Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

        Apesar de relativamente recente, o comércio realizado via internet e/ ou dispositivos móveis já representa uma parcela significativa das vendas totais do varejo em segmentos como livros e músicas, com as projeções indicando a manutenção de uma forte tendência de crescimento em outros setores. O avanço na tecnologia da informação permitiu aos portais de comércio eletrônico abandonar o conceito de um ambiente estático de propaganda para assumir múltiplas funções: exposição de produtos, comunicação, compra, troca de mensagens, entre outras tantas opções. Inserido neste contexto, a proposta de criar ambientes de comércio eletrônico onde os clientes possam configurar seus produtos segundo suas necessidades pessoais se constitui em uma das grandes ferramentas para alavancar a comercialização dos produtos personalizados. Para obter sucesso neste ambiente a empresa deve ser capaz de apoiar os clientes na identificação de suas próprias necessidades e propor soluções, além de minimizar a complexidade e o peso das escolhas. Isto porque estudos demonstraram que, quando um cliente é exposto a muitas opções, o custo cognitivo da avaliação pode facilmente superar o aumento da utilidade em ter um maior número de opções disponíveis. Desta forma, ao se deparar com muitas opções de configuração para o produto, facilmente os clientes podem adiar imediatamente o processo ou suspender sua decisão de compra [4]. Portanto se torna essencial para a organização desenvolver a habilidade de simplificar a navegação para a seleção de seus produtos pelos clientes. Embora as tecnologias para desenvolver um ambiente de comercio eletrônico que facilite a compra de produtos personalizados já estejam disponíveis, a viabilização do sucesso exigirá a combinação destes métodos para criar uma ferramenta integrada e efetiva.

3.4 Padronização dos Tamanhos de Roupa

A padronização nos tamanhos das peças de vestuário tem sido um dos problemas centrais da indústria da moda. Para um mesmo consumidor, a depender da marca e do corte do produto, o tamanho pode variar de forma exagerada, levando a muitas devoluções e troca de artigos. Entre fabricantes, a raiz do problema é associada há existência de um número muito grande de empresas de confecção, cada qual seguindo um sistema de tamanho próprio, tudo isto combinado à utilização de metodologias de medição sem padronização e ao emprego de métodos de análise estatística igualmente não padronizadas. Já sendo hoje sentido no comércio realizado em lojas tradicionais, os efeitos da falta de padronização poderão afetar negativamente o futuro da indústria da personalização em massa. Isto porque este é um modelo de negócio que tende a se basear em um sistema de manufatura precedida pela colocação do pedido pelo cliente, em especial utilizando ferramentas de comércio eletrônico. A dificuldade em saber se o tamanho de roupa ofertado é o mais adequado às suas dimensões corporais é apontado hoje, e em diferentes países, como a principal causa para a aversão à compra de roupas pela internet.

         Em uma análise sistemática do problema relacionado com a falta de padronização na indústria de confecção, um levantamento realizado por pesquisadores do Canadá identificou que as razões para esta situação são muitas, ainda que relativamente simples de serem compreendidas [9]. A primeira razão decorre do fato dos fabricantes não utilizarem normas nacionais de medidas corporais, preferindo utilizar seu próprio sistema de medidas. Este comportamento se justifica na disponibilidade de um grande número de fontes de dados de medidas corporais, que podem estar baseadas em:

          a) Medidas de modelos profissionais;

          b) Estatísticas providas pelos governos nacionais;

          c) Dados compilados por organizações privadas sem fins lucrativos;

          d) Formas padronizadas pela indústria;

          e) Vestuários produzidos pelas empresas concorrentes;

          f) Clientela alvo da empresa;

          g) Banco de dados provenientes de outros segmentos, como a indústria automotiva.

          Além disto, um fabricante pode identificar que os resultados obtidos a partir de algum tipo de pesquisa junto a seus clientes forneçam informações mais precisas. Entretanto, por ser uma solução focada em um segmento pequeno, a percepção pode ser verdadeira para os clientes já existentes, porém pode se tornar distorcida a potenciais clientes ainda não acostumados ao padrão de tamanho específico deste fabricante.

           A segunda razão para a falta de padronização nos tamanhos de roupas esta relacionada ao fato dos fabricantes sempre desenharem seus produtos partindo de um manequim ou tamanho de modelo que pode ser diferente daquele utilizado por outros fabricantes [9]. Neste caso, diferenças na idade, no tipo de ocupação, na origem ou no grupo socioeconômico da população alvo podem provocar variações nas dimensões do manequim ou modelo de referência. Além disto, há um segundo aspecto contribui para o problema da variação dos tamanhos entre fabricantes. Para definir os tamanhos maiores e menores da coleção, os fabricantes executam uma graduação, tomando por base o manequim ou tamanho do modelo referência. Esta graduação, embora teoricamente um processo padronizado, acaba por ser influenciada pela experiência do fabricante com sua clientela e, por isto, não segue preceitos consagrados. Além disto, como forma de reduzir custos de produção e de estoques, tanto para a empresa quanto para seus clientes do varejo, os fabricantes sempre procuram ajustar o maior número de consumidores ao menor número de tamanhos padronizados. Por serem dependentes da experiência de cada fabricante, as decisões sobre os ajustes e os diferentes tamanhos oferecidos acabam sendo específicos de cada empresa.

         Uma terceira razão apontada para a variação no tamanho das peças de roupa entre fabricantes reside no fato das empresas não utilizarem, necessariamente, os mesmos pontos do corpo e/ ou as mesmas metodologias de medição corporal em seus levantamentos [9]. Por falta de uma metodologia padronizada, enquanto alguns podem definir o comprimento do corpo tomando como referência a diferença entre dois pontos intermediários, outros irão se valer de pontos extremos (superior e inferior) para definir a mesma grandeza. Desta forma, partindo de origens distintas, a dedução do comprimento do corpo obtida a partir da extrapolação, por exemplo, das medidas do quadril ao busto e do quadril ao joelho podem ser diferentes daquelas definidas pela soma das distâncias entre quadril/ pescoço e quadril/ calcanhar.

          Apesar da sua importância para a indústria da moda, aparentemente a adoção de um sistema padronizado de tamanho para as peças de vestuário ainda está longe de se concretizar. Mesmo em países como Estados Unidos, Canadá e Comunidade Europeia, sociedades onde é forte a cultura que preconiza a utilização de normas técnicas, o problema da falha na padronização do tamanho das roupas também é uma realidade [9, 10, 11].

          Neste cenário de incertezas, como convencer o consumidor a comprar pela internet um produto sem garantias de que este servirá em seu corpo? Como proceder em caso do consumidor que solicita a troca de um produto personalizado à suas necessidades, alegando que a numeração indicada não corresponde às suas medidas corporais? Em um ambiente onde as confecções desejam manter sua prerrogativa de criar as roupas da forma que lhe seja mais conveniente, e de que a confiança dos clientes se sente abalada pela falta de padronização nos tamanhos, assumem importância tecnologias com potencial para conciliar interesses. Neste cenário se tornam foco das atenções os equipamentos de digitalização e medição corporal automática,os programas de modelagem 3D em ambiente CAD e a tecnologia dos provadores virtuais.

http://www.abit.org.br/conteudo/links/diversos/confeccao_futuro.pdf

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