lugares de prestígio no circuito internacional, para entender como a atual temporada mexe na cabeça das meninas que ela agencia. A resposta foi: "Está cada vez pior!'"
Para não dizer que os estilistas descartam os corpos com curvas, Marie Claire selecionou alguns exemplos de grandes marcas que trouxeram mulheres com seios volumosos -- porém é importante frisar que, quando essas modelos fazem parte do elenco, apenas uma por coleção surge na passarela.
É essencial destacar marcas como a designer Sinead O'Dwyer, que apresentou modelos de vários corpos em seu desfile outono/inverno 2023, com foco em formas e tamanhos de peito maiores.
Em conversa com Marie Claire nos bastidores do último São Paulo Fashion Week, em novembro de 2022, a modelo Letticia Munniz afirma que a representatividade na passarela vai muito além de mostrar tendências.
Letticia Munniz para Another Place — Foto: Gabriel Benati
"Desde que comecei minha carreira, falo para as marcas que não entendo por que não podem fazer, com a mesma peça, uma grade que vá do PP até os tamanhos maiores. A gente quer usar a mesma peça, quer estar na moda. Não queremos modelagem folgada, estampada, coisas que disfarcem. Somos bonitas e queremos nos sentir bonitas", diz.
Por Laura Reif e Stella Nader
https://revistamarieclaire.globo.com/moda/noticia/2023/04/por-que-n...
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