Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Por Adriana Mattos | De São Paulo
Karime Xavier/FolhapressDominguez, da Topshop: "Você está voando e consertando o avião no ar"

Quando a rede inglesa Topshop chegou ao Brasil, há pouco mais de dois anos, abriu a primeira loja no JK Iguatemi, em São Paulo. Como de praxe em inaugurações de grifes de moda estrangeiras, houve fila na porta, com espera de quatro horas, e corredores cheios por dias. Mas o cenário agora não é tão otimista.

Alexandre Dominguez, gerente da marca no país, e Carlos Jereissati Filho, presidente da Iguatemi Empresa de Shopping Centers, posaram para fotos, comemorando a chegada da rede no Brasil. Semanas atrás, surgiram informações, publicadas pelo site R7, sobre atraso em pagamentos de aluguel de três das quatro lojas no país e risco de fechamento de pontos.

Procurado pelo Valor, Dominguez, 40 anos, pela primeira vez no comando de um negócio no varejo, confirmou que a Iguatemi está cobrando os aluguéis em atraso na Justiça e tentou explicar o que levou a empresa a ser processada. Afirmou que a decisão de entrar com a ação, por parte da Iguatemi, "é um procedimento interno", decidido por funcionários de segundo escalão. Ele e a Iguatemi são "parceiros e muito próximos" e se falam frequentemente, disse.

Os shoppings Market Place, JK Iguatemi e Iguatemi Ribeirão Preto processam a empresa de Dominguez, a SAR Comércio de Vestuário e Acessórios, por atraso no pagamento de aluguéis. No JK, há pedido de despejo por falta de pagamento. No Market Place o valor da ação soma R$ 227 mil, no JK, R$ 383,7 mil e no Iguatemi Ribeirão Preto, R$ 269,7 mil. Em 2013, a empresa já havia atrasado pagamento para a Iguatemi por alguns meses, mas houve acordo e a soma de cerca de R$ 500 mil teria sido paga.

"Nós temos negociações com eles [Iguatemi] o tempo todo, falamos sobre o negócio, e enquanto fazemos ajustes na operação, sempre trocamos ideias com eles. E devemos dar baixa nessas ações nos próximos dias, isso já foi tratado e resolvido", diz ele. "A operação vai bem e isso [processos] não reflete o negócio". A marca não planeja fechar lojas no país.

Entre março e agosto, surgiram seis processos envolvendo a franqueada brasileira da Topshop na Justiça de São Paulo, com valor total das ações de R$ 2,2 milhões. A Iguatemi, a Secretaria da Fazenda do Estados de São Paulo e Ibrahim Coitait Filho, executivo da área imobiliária (que alugou um imóvel residencial para Dominguez, e alega atraso no pagamento) processam a SAR, de Dominguez.

Questionado se foram quitados os aluguéis atrasados nos shoppings - não pagos pelo menos há três meses, apurou o Valor - Dominguez repetiu "que a situação foi resolvida". Ele não esclareceu as razões para o atraso nos pagamentos. "Você está voando e consertando o avião no ar, então você tem uma situação em que temos o câmbio mudando e queremos manter preços aqui no mesmo patamar lá fora, então você precisa ir ajustando o negócio num cenário que muda", diz. "Mas a gente faz caixa, temos capital de giro". Ele não revela valores.

Segundo informações que circulam no mercado, a operação no país não gera caixa suficiente para arcar com determinados custos fixos. Dominguez nega problemas e diz que a empresa "gera Ebitda" (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). A Topshop tem quatro lojas no país.

Dominguez conta que depois de estudar administração na Fundação Getúlio Vargas, cursou MBA na universidade americana de Stanford, "com algumas matérias em varejo". "Aí a Iguatemi achou que era uma boa ideia a Topshop vir para cá e eu já estava de volta dos Estados Unidos. Então, eu e a Iguatemi já nos conhecíamos, e nos aproximamos do grupo Arcadia [dona da Topshop] e as conversas começaram", diz. Ele afirma que a Iguatemi não tem participação na SAR. Procurada, a Iguatemi informou que não comenta relações comerciais com lojistas.

A matriz da rede em Londres tem conhecimento das ações judiciais e "entende que não é um problema", diz Dominguez. "Eles acompanham tudo, nada é decidido por nós sem conhecimento deles". Procurada, a matriz não se manifestou.

O processo de maior valor refere-se a cobrança de ICMS pela entrada de produtos de outras regiões no Estado (valor da ação em R$ 1,22 milhão). Segundo Dominguez, a empresa aderiu ao Programa Especial de Parcelamento do ICMS, do governo paulista, e deve renegociar o pagamento. Além da Secretaria da Fazenda, a Serasa se envolveu numa ação em que é ré e a SAR, a autora da ação.

O processo está em segunda instância e, na primeira, a Serasa venceu. A SAR não quer divulgar o quadro acionário da Topshop no país. A Serasa se defende apontando que a informação é pública. Dominguez diz que a Serasa publicou um quadro acionário com erro, e não alterou a informação. Por isso, decidiu processar a empresa.


© 2000 – 2014. Todos os direitos reservados ao Valor Econômico S.A. . Verifique nossos Termos de Uso em http://www.valor.com.br/termos-de-uso. Este material não pode ser publicado, reescrito, redistribuído ou transmitido por broadcast sem autorização do Valor Econômico.

Leia mais em:

http://www.valor.com.br/empresas/3696604/processada-pela-iguatemi-t...

Exibições: 675

Responder esta

Respostas a este tópico

  A matriz da rede em Londres tem conhecimento das ações judiciais e "entende que não é um problema".

Responder à discussão

RSS

© 2024   Criado por Textile Industry.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço