O preço da fibra de algodão parece estar a estabilizar após a subida vertiginosa durante um ano consecutivo, que fez com que atingisse o recorde máximo em Março. A estabilização surge como um alívio para os retalhistas de vestuário, marcas e produtores, mas o futuro do “ouro branco” é ainda incerto.
Na Istanbul Fashion Apparel Conference, Marsha Powell, consultora do Cotton Council International (CCI) & Cotton Incorporated, disse aos delegados que após ter chegado a um pico de 2,44 dólares (1,73 euros) por libra, o preço do algodão estabilizou agora em cerca de 1,55 dólares por libra.
A quebra é o resultado de um abrandamento na procura e da troca por fibras sintéticas.
Segundo Powell, os preços do algodão têm sido afectados por um conjunto de questões, incluindo uma produção mais baixa na China, inundações no Paquistão, restrições de capacidade nos EUA, a proibição das exportações na Índia e a especulação no mercado.
O aumento de cerca de 150% no preço do algodão dos últimos 12 meses deixou vários retalhistas de moda, incluindo a Next e a Tesco, sem nenhuma alternativa a não ser aumentar os preços.
Dirigindo-se aos delegados turcos, Powell sublinhou que a maioria do consumo de algodão da Turquia se apoia na importação de fibra de algodão, 55% do qual vem dos EUA. A Turquia é o oitavo maior produtor de algodão do mundo, segundo o CCI, mas usa toda a sua colheita para fiações internas. A China é o maior produtor mundial de algodão – seguida da Índia, EUA e Paquistão –, mas ainda importa um terço do seu algodão, a maior parte também dos EUA.
«Se olharmos para o consumo, e de como muito é proveniente das importações, pode ver-se que em países como a China e a Turquia, as importações de fibra de algodão representam uma percentagem significativa do seu uso de algodão nas fiações», explicou Powell.
Segundo o CCI, a Turquia é o quarto maior consumidor mundial de algodão do mundo, atrás da China, Índia e Paquistão – com estes quatro mercados a representar 77% da indústria de fiação do algodão. Powell acrescentou ainda que a Turquia é o segundo maior comprador de algodão americano, adquirindo cerca de 18% dos stocks para as suas fiações. «Devíamos promover a produção de algodão dentro da Turquia. O país é tradicionalmente um produtor de algodão muito forte e tem potencial para produzir mais, claro. A produção turca de algodão desceu nos últimos quatro anos e uma das razões para isso é porque os agricultores são livres de plantar a colheita que querem e, com isso, ganharem mais dinheiro», revelou a consultora do CCI.
Powell disse também que a terra no sudeste da Turquia tem potencial para ser aproveitada e tornar-se mais adequada como área efectiva de produção de algodão. «Há uma grande diferença entre a capacidade de fiação e a capacidade de produção de algodão e a Turquia teria de ter uma enorme expansão da produção de algodão para suprimir totalmente a diferença», acrescentou.
Para além da recente retoma do preço, o preço futuro do algodão deverá beneficiar do aumento em cerca de 20% da plantação de algodão nos EUA nas próximas épocas. Contudo, «a enorme procura de exportação» significa que apenas 3% do algodão americano está por vender, segundo Powell, colocando novamente pressão sobre os preços.
Na resposta à questão do que o que reserva o futuro, Powell foi incapaz de prever sequer se os preços do algodão vão continuar a descer durante o próximo ano – afirmando que muito estava dependente das condições meteorológicas nas áreas de cultivo do algodão. «O preço futuro ninguém sabe», afirmou Powell. «É por isso que continuamos vigilantes», concluiu.
Fonte:|portugaltextil.com|
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