Entre os anos de 1914-1918, o mundo viveu a Primeira Guerra Mundial, uma das mais cruéis guerras da humanidade. Péssimo para todos, mas oportunidade de crescimento para alguns segmentos econômicos, a exemplo da indústria têxtil, a quem a guerra europeia deu um novo e decisivo impulso. A queda das importações durante a Primeira Guerra (assim como na Segunda Guerra), consolidou o setor. A indústria têxtil se adaptou rapidamente às exigências da demanda interna e conquistou de forma duradoura mercados cativos. Para as Indústrias Renaux, resultou em crescimento exponencial.
O Brasil foi o único país da América do Sul a declarar e a participar do conflito contra os Impérios Centrais (Impérios Alemão, Austro-Húngaro, Otomano e Bulgária), aliando-se aos países da Tríplice Entente (Reino Unido, França e Império Russo). O Brasil rompeu a neutralidade no dia 11/04/1917 e, com isso, as relações diplomáticas do Brasil com a Alemanha foram rompidas.
Apesar de já ter abandonado a neutralidade em abril, apenas em 26/10/1917 é que a declaração de guerra foi assinada pelo presidente da República, Venceslau Brás. O governo resistia ao rompimento integral e à entrada do Brasil na guerra por questões econômicas e pelo significativo número de imigrantes alemães nos estados do sul do país, principalmente em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Lauro Müller, de Itajaí, amigo de longa data do Cônsul Carlos Renaux (juntos eles fundaram o Partido Republicano após a Proclamação da República), era descendente direto de alemães. E, desde 1912, Müller exercia o cargo de Ministro das Relações Exteriores, conduzindo a política externa de forma moderada, sem grandes arroubos, tentando equilibrar-se na neutralidade.
De um lado, políticos e intelectuais, como Graça Aranha, Ruy Barbosa, Olavo Bilac e José Veríssimo, etc., defendiam a entrada do Brasil na guerra. Cresciam as pressões de intelectuais que se declaravam preocupados com temas ligados à identidade nacional e ao nacionalismo e buscavam a formação de uma comunidade luso-brasileira literária, artística e social. Ao lado da defesa dos direitos das nações neutras, violados pela política alemã de guerra submarina, a questão da identidade nacional e o fortalecimento da nação brasileira era defendida pelo senador Ruy Barbosa em seus discursos.
De outro lado, as questões econômicas pressionavam o governo e elas pesaram na decisão de romper as relações diplomáticas com a Alemanha. Havia forte presença de capital alemão na economia brasileira, como bancos alemães financiando a primeira intervenção no mercado cafeeiro para a valorização do café, importantes empresas comerciais alemãs mantendo representantes nas principais cidades do país, além de indústrias alemãs que atuavam no mercado brasileiro em segmentos importantes como nas áreas de química, farmacêutica e toalete, dentre outras.
O Cônsul havia fundado a sua primeira empresa em 11/03/1892, a Indústria Têxtil Carlos Renaux. Os negócios iam bem, e, em 1900, Renaux implantou uma fiação anexa à fábrica. Foi a primeira fiação de Santa Catarina, e concedeu à Brusque o título de Berço da Fiação Catarinense. Apesar das dificuldades iniciais, implantar a fiação se mostrou uma decisão acertada, pois ela proporcionou autonomia produtiva à fábrica Renaux durante a Primeira Guerra. Em 1917, os pesados encargos financeiros assumidos em decorrência do empréstimo feito em Hamburgo para a compra da fiação, foram quitados. E os lucros, antes vacilantes, já estavam sólidos e passaram a ser revertidos em benefício da própria empresa. Terminada a guerra, aos poucos as máquinas antigas da Renaux foram sendo substituídas e o parque fabril foi aumentado com máquinas novas. O mercado estava em franco crescimento e a maior evolução industrial da Renaux aconteceu entre 1920 e 1938.