Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Reciclagem, eliminação de químicos perigosos e implementação da responsabilidade alargada do produtor são alguns dos conceitos que terão de ser executados rapidamente, segundo a Zero Waste Europe.

[©Pixabay-Pete Linforth]

No artigo “A Zero Waste Vision for Textiles – Chapter 2: Circular and toxic-fr...”, a aliança avalia o estado atual da circularidade têxtil na UE e propõe uma série de intervenções por parte dos governos.

«O estado de circularidade no sector têxtil é particularmente fraco e as mais recentes projeções para a reutilização e reciclagem no sector são tudo menos promissoras. O crescimento global do sector anulará qualquer progresso feito nas atividades circulares», afirma Theresa Mörsen, coautora e responsável pela política de resíduos e recursos da Zero Waste Europe.

O documento sublinha a necessidade urgente de eliminar progressivamente os produtos químicos perigosos e combater a libertação de microplásticos, que causam uma quantidade significativa de poluição e são barreiras para alcançar uma economia circular livre de tóxicos. Os consumidores podem ser expostos a produtos químicos perigosos nos têxteis – como PFAS e metais pesados ​​– através do contacto com a pele, inalação ou ingestão não intencional de poeira libertada dos materiais. «Infelizmente, os produtos químicos mais problemáticos podem ser encontrados em têxteis utilizados por crianças e mulheres grávidas, que são mais vulneráveis ​​e podem sofrer mais efeitos adversos para a saúde», aponta.

«Ao contrário de outros produtos, não podemos evitar o contacto com os têxteis todos os dias das nossas vidas. É por isso que a segurança desses produtos é vital. A presença de produtos químicos nocivos nas nossas roupas não só ameaça a saúde pública, mas também torna a reciclagem ainda mais difícil – minando a transição para um sistema circular», realça Dorota Napierska, colaboradora e responsável pela política de economia circular livre de tóxicos da Zero Waste Europe.

A reciclagem também desempenha um papel crucial, refere a aliança, mas apenas quando os produtores garantem produtos duráveis ​​e de alta qualidade, ao mesmo tempo que dão prioridade à reutilização e reciclagem locais. O documento descreve uma visão em que a reciclagem têxtil não é apenas uma atividade de nicho, mas uma pedra angular da indústria.

Num primeiro enquadramento, o estudo revela que os consumidores europeus produziram cerca de 11 milhões de toneladas de resíduos têxteis em 2019, mas apenas 6,6% foram reutilizados ou reciclados na UE. A maior parte dos resíduos – 8,41 milhões de toneladas (76,7%) – foi incinerada ou colocada em aterro. As exportações de resíduos têxteis para além das fronteiras da UE, nomeadamente para África e Ásia, representaram 16,7% (1,83 milhões de toneladas).

Apenas 1,7% dos resíduos (0,19 milhões de toneladas) foram reutilizados na Europa, enquanto 4,9% foram reciclados no continente (0,54 milhões de toneladas), de acordo com as conclusões do ZWE, baseadas em dados da Comissão Europeia.

A organização prevê que mais de 15 milhões de toneladas de resíduos têxteis sejam gerados pelos consumidores europeus até 2035.

«Se a indústria têxtil pretende uma imagem mais limpa, devem ocorrer mudanças nas fases iniciais de produção e durante o desenvolvimento do produto para garantir que a reciclagem seja sustentável, segura e aumente a circularidade. Isto significa romper com a abordagem business-as-usual e incluir materiais reciclados provenientes de resíduos têxteis. Este relatório sugere instrumentos concretos para esta reforma tão necessária, a fim de respeitar os limites planetários e a saúde humana», afirma Lauriane Veillard, colaboradora e responsável pela política de reciclagem química e plástico para combustíveis da Zero Waste Europe.

O documento apresenta um conjunto de recomendações robustas para os decisores políticos. Os regimes de responsabilidade alargada do produtor (RAP) são reconhecidos como motores essenciais da transição para uma maior circularidade, uma vez que podem contribuir para tornar as operações de reutilização e reciclagem mais viáveis ​​do ponto de vista económico.

«Tendo em vista a revisão em curso da Diretiva-Quadro de Resíduos, os decisores políticos devem aproveitar a oportunidade, garantindo que a reutilização e a reciclagem sejam apoiadas através de metas juridicamente vinculativas nos sistemas RAP. Além disso, também a nova legislação de ecodesign para têxteis tem a capacidade de mudar todo o sistema. Uma legislação bem concebida pode beneficiar a saúde dos cidadãos, melhorar a reutilização e aumentar a reciclabilidade dos produtos», resume Theresa Mörsen.

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