Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

A revitalização e interiorização  da indústria têxtil e de confecções no Rio Grande do Norte vem na esteira dos bons resultados do varejo.  A necessidade de o estado acompanhar os planos de expansão da Guararapes, maior grupo empresarial do ramo têxtil e de confecção de roupas da América Latina, levou a criação do programa Pró-Sertão que promete abrir 300 facções – pequenas confecções – até 2017 no Seridó.  O grupo planeja  duplicar o número de lojas no país em quatro anos, o que vai exigir o aumento da produção atual, estimada em 150 mil peças de roupas por dia.

Programado para deslanchar somente em 2014, o projeto que começou a ser gestado há dez meses pela empresa, governo do estado, Sebrae/RN e Federação das Indústrias do estado (Fiern), foi antecipado “para atender a solicitação de governo”, observa o diretor industrial da Guararapes, Jairo Amorim.
Alex RégisO grupo Guararapes planeja duplicar o número de lojas no país em quatro anos, o que vai exigir o aumento da produção atual, estimada em 150 mil peças de roupas por diaO grupo Guararapes planeja duplicar o número de lojas no país em quatro anos, o que vai exigir o aumento da produção atual, estimada em 150 mil peças de roupas por dia

Mesmo em fase embrionária já apresenta resultados e desafios para se consolidar no Estado. Atualmente, oito empresas localizadas na região do Seridó estão com máquinas e agulhas em velocidade de produção de 3,5 mil peças ao dia. Em 2014, está prevista abrir mais de 50 facções e até 2016 atingir 300 facções e gerar 20 mil novas oportunidades na atividade. O que corresponde já a 3% da produção local.

A opção por terceirizar os serviços de costura nas facções, observa o diretor industrial, reduz custos e dar maior agilidade, barateando a produção. “Essa foi a forma de conseguirmos resultados eficientes, ultrapassando a barreia de espaço físico para a costura, fundamental no processo produtivo”, analisou Amorim.  O valor pago às facções (R$ 0,28 por minuto trabalhado), diz ele, custa 7% menos do que costurar as peças na própria fábrica.

A empresa pretende investir até 2016 na construção de uma unidade em terreno vizinho as atuais instalações que irá abrigar equipamentos de ponta que fará o processo de corte e preparação de malhas e tecidos planos que seguiram para serem costuradas nas oficinas. Um investimento de R$ 1,5 bilhão. O Grupo aguarda ainda liberação do terreno que deverá ser cedido pelo Município. O processo de corte de peças em malha é automatizado, por maquinário que obedece o planejamento de modelagem e assegura  aproveitamento de 95% do tecido.

No processo de qualificação de mão de obra e estruturação das oficinas, a expectativa de do Sebrae investir R$ 7,07 milhões no projeto. Outros R$ 32,1 milhões serão aplicados pelo Senai. A ideia, explica a gerente da Unidade da Industria no Sebrae/RN Lorena Roosevelt, é que outras empresas passem a adotar o mesmo modelo no estado.

A Hering, que compra peças de facções potiguares há 15 anos, já demonstrou interesse em ampliar o número de fornecedores. E o grupo Ztec, que controla a fábrica RMNor, também se mostrou interessado na proposta.

Formalização das pequenas empresas precisa de agilidade


Criar um ambiente favorável para a formalização e adequação das pequenas empresas que atenderam a demanda do Grupo é considerado pelo diretor industrial da Guararapes, Jairo Amorim, como ponto crucial para a consolidação do programa.

Flexibilizar as obrigações trabalhistas, reduzir os custos com pessoal e melhorar o nível de qualificação da mão de obra - frente a concorrência direta do produto asiático. O custo com encargos trabalhistas em empresas formais  da China corresponde somente a 10% da folha. “Enquanto uma costureira lá sai por R$ 250 reais, aqui não sai por menos de 1,5 mil”, compara. “Queremos chegar mais perto do custo da China, que chega a ser 30% menor que o custo no Brasil”, acrescentou.

Para ser competitiva é necessário ainda melhorar a política de incentivos fiscais do Estado. O diretor preferiu não comentar sobre a renovação do Proadi.

Para adequar as facções, um trabalho de auditoria e gestão foi realizado ao longo do ano para identificar, sobretudo na região do Seridó, as que já estão em conformidade com as  obrigações trabalhista, previdenciária, de segurança e saúde do trabalhador. “Algumas oficinas já estão adaptadas e atendem a Hering e outras e empresas”.

O receio, segundo ele, é dos órgãos reguladores criar barreiras para a instalação e formalização dessas micros e pequenas empresas. “Precisamos de parcerias para desburocratizar, para que possam se adaptar a legislação trabalhista sobreviver. E não uma formalização de fomento a multa  desestímulo ao projeto”, afirma.

O diretor industrial do Grupo Guararapes enfatiza que a definição sobre a geração de empergos e onde serão confeccionadas as peças que deverão atender o mercado interno e abastecer o estoques da Riachuelo virá das ações do poder público. “Quem dirá se serão aqui ou lá fora são as parcerias com o poder público para dar condições de que as micros e pequenas empresas trabalhem de acordo coma legislação”, afirmou.

Terceirização da produção teve início há 10 anos


O processo de terceirização da produção já é realidade há mais de um década no Estado. Pequenas empresas já produzem para a abastecer as fábricas da Hering e a RM Nor, cuja carteira de clientes consta da Zara, C&A, Renner e Calvin Klein e atender o varejo.

O volume produzido nessas unidades saltou de 2 mil por dia, no início, para cerca de 31,5 mil, em 2013. De acordo com  o presidente da Associação Seridoense de Confecções (Asconf), Leonardo Ferreira de Azevedo, além do crescimento outro fator chama atenção. A diversificação de produtos. A demanda que antes se restringia a  calças se estende pela multiplicidade de peças que vão desde a jaquetas a shorts mais simples.

Transferir a produção das grandes para as pequenas empresas é considerado pelo professor doutor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), William Pereira, como ferramenta importante para abater custos e impulsionar a competitividade dessas companhias nos mercados nacional e internacional.

Os efeitos da interiorização da indústria em áreas como emprego, qualificação de mão de obra e crédito são avaliados como positivos para o desenvolvimento do Estado, de acordo com o secretário de desenvolvimento econômico, Rogério Marinho.


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