Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

O começo do ano foi marcado por uma inversão de tendência no desempenho de setores industriais de alta e baixa tecnologia. Enquanto os fabricantes de bens de médio-alto conteúdo tecnológico produziram 7,3% menos no primeiro trimestre do que em igual período do ano passado, a indústria de média-baixa tecnologia viu sua produção cair apenas 0,8%. Nas duas extremidades, os segmentos de alta e baixa tecnologia vão na mesma linha. No primeiro, a produção encolheu 3%. No segundo, a queda é mais tímida, de 0,7%.

No geral, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou recuo de 3,1% na produção da indústria de transformação nos primeiros três meses do ano na comparação com o mesmo período de 2011. No ano passado, enquanto a indústria ficou estagnada, com crescimento de apenas 0,3% em relação a 2010, a de alta tecnologia avançou 2,1% e a de baixa, 0,4%.

O enfraquecimento da demanda por bens duráveis e o cenário ruim para o investimento explicam por que os setores mais tecnológicos estão indo pior neste começo de ano, além da persistente concorrência dos importados, avalia Júlio Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) e autor do levantamento. Na outra ponta, o ramo alimentício, impulsionado pelo reajuste de 14% do salário mínimo, amorteceu a queda de outros segmentos tradicionais.

As indústrias de alimentos, bebidas e tabaco - que respondem por quase 36% de todo o grupo de baixa tecnologia - produziram 0,9% a mais no primeiro trimestre do ano frente igual período de 2011. No ano passado, tanto a indústria alimentícia como a de bebidas reduziram sua produção em 0,2%. Para Almeida, o forte aumento do salário mínimo concedido em janeiro aqueceu a demanda por esses produtos no início do ano e, consequentemente, a atividade nas fábricas. Além disso, o desemprego historicamente baixo também mantém as vendas de hiper e supermercados em alta, afirma o economista, que também é professor da Unicamp.

O setor de madeira e seus produtos e papel e celulose é outro que ajudou a evitar um tombo maior nas indústrias de bens com baixo nível tecnológico. A produção desse ramo aumentou 1,6% no primeiro trimestre, variação que, na visão de Almeida, está ligada à exportação e às medidas de desoneração da folha de pagamento do governo, que atenderam a indústria mobiliária.

Já as indústrias têxtil, de couro e calçados continuaram a mostrar comportamento muito ruim. A produção nesses três setores recuou 8,6% entre janeiro e março de 2012 sobre igual período de 2011. Nos 12 meses encerrados em março, a retração chega a 11,6%. Nesse segmento da indústria, o economista do Iedi avalia que o real mais desvalorizado não foi suficiente para conter o avanço dos importados, que seguem suprindo o consumo interno, embora ele esteja menos pujante.

"O importado continua querendo vender no nosso mercado interno, mas ele já não está mais lá essas coisas", diz Almeida. Como exemplo de saturação do consumo, o economista menciona o péssimo resultado do segmento de veículos automotores, reboques e semi-reboques, que faz parte do grupo de média-alta tecnologia e cuja produção diminuiu 20,4% no primeiro trimestre de 2012 em relação ao mesmo período de 2011. Essa é a maior variação negativa entre todos os ramos pesquisados.

Além do mercado de automóveis possuir um ciclo, explica Almeida, a perda de fôlego das concessões de crédito também acabou por afetar a atividade no setor, que acumula estoques em excesso. A entrada em vigor da norma euro 5, que exige motores de caminhões menos poluentes, é outro fator que freou a produção do segmento de veículos, lembra o analista do Iedi. Ele faz questão de sublinhar, no entanto, que o setor de automóveis não está prejudicando sozinho o comportamento da indústria de média-alta tecnologia.

O ambiente externo mais conturbado e o aumento da capacidade ociosa na indústria tornaram ainda mais adverso o cenário para o investimento neste início de ano, segundo Almeida. Corroboram essa avaliação as taxas negativas espalhadas por todas as indústrias de bens de capital, entre máquinas e equipamentos elétricos, mecânicos e para ferrovias e material de transporte.

Segundo a Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), o volume importado desses bens cresceu 4,3% no primeiro trimestre do ano sobre o mesmo período de 2011. No primeiro trimestre do ano passado, contudo, essa variação foi bem mais robusta, de 27%. "O produto importado continua vindo para os mercados mais dinâmicos, que são os de alta e média-alta tecnologia, mas há uma redução de demanda", observa Almeida.

Para ele, o maior volume de produção em segmentos de tecnologia baixa será uma constante em 2012. Com câmbio menos apreciado, Almeida acredita que a concorrência de importados deve incomodar menos nesses setores. O aumento da renda e o mercado de trabalho forte, acrescenta, também devem sustentar o consumo de bens semiduráveis e não duráveis ao longo do ano.

Fonte:|http://www.valor.com.br/brasil/2680378/producao-cai-mais-no-setor-d...

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