Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Por Fábio Romito

O empresário de confecção no Brasil se preocupa tanto em encontrar meios de reduzir o custo de elaboração de seus produtos que está acreditando que “existe almoço grátis”. Como dizem nossos amigos norte-americanos, “there’s no freelunch, myfriend”.

Tudo neste mundo tem ação e reação, essa lei é implacável. Não podemos achar que aquilo que uma empresa faz e parece dar certo vai fazer com que a sua empresa também tenha sucesso. Já ouvi de vários empresários do setor coisas como “fulano faz desse jeito e ganha dinheiro”.Primeiramente, quem disse que esse fulano realmente ganha dinheiro? Ele mesmo? Será que, como no dito popular, você não está olhando apenas “as pingas que ele toma, mas não os tombos que ele leva”?

Cada empresa tem um formato distinto e, embora muitas vezes concorrentes, nem sempre o que funciona para uma funciona para a outra.

Muito se fala hoje da produção sendo executada em países estrangeiros, sobretudo os asiáticos.E o empresário se vê, muitas vezes, quase obrigado a tentar tal empreitada. Será que essa realmente é a saída para sua empresa? Será que você não está com uma visão de curto prazo? Será que o sucateamento da indústria nacional não ocorreu pela falta de consciência do empresário no sentido de formar parcerias com seus fornecedores de mão de obra dentro do Brasil?

Existe hoje no mercado uma linha de pensamento que parte do princípio de que a empresa lucrativa deve criar os produtos e vendê-los, fabricando-os pelo custo mais baixo possível, com nível de qualidade pífio, ou seja, deve ficar longe da produção. O que essas empresas não se deram conta ainda é que, quando elas entregam o produto a seus clientes, o nome e a assinatura da peça são dela. Quando alguém criticar o produto, não vai criticar o fabricante desconhecido, vai criticar a marca da peça e, neste momento, pode começar a reputação negativa na imagem de uma marca.

Se a grande maioria das empresas de vestuário que se utilizam de mão de obra de terceiros tivesse investido em parcerias duradouras, hoje teríamos fornecedores eficientes e produtivos atuando com nível de qualidade aceitável e, sobretudo, com um custo interessante – custo este que não impeliria confeccionistas a buscar fornecedores fora do Brasil e se desdobrar para conseguir receber os produtos.

Vale também lembrar os outros problemas associados à utilização de fornecedores estrangeiros, tais como dificuldade de comunicação, desembaraços aduaneiros, dificuldade de controlar a qualidade durante os processos de fabricação, política de defeitos etc.

Lembre-se de que nem sempre correr para o mesmo lado da maioria representará melhora para sua empresa. É importante que os gestores de empresa reflitam sobre as vantagens e desvantagens da terceirização da produção em outros países, considerando todos os aspectos, pois, muitas vezes, ela se mostra desvantajosa a médio ou longo prazo.

Em tempo: eu não sou totalmente contra a importação de produtos, porém sou a favor de alguns aspectos que estão sendo utilizados cada vez mais no restante do mundo e ainda são incipientes aqui no Brasil: a valorização do produtor nacional, sobretudo os mais próximos de você, e a valorização do produto produzido no país (veja artigo “Made in Britain” na Costura Perfeitanº 81, págs. 92-94).

 

Fábio Romito é técnico têxtil, administrador de empresas e mestre em engenharia de produção. Atua no mercado de confecção há mais de 25 anos, sendo quase 20 dedicados a consultoria e treinamento em empresas de vestuário. É professor universitário em cursos de graduação e pós-graduação nas áreas de moda e administração.

romitofabio@gmail.com

 

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