Um novo estudo britânico conclui que o preço não determina a resistência das t-shirts, enquanto a composição pode ser utilizada como um indicador de durabilidade, já que peças com fibras sintéticas apresentam, em média, um desempenho superior.

[©Unsplash-Greg Rosenke]

Realizada pelo Instituto de Têxteis e Cor da Universidade de Leeds (LITAC na sigla inglesa), em colaboração com The Waste and Resources Action Programme (WRAP), a investigação revela que o preço da maioria das t-shirts vendidas no Reino Unido tem pouca relação com a sua durabilidade e que gastar mais dinheiro não garante que a peça seja mais resistente.

A equipa do LITAC testou a durabilidade de 47 t-shirts, 24 masculinas e 23 femininas, de marcas de vestuário do Reino Unido, incluindo artigos de luxo. As peças foram submetidas a ciclos de lavagem a 30º Celsius, seguidos de secagem, repetida 50 vezes, sempre em máquinas domésticas. A avaliação teve em conta os danos na superfície, desbotamento, alteração da cor, pilling, encolhimento e aspeto geral.

Entre as conclusões, destaca-se a ausência de uma relação direta entre o custo da peça e a sua durabilidade. Das dez t-shirts que obtiveram melhores resultados, seis custavam menos de 15 libras (aproximadamente 17,3 euros), superando muitas das t-shirts mais caras, incluindo a mais cara, de 395 libras.

«Para que a circularidade da moda seja verdadeiramente eficaz, a durabilidade deve estar em primeiro lugar. A durabilidade está na base do mercado da reutilização e da revenda, bem como da manutenção dos nossos objetos preferidos durante mais tempo. Fundamentalmente, estes resultados mostram que a durabilidade não é um luxo reservado a poucos – pode ser alcançada a qualquer preço», sublinha Eleanor Scott, professora de design de moda no LITAC.

Também Mark Sumner, responsável pelo programa têxtil do WRAP, destaca como o preço é um indicador enganador para os consumidores. «A t-shirt mais cara que testámos custou 395 libras e ficou em 28º lugar entre 47, enquanto uma t-shirt de quatro libras ficou em 15º lugar. A t-shirt mais resistente custou 28 libras, mas a segunda pior classificada custou 29 libras. Por isso, se estiver a julgar apenas pelo preço, cuidado», alerta.

Composição influencia mais do que o preço

O estudo detalha que as t-shirts que apresentaram maior resistência tendem a conter fibras sintéticas na sua composição, incluindo poliéster, poliamida e elastano. Por exemplo, 64% das t-shirts com fibras sintéticas estão classificadas entre as 50% melhores e 60% das 10 melhores peças contêm fibras sintéticas. Por outro lado, as peças de algodão tendem a encolher mais do que as sintéticas, especialmente quando submetidas a secagem na máquina. No entanto, a investigação sugere que as t-shirts de 100% algodão, se bem produzidas, podem ser bastante resistentes, com uma boa relação qualidade-preço, tendo quatro delas figurado entre as dez mais bem classificadas.


Kate Baker [©Leeds University]

Kate Baker, aluna de doutoramento do LITAC e uma das autoras do estudo, salienta que «esta investigação é mais um passo em frente no sentido de desenvolver uma forma de medir a durabilidade das roupas que usamos. A melhoria da durabilidade do vestuário é fundamental para o futuro da circularidade e para dar às pessoas a oportunidade de usarem as roupas que gostam durante mais tempo».

Assim, os autores deixam algumas advertências para garantir a maximização da resistência: as t-shirts de algodão mais pesadas tendem a ter um melhor desempenho do que as mais leves; as t-shirts com mistura de algodão e fibras sintéticas têm um bom desempenho; o grau de resistência não depende do preço.

O estudo foi desenvolvido no âmbito do Textiles Pact do Reino Unido, uma iniciativa do WRAP com duração de dez anos, que visa promover a circularidade na indústria do vestuário britânica. Com a metodologia de teste de durabilidade já validada, a organização não governamental pretende alargar a iniciativa a outros mercados, e está a explorar parcerias com marcas da UE e dos EUA para a criação de normas de durabilidade e desempenho adaptadas às necessidades e realidades locais.

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